A PAREDE DOS 80 ANOS.

O psicólogo Hideki Wada publicou um livro intitulado “A parede dos 80 anos”. Assim que foi lançado, o livro superou as 500.000 cópias vendidas, tornando-se o livro mais vendido do momento. Se essa tendência continuar, as vendas devem ultrapassar 1 milhão de cópias, tornando-se o livro do ano no Japão.

O Dr. Wada, de 61 anos, é médico especializado em doenças mentais em idosos. Ele condensou os segredos de uma vida “afortunada” para os jovens de 80 anos em 44 frases, listadas abaixo:

  1. Continue caminhando.
  2. Quando estiver com raiva, respire profundamente.
  3. Faça exercícios suficientes para que seu corpo não endureça.
  4. Beba mais água ao usar ar-condicionado no verão.
  5. Fraldas são úteis para aumentar a mobilidade.
  6. Quanto mais você mastiga, mais ativos ficam seu cérebro e seu corpo.
  7. A perda de memória não é por causa da idade, mas da falta de uso do cérebro.
  8. Não há necessidade de tomar remédio demais.
  9. Não é necessário reduzir excessivamente a pressão arterial e o açúcar.
  10. Estar sozinho não é solidão; é passar o tempo em paz.
  11. A preguiça não é motivo de vergonha.
  12. Não é preciso gastar dinheiro com carteira de motorista (há uma campanha no Japão para que idosos devolvam suas habilitações).
  13. Faça o que quiser; não faça o que não gosta.
  14. Os desejos naturais permanecem mesmo na velhice.
  15. Em qualquer caso, não fique sentado em casa o tempo todo.
  16. Coma o que quiser; um pouco de sobrepeso é melhor.
  17. Faça tudo com cuidado.
  18. Não se envolva com pessoas de quem não gosta.
  19. Não assista à televisão o tempo todo.
  20. Em vez de lutar contra a doença, aprenda a conviver com ela.
  21. “Quando o carro chega à montanha, o caminho aparece”: esta é a frase mágica da felicidade para os idosos.
  22. Coma frutas e saladas frescas.
  23. O tempo de banho não deve ultrapassar 10 minutos.
  24. Se não conseguir dormir, não se force.
  25. Atividades que trazem alegria aumentam a atividade cerebral.
  26. Diga o que sente; não pense demais.
  27. Encontre um “médico de família” o quanto antes.
  28. Não seja paciente ou rígido demais; ser um “idoso ousado” também não é ruim.
  29. Às vezes, mudar de opinião está tudo bem.
  30. Na fase final da vida, a demência é um presente de Deus.
  31. Se parar de aprender, você envelhece.
  32. Não deseje fama; o que você tem já é suficiente.
  33. A inocência pertence aos idosos.
  34. Quanto mais difícil algo for, mais interessante se torna.
  35. Tomar sol traz felicidade.
  36. Faça coisas que beneficiem os outros.
  37. Gaste o dia de hoje com tranquilidade.
  38. O desejo é a chave para a longevidade.
  39. Viva com alegria.
  40. Respire com leveza.
  41. Os princípios da vida estão em suas próprias mãos.
  42. Aceite tudo em paz.
  43. Pessoas alegres são amadas por todos.
  44. Um sorriso traz boa sorte.

“Envelhecer não é uma limitação, é um presente.” Com a perspectiva certa e hábitos diários saudáveis, os anos após os 60 podem ser os mais gratificantes da vida. Vamos aceitar o envelhecimento sem medo, mas com graça, gratidão e a sabedoria que o Dr. Wada compartilha com tanta generosidade. Gostei muito destas dicas.

A DELICADA ARTE DE VIVER MUITO.

