BATOM o emocionante filme do ator, diretor e roteirista Fernando Possani é uma obra linda e sensível, com um jeito lúdico de mostrar o Alzheimer com Walderez de Barros e Maju Lima – @walderezdebarros @majulima08 @fernandopossani_
Perto de fazer 70 anos, me emocionei e me fez refletir sobre o nosso envelhecimento e a importância dos cuidados com a saúde mental. A mente é intrigante, fértil para doenças de difíceis diagnósticos. Todo cuidado é necessário e merece a nossa atenção.
Acredito que a minha geração, que tem mudado muita coisa e aberto novos caminhos para as outras gerações é percurssora nesta questão. Temos hoje a preocupação em planejar “como gostaríamos de envelhecer daqui a 10/15/20 anos”… em muitos casos procurando soluções e escolhendo as melhores formas de “como e onde” queremos estar.
Somos conscientes de que muitos filhos atualmente, com a vida tão frenética, corrida e muitas vezes a distância global, não conseguirão cuidar de nós assim como fizemos com nossos pais e/ ou como gostariam.
Me lembrei do livro “Eu me lembro” de Selton Mello: “A memória é como um filme em que somos tanto os atores quanto os espectadores. Cada cena, cada lembrança, é uma parte de nós que nunca se apaga”.
Gostei muito deste artigo de Júlia Pazzini, leiam:
Maturidade cerebral: nove passos para uma mente lúcida e ativa – Júlia Pazzini
Manter o cérebro ativo e saudável na maturidade é fundamental para preservar a cognição, a memória e a qualidade de vida.
À medida que envelhecemos, é natural que ocorram algumas mudanças no funcionamento cerebral, mas existem estratégias que podem ser adotadas para promover a saúde cerebral e manter a mente ágil e alerta:
1 – Exercícios físicos regulares. 2 – Alimentação saudável. 3 – Estimulação do cérebro com atividades cognitivas diferentes. 4 – Socialização. 5 – Sono de qualidade. 6 – Gerenciamento do estresse. 7 – Check-ups regulares. 8 – Aprendizado de coisas novas e desafiadoras. 9 – Redução de hábitos prejudiciais.
Como você tem cuidado do seu 🧠?
Acha importante cuidar do ser integral: corpo, mente, espírito?
São dicas da professora Dra. Thais Bento Lima da Silva , que aconteceu através do projeto Trabalho 60 + , então achei importante compartilhar esses pontos.
Como a Thais disse: “pequenas mudanças no estilo de vida podem fazer uma grande diferença na saúde cerebral a longo prazo”. Comece o quanto antes.
Então…..conte aqui como você mantém seu cérebro ativo e saudável, divida com a gente suas dicas.
Quero compartilhar com vocês, uma crônica, que gostei muito.
Hoje me senti claramente dividida em duas metades. Metade pelo que já fui e metade pelo que sou agora. Me senti metade filha, metade mãe.
Estranhamente me senti inteira na metade filha. Não sou mais filha de alguém. Sou órfã adulta, metade lembrança, metade saudade. Não tenho um futuro a construir nas relações familiares filiais. Tenho apenas referências, boas ou más, mas a fase filha virou história.
Minha outra metade é mãe. Nesta estou inteira também e espero que meus filhos fiquem órfãos de mim em um tempo muito distante de hoje e, certamente, que eu jamais fique órfã deles.
Me senti metade porque por mais que acreditasse conhecer o passado da minha mãe, suas angústias e alegrias, textos e poesia, entendi que nada sei. Descobri que há muito para descortinar que percebo que não terei o tempo e força necessários para tanto.
Me senti metade cópia, metade original. Uma cópia inteira que o espelho revela todos os dias, quer eu queira quer não, nas feições e no físico. E uma imagem inteira, pois completamente diferente quando analisado em gênio e personalidade.
Me senti metade amiga, metade companhia. Me senti metade filha, metade impostora. A filha muitas vezes amiga, com tantas afinidades e assuntos para conversar; outras tantas apenas companhia como se comigo fosse calmo esperar o dia a passar.
A metade filha foi intensa. Intensa em desfazer a imagem perfeição com que ela me descrevia para os demais. Intensa em tentar ser a perfeição com que ela me descrevia para os demais.
