ORAÇÃO CELTA

Que jamais, em tempo algum,o teu coração acalente ódio.

Que o canto da maturidade jamais asfixie a tua criança interior.

Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.

Que as perdas do teu caminho sejam sempre encaradas como lições de vida.

Que a musica seja tua companheira de momentos secretos contigo mesmo.

Que os teus momentos de amor contenham a magia de tua alma eterna em cada beijo.

Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer.

Que cada dia seja um novo recomeço, onde tua alma dance na luz.

Que em cada passo teu fiquem marcas luminosas de tua passagem em cada coração.

Que em cada amigo o teu coração faça festa, que celebre o canto da amizade profunda que liga as almas afins.

Que em teus momentos de solidão e cansaço, esteja sempre presente em teu coração a lembrança de que tudo passa e se transforma, quando a alma é grande e generosa.

Que o teu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente, para que tu percebas a ternura invisível, tocando o centro do teu ser eterno.

Que um suave acalanto te acompanhe, na terra ou no espaço, e por onde quer que o imanente invisível leve o teu viver. Que o teu coração sinta a presença secreta do inefável!

Que os teus pensamentos e os teus amores, o teu viver e a tua passagem pela vida, sejam sempre abençoados por aquele amor que ama sem nome.

Aquele amor que não se explica, só se sente.

Que esse amor seja o teu acalento secreto, viajando eternamente no centro do teu ser.

Que a estrada se abra à sua frente.

Que o vento sopre levemente às suas costas.

Que o sol brilhe morno e suave em sua face.

Que respondas ao chamado do teu Dom e encontre a coragem para seguir-lhe o caminho.

Que a chama da raiva te liberte da falsidade.

Que o ardor do coração mantenha a tua presença flamejante e que a ansiedade jamais te ronde.

Que a tua dignidade exterior reflita uma dignidade interior da alma.

Que tenhas vagar para celebrar os milagres silenciosos que não buscam atenção.

Que sejas consolado na simetria secreta da tua alma.

Que sintas cada dia como uma dádiva sagrada tecida em torno do cerne do assombro.

Que a chuva caía de mansinho em seus campos…

E, até que nos encontremos de novo…

Que os Deuses lhe guardem na palma de Suas mãos.

Que despertes para o mistério de estar aqui e compreendas a silenciosa imensidão da tua presença.

Que tenhas alegria e paz no templo dos teus sentidos.

Que este amor transforme os teus dramas em luz, a tua tristeza em celebração, e os teus passos cansados em alegres passos de dança renovadora…

Que jamais, em tempo algum, tu esqueças da Presença que está em ti e em todos os seres.

Que o teu viver seja pleno de Paz e Luz!

A DELICADA ARTE DE VIVER MUITO!

Adorei este texto de Mário Donato D’Angelo, um olhar sensível e com leveza sobre o envelhecimento.

Viver muito sempre foi, por séculos, uma raridade quase mítica. Era coisa de avó centenária que conhecia a cura das doenças no cheiro do mato, ou de personagem de romance russo, desses que morriam em São Petersburgo, sob a neve, citando Aristóteles em voz embargada. Longevidade era exceção. Agora virou estatística.
Vivemos mais. Isso é fato. A medicina avançou, os antibióticos viraram gente da casa, o colesterol passou a ser vigiado como se fosse um criminoso reincidente. A expectativa de vida subiu, e com ela a ideia, quase ingênua, de que bastaria durar para que tudo desse certo. Mas viver muito não é a mesma coisa que viver bem. E é aí que começa a grande arte.
Porque a verdade é que a longevidade chegou antes do manual de instruções. Achávamos que envelhecer seria como alcançar um mirante: olhar para trás com serenidade, cruzar os braços sobre o próprio legado, saborear os frutos de uma vida bem vivida. Mas a velhice, como a infância, exige cuidados diários, e também alguma poesia.
O corpo, esse velho cúmplice, começa a dar sinais de que o tempo passou. As juntas rangem como portas de armário antigo, os reflexos hesitam, os músculos se retraem. Mas não é só o corpo que envelhece: às vezes o mundo ao redor também se torna estranho, distante. Os amigos partem, os filhos se dispersam, as calçadas ganham degraus invisíveis. E de repente, o que mais dói não é o quadril, é o silêncio.