Gostei muito deste texto… me trouxe algumas reflexões. Leia:

Viver muito sempre foi, por séculos, uma raridade quase mítica. Era coisa de avó centenária que conhecia a cura das doenças no cheiro do mato, ou de personagem de romance russo, desses que morriam em São Petersburgo, sob a neve, citando Aristóteles em voz embargada. Longevidade era exceção. Agora virou estatística.
Vivemos mais. Isso é fato. A medicina avançou, os antibióticos viraram gente da casa, o colesterol passou a ser vigiado como se fosse um criminoso reincidente. A expectativa de vida subiu, e com ela a ideia, quase ingênua, de que bastaria durar para que tudo desse certo. Mas viver muito não é a mesma coisa que viver bem. E é aí que começa a grande arte.
Porque a verdade é que a longevidade chegou antes do manual de instruções. Achávamos que envelhecer seria como alcançar um mirante: olhar para trás com serenidade, cruzar os braços sobre o próprio legado, saborear os frutos de uma vida bem vivida. Mas a velhice, como a infância, exige cuidados diários, e também alguma poesia.
O corpo, esse velho cúmplice, começa a dar sinais de que o tempo passou. As juntas rangem como portas de armário antigo, os reflexos hesitam, os músculos se retraem. Mas não é só o corpo que envelhece: às vezes o mundo ao redor também se torna estranho, distante. Os amigos partem, os filhos se dispersam, as calçadas ganham degraus invisíveis. E de repente, o que mais dói não é o quadril, é o silêncio.

E então vem ela: a queda.
Não só a queda literal, essa que acontece no banheiro, no degrau da padaria, na pressa inocente de atravessar a rua. Mas a queda simbólica: do entusiasmo, da autonomia, da autoconfiança. A queda de uma imagem de si mesmo que antes era firme, decidida, ágil. A queda de um modo de viver que não se encaixa mais no corpo que agora abriga a alma com mais cuidado.
A Organização Mundial da Saúde diz que um terço dos idosos sofre uma queda por ano. E essa queda pode ser o primeiro passo de uma jornada difícil: fraturas, cirurgias, internações, perdas, de mobilidade, de independência, de ânimo. Mas veja bem: não se trata de um alerta sombrio. Trata-se, aqui, de um chamado amoroso à reinvenção.
Porque o envelhecimento também pode ser reinício. E preparar-se para ele é como preparar um jardim: exige tempo, presença, escolhas. É preciso cultivar força, sim, não para carregar sacos de cimento, mas para levantar-se da cadeira com leveza e poder abraçar um neto sem receio de tombar. É preciso elasticidade, não só nos músculos, mas nas ideias. E é preciso algo ainda mais raro: gentileza consigo mesmo.
Não se trata de negar a velhice. Ela chega, queira-se ou não, com suas rugas e suas lentidões, com seus esquecimentos charmosos e suas manias de repetir histórias. Mas há velhices e velhices. E há aquelas que florescem, porque foram cuidadas, porque tiveram sol e sombra, porque foram vividas com afeto, com liberdade, com algum humor.
Sim, o humor. Ele é, talvez, o músculo mais importante a ser mantido. Porque rir de si mesmo, das gafes, das perdas de memória, do tropeço nas palavras, é um jeito de desarmar o tempo. O velho ranzinza é um clichê injusto, há velhos encantadores, que dançam bolero na sala com o ventilador ligado e o cachorro olhando desconfiado. Que tomam vinho com moderação e sorvete sem culpa. Que, aos oitenta, aprendem a usar o celular, e ainda erram, mas riem do erro.
A longevidade, quando bem-vivida, é como uma tarde longa e luminosa. Daquelas em que o sol demora a ir embora e o tempo parece suspenso entre uma lembrança e outra. Não é preciso correr. Nem competir. Basta estar inteiro: corpo e alma em compasso.
É isso que propomos aqui: um olhar amoroso para o futuro que já chegou. A velhice não precisa ser sinônimo de decadência. Pode ser plenitude.
E envelhecer bem não é luxo, nem sorte, é construção diária. Com passos firmes, com gestos suaves, com a força das pernas e o riso no rosto. Com o cuidado do corpo, sim, mas também com a ternura da memória.
Porque o segredo não é apenas viver muito.
É fazer da longevidade uma arte íntima, uma coordenação delicada entre o tempo e o desejo.
E que, ao final, quando chegar a noite, a gente possa dizer, com lucidez e com alegria

— “Foi bom ter vivido tanto. Mas foi melhor ainda ter vivido bem.”🙏♥️☀️🙌🏼

By Mario Donato D’Angelo

EUROSTAR… TREM DE ALTA VELOCIDADE – DE LONDRES PARA PARIS – OU VICE- VERSO.