A metade impostora me veio como se, no momento desta descoberta, eu intuísse que não fui digna de uma confiança que sei não nos faltou. Ao contrário, confiança sempre foi um valor ímpar em nossa educação e de um modo inigualável sempre tivemos uns nos outros. E, só de pensar numa situação assim, já seria um ato de extrema traição.
Ela me educou para ser inteira, ainda que aos pedaços. Inteira ainda que as metades se contradigam. Inteira por mais que dividida em vários papéis – mãe, irmã, esposa, divorciada, viúva, profissional ou aposentada, não importa. Ela desejava e exigia de mim que eu fosse independente, incomum e única e que, principalmente, reconhecesse em mim a unidade ser-luz-espírito para um dia, ainda que me sentindo em frangalhos, eu esteja certa que permanecerei sempre inteira.
*Publicado no site osegredo.com.br em 14/05/2017 – Sendo inteira
Não supervalorize o passado, sua “história”, seus traumas, sua dor de cotovelo. Todo mundo tem feridas, todo mundo leva tombos, cada um sabe o que traz na bagagem. Tenha sim coragem de valorizar seus milagres, aquilo que é real e palpável, o terreno onde pisa, as mãos entrelaçadas às suas.
Que nada me tire o olhar que vê miudeza. Repara na folha caindo. Nota desenho de nuvem. Sorri pra céu azulzinho. Flagra borboleta abraçando flor.
Que nada me tire os olhos demorados em olhos amados. Isso que me faz perceber mudança de Lua. Procurar estrelas na noite. Ter vontade de molhar a vida no mar. Sentir prazer com os pés descalços na areia. Experimentar gratidão por tanto. Por tudo.
Que nada me tire a lembrança de que joaninha existe. O ouvido bom pra encontrar passarinho. A mão que sente textura de árvore. A reverência pelo canto do vento. A espera pelo pôr do sol. O cheiro de terra molhada que anuncia chuva.
Que nada me tire a alegria pela canção bonita. O encanto pela delicadeza. A tristeza pelo que machuca. O interesse por gente. O coração tocado pela amizade do animal. Os olhos marejados pela história de amor.
Que nada me tire a sensibilidade. A admiração. A surpresa. A capacidade de sentimento. Os olhos macios. Eu não suportaria esta passagem pelo mundo com apatia.
Um abraço bom muda instantanemente a cara dos cansaços todos que a gente tem. Um sorriso amoroso ilumina quarteirões inteiros do nosso coração. A mão que segura a nossa durante a travessia faz medo ficar miudinho. Palavras de ternura são capazes de fazer sarar machucados. Presença é sempre o melhor presente. Olhares demorados nos curam.
Vim aqui me buscar, com medo e coragem. Com toda a entrega que me era possível. Com a humildade de quem descobre se conhecer menos do que supunha e com o claro propósito de se conhecer mais. Vim aqui me buscar para varrer entulhos. Passar a… limpo alguns rascunhos. Resgatar o viço do olhar. Trocar de bem com a vida. Rir com Deus, outra vez. Vim aqui me buscar para não me contentar com a mesmice. Para dizer minhas flores. Para não me surpreender ao me flagrar feliz. Para ser parecida comigo. Para me sentir em casa, de novo.
Estava precisando fazer uma faxina em mim… Jogar fora alguns pensamentos indesejados, Tirar o pó de uns sonhos, lavar alguns desejos que estavam enferrujando….. Tirei do fundo das gavetas lembranças que não uso e não quero mais. Joguei fora ilusões, papéis de presente que nunca usei, sorrisos que nunca darei… Joguei fora a raiva e o rancor nas flores murchas guardadas num livro que não li. Peguei meus sorrisos futuros e alegrias pretendidas e as coloquei num cantinho, bem arrumadinhas.
Fiquei sem paciência! Tirei tudo de dentro do armário e fui jogando no chão: paixões escondidas, desejos reprimidos, palavras horríveis que nunca queria ter dito, mágoas de um amigo, lembranças de um dia triste… Mas lá havia outras coisas… belas!!! Uma lua cor de prata…o choro de meus filhos ao nascerem, seus primeiros passos, os abraços…. aquela gargalhada no cinema, o primeiro beijo….. o pôr do sol…. uma noite de amor… Encantada e me distraindo, fiquei olhando aquelas lembranças. Sentei no chão. Joguei direto no saco de lixo os restos de um amor que me magoou. Peguei as palavras de raiva e de dor que estavam na prateleira de cima – pois quase não as uso – e também joguei fora! Outras coisas que ainda me magoam, coloquei num canto para depois ver o que fazer, se as esqueço ou se vão pro lixo.