E então vem ela: a queda.
Não só a queda literal, essa que acontece no banheiro, no degrau da padaria, na pressa inocente de atravessar a rua. Mas a queda simbólica: do entusiasmo, da autonomia, da autoconfiança. A queda de uma imagem de si mesmo que antes era firme, decidida, ágil. A queda de um modo de viver que não se encaixa mais no corpo que agora abriga a alma com mais cuidado.
A Organização Mundial da Saúde diz que um terço dos idosos sofre uma queda por ano. E essa queda pode ser o primeiro passo de uma jornada difícil: fraturas, cirurgias, internações, perdas, de mobilidade, de independência, de ânimo. Mas veja bem: não se trata de um alerta sombrio. Trata-se, aqui, de um chamado amoroso à reinvenção.
Porque o envelhecimento também pode ser reinício. E preparar-se para ele é como preparar um jardim: exige tempo, presença, escolhas. É preciso cultivar força, sim, não para carregar sacos de cimento, mas para levantar-se da cadeira com leveza e poder abraçar um neto sem receio de tombar. É preciso elasticidade, não só nos músculos, mas nas ideias. E é preciso algo ainda mais raro: gentileza consigo mesmo.
Não se trata de negar a velhice. Ela chega, queira-se ou não, com suas rugas e suas lentidões, com seus esquecimentos charmosos e suas manias de repetir histórias. Mas há velhices e velhices. E há aquelas que florescem, porque foram cuidadas, porque tiveram sol e sombra, porque foram vividas com afeto, com liberdade, com algum humor.
Sim, o humor. Ele é, talvez, o músculo mais importante a ser mantido. Porque rir de si mesmo, das gafes, das perdas de memória, do tropeço nas palavras, é um jeito de desarmar o tempo. O velho ranzinza é um clichê injusto, há velhos encantadores, que dançam bolero na sala com o ventilador ligado e o cachorro olhando desconfiado. Que tomam vinho com moderação e sorvete sem culpa. Que, aos oitenta, aprendem a usar o celular, e ainda erram, mas riem do erro.
A longevidade, quando bem-vivida, é como uma tarde longa e luminosa. Daquelas em que o sol demora a ir embora e o tempo parece suspenso entre uma lembrança e outra. Não é preciso correr. Nem competir. Basta estar inteiro: corpo e alma em compasso.
É isso que propomos aqui: um olhar amoroso para o futuro que já chegou. A velhice não precisa ser sinônimo de decadência. Pode ser plenitude.
E envelhecer bem não é luxo, nem sorte, é construção diária. Com passos firmes, com gestos suaves, com a força das pernas e o riso no rosto. Com o cuidado do corpo, sim, mas também com a ternura da memória.
Porque o segredo não é apenas viver muito.
É fazer da longevidade uma arte íntima, uma coordenação delicada entre o tempo e o desejo.
E que, ao final, quando chegar a noite, a gente possa dizer, com lucidez e com alegria — “Foi bom ter vivido tanto. Mas foi melhor ainda ter vivido bem.”

VAI SER SEMPRE ASSIM!

Vai ser sempre assim: Quando você trabalha pra caramba e declara teus sonhos e desejos ou conta seus objetivos e projetos, surgirão pessoas que nunca fizeram nada na sua vida, torcendo para que você se dê mal. Muito mal, aliás.

É incrível como ainda existem alguns que não se alegram com a possibilidade de felicidade alheia. É inacreditável como tem gente que se puder fazer algo pra atrapalhar, vai fazer mesmo. Vai te empurrar no precipício, vai bater a porta na sua cara, vai trancar a sua janela, vai soltar um tremendo mal-olhado e uma gigante duma inveja.

Quem é pior? O inimigo declarado, que você sabe que é daquele jeito mesmo e já aprendeu a se afastar? Ou quem se diz amigo, mas quer mesmo é que você se lasque? E pior que você se lasca mesmo, porque acaba confiando e dando ousadia. É fácil parecer perfeito se não faz nada. É difícil cair quando nem corre. Errar é pra quem tenta e se desafia.

Muito cuidado ao olhar pro futuro e dizer qual o caminho você vai trilhar. Cuidado ao sonhar teus sonhos perto de gente negativa. Os perfeitinhos que nunca fazem nada vão te julgar pelas suas cicatrizes mal curadas. Vão te julgar pelas marcas que ficaram dos teus tombos e, dificilmente irão te ajudar.