Eurostar 

A minha forma favorita de ir de Londres 🇬🇧 a Paris 🇫🇷, é o trem de alta velocidade Eurostar, que é também a maneira mais rápida e barata… Atualmente vou da estação 🇬🇧 St. Pancras à estação 🇫🇷 Gare du Nord em 2 horas e 15 minutos, viajando a velocidades de até 300 quilômetros por hora… e/ ou vice-versa.

Quando você considera as viagens de ir para o aeroporto, procedimentos de segurança complexos e tempo de espera até a decolagem, voar entre as estas duas capitais não é necessariamente mais rápido, nem mais barato… muito pelo contrário. 

Já os trens da Eurostar partem e chegam bem no centros das cidades, tornando muito mais fácil deslocar-se e iniciar a nossa aventura urbana!

Dicas:

Como chegar e embarcar de Londres: 

♥ O Eurostar sai da estação Internacional St. Pancras, que fica no centro de Londres, e chega na Gare du Nord, no norte de Paris.

♥ O check-in para o Eurostar é feito com 90 minutos de antecedência e a viagem leva 2 horas e 15 minutos. Você deve chegar com antecedência para fazer os procedimentos da imigração e segurança tranquilamente.

Importante: sobre o controle de passaporte:

🌐 Como o Reino Unido não faz mais parte da Unidão Européia, você terá de fazer os procedimentos de imigração para entrar na França. Mas, ao contrário do que acontece quando a viagem é de avião, a imigração é feita antes do embarque, já na estação St. Pancras. Portanto chegando em Paris 🇫🇷, é só desembarcar e sair da estação, sem burocracias. 

🌐 Da mesma forma, para voltar para Londres é na estação Gare du Nord que é feita a imigração para entrada no Reino Unido. Por isso, tenha em mãos todos aqueles documentos necessários para imigração, mesmo que você tenha ido passar só um dia em Paris e tenha deixado sua bagagem em Londres.

♥ No trem Eurostar, as passagens custam a partir de £52 por trecho para a classe Standard, desde que adquiridas com antecedência. O esquema de preços de passagens é similar ao das empresas aéreas: é alocada uma certa quantidade de passagens mais baratas e à medida que vão sendo vendidas, os preços vão aumentando.

♥ No Eurotrem, cada adulto pode levar – sem pagar nada a mais por isso – 2 volumes com até 85 cm de comprimento e sem limite de peso (desde que você consiga carregar está OK) e ainda 1 bagagem de mão.

♥ As passagens do Eurostar de Londres para Paris são vendidas com até 190 dias de antecedência, então se você se planejar, terá grandes chances de conseguir um bom preço.

O Eurostar oferece três classes de passagem: Standard, Standard Premier e Business Premier. 

Os trens circulam de 5:40 às 20:30, com uma ou duas saídas por hora.

♥ Para o Check- in: O código de barras impresso abrirá a catraca de acesso à sala de embarque, semelhante à do metrô, que é o check-in do Eurostar. É só passar o código de barras na leitora. 

♥ Embarque: Aproximadamente 20 minutos antes da hora da partida, é feito o anúncio do embarque indicando sua plataforma. Como a sala de embarque fica embaixo das plataformas você sobe por meio de esteiras rolantes, diretamente para a plataforma em que o trem está estacionado.

♥ Bagagens: Nas extremidades dos vagões há lugares especiais para malas grandes ou, para quem viaja light, a bagagem pode ser acomodada no guarda-volumes em cima das poltronas, ou próximas a você, se o trem não estiver cheio.

♥ Pra comprar o que comer: Há duas lanchonetes em vagões (8 e 9) do trem. Você pode também levar sua comida ou bebida, não há restrições quanto a isto.