Revirei aquela gaveta onde se guarda tudo de importante: amor, alegria, sorrisos, fé….. Como foi bom!!! Recolhi com carinho o amor encontrado, dobrei direitinho os desejos, perfumei na esperança, passei um paninho nas minhas metas e deixei-as à mostra.
Coloquei nas gavetas de baixo lembranças da infância; em cima, as de minha juventude, e… pendurado bem à minha frente, coloquei a minha capacidade de amar… e de recomeçar… Adoro esta crônica de Martha Medeiros… ela consegue dizer tudo que sinto na alma.
Aqui me vi exatamente como me sinto. Lindo e profundo o texto da minha amiga Irina Marques! Leiam:
Sou do tipo resiliente otimista e mesmo nos momentos mais difíceis que já enfrentei pela vida, que com certeza me abateram… também sempre acreditei que tudo ia passar, eu aprenderia algo novo… e iria sair dali mais forte e melhor. Tudo tem seu tempo. E cada um tem o seu. E assim aconteceu.
Lembranças trazem “mergulhos profundos”, retalhos de nós que se escancaram e trazem a tona algumas cicatrizes.
Com o tempo sei que sempre estive na hora e nos momentos certos da vida. Tudo no seu devido lugar. Gratidão por isto.
Tenho uma tendência para me esquecer facilmente das coisas, outras vezes não, as coisas marcam de forma a criar cicatriz. Quando olhamos, ela está sempre lá, e muitas vezes é costume esquecermos a história que ela tem para contar. A nossa cicatriz, é apenas nossa e só cabe a nós conseguir entender, desvendar e aprofundar as causas e consequências dela.
Muitas vezes, o que acontece, é as pessoas tomarem as nossas dores, seja por simpatia, empatia ou compaixão. Está certo, num mundo perfeito as coisas deveriam ser assim, talvez num mundo mais sentimental e menos competitivo esta, seria uma utopia perfeita. Acordamos para a vida.
Ontem, dei por mim a escrever, a escrever muito, a escrever tanto que a dor começou a tomar lugar. Questionei, encontrei respostas, voltei a questionar, vi outras perspetivas, tentei pôr-me do outro lado, voltei a escrever – criar personagens, sair da zona de conforto e observar outras realidades.
Aprendizagens que temos no decorrer da vida, por vezes esquecemos ou outras vezes abordamos de forma diferente, com tempo, aprendizagens e, o olhar não é o mesmo de hoje, de ontem, dos meses passados, dos anos… O que escrevo hoje daqui a dois anos pensarei de outra forma, é assim que tem ocorrido, tem sido uma constante. São relatos, pedaços de mim, deixados para trás para que eu própria consiga rastear.
E por ter esta tendência para me esquecer, tenho a mesma tendência a relatar, a testemunhar a minha presença e pensamento através de textos, de reflexões até mesmo para recordar. A memória é a coisa mais falível que temos, se nos lembramos de algo, não é exatamente como foi mas preenchemos essas lacunas para que isso mesmo faça sentido – ora para o bem, ora para o mal.
Nos mergulhos profundos foi onde eu encontrei as melhores explicações, o cerne da questão, a raiz. E nesses mergulhos profundos, não entendia a sua própria profundidade, ainda não entendo, continuo a mergulhar enquando as minhas forças me permitem. E quanto mais mergulho, mais são as descobertas que faço, horizontes que se relevam, testemunhos que tenho que relatar mas já não os exponho. Todos os que expus resolvi apagar, conforme referia, as palavras são minhas mas expostas podem não conseguir manifestar o que cá vai dentro.
Através da expressão e relatos guardados, é o que me permite encontrar, montar as peças e dar forma a tudo o que se passou e se encontra a passar. E muitas vezes esqueço, é verdade que esqueço, lições que aprendi e esqueci, nesses mesmos relatos estão essas lições – constantes, que me lembram – este é o caminho a tomar, ali, vais errar. Não são roteiros rígidos, são apenas registos para não me perder, novamente mas saborear a corrente. As constantes, mantêm-se nos relatos e, permitem-me desviar.
Pedaços de vida que não se compõem aqui, mas sim noutro lugar. As artes, são apenas um testemunho, do que no interno se está a passar.