♥ Como é atravessar o Eurotúnel? São em média 35 minutos de travessia dentro do túnel, sendo bem rápido este trecho do túnel 😳. O restante da viagem tera paisagens belíssimas da área rural e um pouco das cidades.
O Channel Tunnel (ou “Chunnel” como é carinhosamente conhecido) é um túnel que liga Folkestone na Inglaterra a Calais, na França. O túnel é o maior túnel submerso do mundo, com 50,45 km de extensão total, dos quais quase 38 km sob a água.
No ponto mais profundo, o eurotúnel está a 75 metros, do fundo do mar.

🌐 Estação St Pancras, em Londres

Inaugurada em 1868, a estação St Pancras em Londres é considerada uma das mais belas estações ferroviárias do mundo. É um exemplar singular da arquitetura Gótica Vitoriana na Inglaterra e foi em parte projetado pelo famoso arquiteto britânico Sir George Gilbert Scott. À maravilha da arquitetura, junta-se a ousadia da engenharia inglesa. A enorme cobertura dos trilhos ferroviários, feita em ferro fundido e vidro, é considerada uma conquista da engenharia da época em que foi construída. 

Atualmente, quatro companhias ferroviárias operam em St Pancras: East Midlands, Southeastern, ThamesLink e o trem super rápido que conecta a Inglaterra a Europa por meio  do Eurotúnel, o Eurostar. Por este motivo, desde 2007, quando o Eurostar começou a operar na estação, ela é chamada de St Pancras International.

A estação tem dois andares e duas plataformas subterrâneas. No andar térreo, se encontram as lojas, restaurantes, guichês de vendas de passagens e outras facilidades

A DELICADA ARTE DE VIVER MUITO!

Adorei este texto de Mário Donato D’Angelo, um olhar sensível e com leveza sobre o envelhecimento.

Viver muito sempre foi, por séculos, uma raridade quase mítica. Era coisa de avó centenária que conhecia a cura das doenças no cheiro do mato, ou de personagem de romance russo, desses que morriam em São Petersburgo, sob a neve, citando Aristóteles em voz embargada. Longevidade era exceção. Agora virou estatística.
Vivemos mais. Isso é fato. A medicina avançou, os antibióticos viraram gente da casa, o colesterol passou a ser vigiado como se fosse um criminoso reincidente. A expectativa de vida subiu, e com ela a ideia, quase ingênua, de que bastaria durar para que tudo desse certo. Mas viver muito não é a mesma coisa que viver bem. E é aí que começa a grande arte.
Porque a verdade é que a longevidade chegou antes do manual de instruções. Achávamos que envelhecer seria como alcançar um mirante: olhar para trás com serenidade, cruzar os braços sobre o próprio legado, saborear os frutos de uma vida bem vivida. Mas a velhice, como a infância, exige cuidados diários, e também alguma poesia.
O corpo, esse velho cúmplice, começa a dar sinais de que o tempo passou. As juntas rangem como portas de armário antigo, os reflexos hesitam, os músculos se retraem. Mas não é só o corpo que envelhece: às vezes o mundo ao redor também se torna estranho, distante. Os amigos partem, os filhos se dispersam, as calçadas ganham degraus invisíveis. E de repente, o que mais dói não é o quadril, é o silêncio.

E então vem ela: a queda.
Não só a queda literal, essa que acontece no banheiro, no degrau da padaria, na pressa inocente de atravessar a rua. Mas a queda simbólica: do entusiasmo, da autonomia, da autoconfiança. A queda de uma imagem de si mesmo que antes era firme, decidida, ágil. A queda de um modo de viver que não se encaixa mais no corpo que agora abriga a alma com mais cuidado.
A Organização Mundial da Saúde diz que um terço dos idosos sofre uma queda por ano. E essa queda pode ser o primeiro passo de uma jornada difícil: fraturas, cirurgias, internações, perdas, de mobilidade, de independência, de ânimo. Mas veja bem: não se trata de um alerta sombrio. Trata-se, aqui, de um chamado amoroso à reinvenção.
Porque o envelhecimento também pode ser reinício. E preparar-se para ele é como preparar um jardim: exige tempo, presença, escolhas. É preciso cultivar força, sim, não para carregar sacos de cimento, mas para levantar-se da cadeira com leveza e poder abraçar um neto sem receio de tombar. É preciso elasticidade, não só nos músculos, mas nas ideias. E é preciso algo ainda mais raro: gentileza consigo mesmo.
Não se trata de negar a velhice. Ela chega, queira-se ou não, com suas rugas e suas lentidões, com seus esquecimentos charmosos e suas manias de repetir histórias. Mas há velhices e velhices. E há aquelas que florescem, porque foram cuidadas, porque tiveram sol e sombra, porque foram vividas com afeto, com liberdade, com algum humor.
Sim, o humor. Ele é, talvez, o músculo mais importante a ser mantido. Porque rir de si mesmo, das gafes, das perdas de memória, do tropeço nas palavras, é um jeito de desarmar o tempo. O velho ranzinza é um clichê injusto, há velhos encantadores, que dançam bolero na sala com o ventilador ligado e o cachorro olhando desconfiado. Que tomam vinho com moderação e sorvete sem culpa. Que, aos oitenta, aprendem a usar o celular, e ainda erram, mas riem do erro.
A longevidade, quando bem-vivida, é como uma tarde longa e luminosa. Daquelas em que o sol demora a ir embora e o tempo parece suspenso entre uma lembrança e outra. Não é preciso correr. Nem competir. Basta estar inteiro: corpo e alma em compasso.
É isso que propomos aqui: um olhar amoroso para o futuro que já chegou. A velhice não precisa ser sinônimo de decadência. Pode ser plenitude.
E envelhecer bem não é luxo, nem sorte, é construção diária. Com passos firmes, com gestos suaves, com a força das pernas e o riso no rosto. Com o cuidado do corpo, sim, mas também com a ternura da memória.
Porque o segredo não é apenas viver muito.
É fazer da longevidade uma arte íntima, uma coordenação delicada entre o tempo e o desejo.
E que, ao final, quando chegar a noite, a gente possa dizer, com lucidez e com alegria — “Foi bom ter vivido tanto. Mas foi melhor ainda ter vivido bem.”

TEMPO ENTRE PAIS E FILHOS

“Um dia a tua mãe não vai mais te ligar.
Um dia você vai desejar que eu tenha vivido mais dias para aproveitar seu tempo com ela.
Um dia ela vai parar de te dizer para parar de brincar.
Um dia ele vai parar de te dar os conselhos que acha que são certos para você.
Um dia você encontrará a casa onde ela sempre estava te esperando com uma xícara de café quente na sua chegada vazia.
Um dia a sua voz não será mais ouvida.
Um dia, só as lembranças ficarão.
O tempo voa e não espera por nada nem ninguém.
E nesse dia, você sentirá um vazio tão grande que nada nem ninguém poderá preencher.” 🕊️🍃
A/D

TEMPO: CHRONOS E KAIROS!

Tempo: Chronos e Kairós

Queria compartilhar com vocês este lindo texto de minha amiga Suely Tonarque,

Eu não tinha este rosto de hoje,

assim calmo, assim triste, assim magro,

nem estes olhos tão vazios,

nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,

tão paradas e frias e mortas;

eu não tinha este coração

que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,

Tão simples, tão certa, tão fácil:

— Em que espelho ficou perdida

a minha face?

Retrato – Cecília Meireles (livro “Viagem”, 1939)

Janeiro 2025: com minha imagem refletida no espelho, me dou conta do meu envelhecimento – caminho de Chronos; não fico assustada e tampouco inconformada – caminho de Kairós. Que bom que ainda estou viva e com muitas histórias para contar, desejos a serem realizados e com dois ouvidos para a escuta de casos, estórias, histórias, apesar de me dar conta de que, aos poucos, inicio o processo de perda da audição física. Isso não me abala: estou presente nos encontros com amigos, grupos de estudo, minha família e cheia de energia para a Vida. Claro, cuidando da saúde física, psíquica e, principalmente, do Tempo Chronos – o senhor do tempo das horas, regido pelo relógio. Tenho 73 anos e 6 meses.

Na mitologia grega, Chronos é o deus do Tempo, o medidor do tempo físico. Por sua vez, Kairós – palavra de origem grega – é o tempo que não pode ser medido, cronometrado, representa acontecimento que não tem hora marcada, surpresas do cotidiano.

Assim, o tempo Kairós nos convida a aproveitar a vida em outro compasso: mais leveza e alegria, apesar da inevitável existência das tristezas.

No belo poema “Retrato”, Cecília Meireles surpreende a si mesma com o “olhar de Chronos” sobre o seu envelhecimento, até então analisado com o olhar de Kairós – seu eu-lírico – o que a faz admitir que houve uma mudança, embora não reconheça o momento do ocorrido.  E eu me identifico com essa representação do envelhecimento: ele vai surgindo e não me deixa rastros de onde exatamente reconheço minha imagem no espelho.

Mas, eu me reconheço, sim, nas minhas histórias e experiências vividas; encontro-me inteira no tempo quando me dou conta dele, mesmo com olhos vazios; estou com luz, mesmo ao perceber, ao sentir e pensar sobre a riqueza da vida, do existir com o outro e o vigor do pulsar das histórias únicas. Viver é só ida, não tem volta para resgatar o tempo não vivido.

Temos 11 meses para viver 2025 e não abrir mão de novos caminhos em busca do tempo que temos, mesmo com o nosso rosto marcado, nosso corpo transformado pelo envelhecimento – sem botox, plásticas, injeções e químicas que nos afastam da nossa identidade, ou melhor, de nós mesmas.

(*) Suely Tonarque  é psicóloga, gerontóloga e especialista em moda no envelhecer

EROTICA É A ALMA.

Adoro compartilhar crônicas que me encantam e me fazem bem. Está da Adélia Prado eu adoro e me representa muito. Leiam:

Todos vamos envelhecer… Querendo ou não, iremos todos envelhecer. As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho irá alterar-se gradualmente e perderemos estatura, lábios e cabelos. A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, a força dos vinte e o erotismo dos trinta anos.

O segredo não é reformar por fora. É, acima de tudo, renovar a mobília interior: tirar o pó, dar brilho, trocar os estofos, abrir as janelas, arejar o ambiente. Porque o tempo, invariavelmente, irá corroer o exterior. E, quando ocorrer, o alicerce precisa estar forte para suportar. Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história.

Que usa a espontaneidade para ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos. Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios. Erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo.

Erótica é an alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores. Lembre-se: nenhum bisturi vai tratar do buraco de uma alma negligenciada anos a fio.

By Adélia Prado, in “Poesia Reunida”.

VIDA…

Que a vida te traga a idade, mas nunca o desencanto. Que os anos passem, mas que nunca te habitues. Sê como o rio, que flui em direção a algo maior. Que o teu coração cresça até ao fim e que nele caiba o que não é possível medir: o amor, o sonho e a poesia. Que o tempo te enrugue a pele, mas nunca a alma. A alma quer-se lisa. Espelho e reflexo de luz. Que te ames no amor que dás e recebes. Que a distância nunca te impeça de estar perto e que as vidas de que esta é chegada sejam a memória do que te ensinaram. Nem tudo está escrito. Há coisas que és tu que tens de escrever.

Gostei deste texto de Elisabete Bárbara, me identifiquei bastante.

MINHA IDADE…

Gostei muito desta crônica

“Na minha idade, não tenho mais tempo, não tenho mais paciência, não tenho mais vontade de entender tudo e todos.
Já não procuro o que diz aos outros, procuro o que me agrada. Já não tenho tempo nem vontade de sorrisos falsos e cortesias ineficazes. Já não tenho vontade de procurar quem não me procura, nem de fazer coisas que não quero.
Na minha idade você tem aquela parte de sabedoria e despreocupação que faz com que em vez de dizer “não se preocupe, não importa” você diga: “Você sabe o que eu digo? Eles que se danem!” E é verdade que é rude, mas você se sente tão bem e tão libertada em dizê-lo, porque na minha idade tenho muitos “danem-se” acumulados e já não tenho paciência.”

  • Lisette Fernández