Tem gente que só faz mal mesmo. Julga, coloca para baixo, diminui, desacredita, irrita, machuca. Acaba com tua autoestima. Suga tuas energias. Põe o dedo nas tuas feridas. Gente tóxica. Sempre jogando balde de água fria. Gente que te rouba alegria. Gente estranha que nunca apoia qualquer uma de tuas vitórias, por menores que possam ser. Gente que nunca comemora nadinha que seja de você.

Para cada um destes que acham que estão dentro da redoma da perfeição e que por maldade desejam te ver cair, faça todo o possível para subir sempre mais. Para cada cara feia, pisa em cima, mata a serpente e sobe um degrau.

E quando mais quiserem tua queda festejar, mostre para todos os corações de pedra, que tu és filha de Deus e que tu tens fé o suficiente para o impossível realizar. E quando muitos falarem que você vai cair, você vitoriosa vai é VOAR!

Tá vendo Deus lá em cima?

Ele está com você!

Avante!

By Cleonio Dourado

EROTICA È A ALMA. 

Adélia Prado certa vez escreveu: 

“Erótica é an alma”. Além de poética, a frase é redentora, pois alivia o peso da sensualidade a qualquer custo, a busca desenfreada pela juventude perdida, a corrida pelos últimos lançamentos da indústria cosmética. Gosto deste olhar, me representa muitooooo!!! 

Dá um certo alívio! E nos autoriza a cuidar mais da alma, a viajar pro interior, a descobrir o que nos completa. Pois se os olhos são as janelas da alma, de que adianta levantar pálpebras que se descortinam um olhar de súplica?

“Erótica é a alma” que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história. Que usa a espontaneidade pra ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos.

“Erótica é a alma” que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios; “erótica é a alma” que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo.

“Erótica é a alma” que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores.

Porque não adianta sex shop sem sex appeal; bisturi por fora sem plástica por dentro; lifting, botox, laser e preenchimento facial sem cuidado com aquilo que pensa, processa e fala; retoque de raiz sem reforma de pensamento; striptease sem ousadia ou espontaneidade.

Querendo ou não, iremos todos envelhecer faz parte da vida. Penso que é bem melhor do que a outra opção. As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos. A boa notícia é que an alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos, se você permitir.

O segredo não é reformar por fora. É, acima de tudo, renovar a mobília interior tirar o pó, dar brilho, trocar o estofado, abrir as janelas, arejar o ambiente. Porque o tempo, invariavelmente, irá corroer o exterior. E quando ocorrer, o alicerce precisa estar forte pra suportar.

Não tem problema cuidar do corpo. É primordial ter saúde e faz bem dar um agrado à auto estima. O perigo é ficar refém do espelho, obcecado pelo bisturi, viciado em reduzir, esticar, acrescentar, modelar até plástica íntima andam fazendo!
Aprenda: Bisturi algum vai dar conta do buraco de uma alma negligenciada anos a fio.

Vivemos an era das emergências. De repente tudo tem conserto, tudo se resolve num piscar de olhos, há varinha de condão e tarja preta pra sanar dores do corpo, alma e coração. Como canta Nando Reis, “O mundo está ao contrário e ninguém reparou…”

Desaprendemos a valorizar aquilo que é importante, o que é eterno, o que tem vocação de eternidade.

E de tanto lustrar a carapaça, vivemos a “Síndrome da Maça do Amor”: Brilhantes por fora e podres por dentro.

O tempo tornou-se escasso, acreditamos que “perdemos tempo” quando lemos um livro inteiro, quando passamos horas com nossos filhos, quando oramos ou viajamos com a família. E nos iludimos achando que poderemos “segurar o tempo” cuidando da flacidez, esticando a pele, preenchendo espaços.

Cuide do interior. Erotize a alma. Enriqueça seu tempo com uma nova receita culinária, boas conversas, um curso de canto ou dança. Leia, medite, cultive um jardim. Sinta o sol no rosto e por um instante não se preocupe com o envelhecimento cutâneo. Alongue-se, experimente o prazer que seu corpo ainda pode lhe proporcionar. Não se ressinta das novas dores, da pouca agilidade, dos novos vincos. Descubra enfim que a alegria rejuvenesce mais que o botox.
E não se esqueça: em vez de se concentrar no lustre da maçã, trate de aproveitar o sabor que ela ainda é capaz de proporcionar…

Obs:Este texto tem sido atribuído erroneamente à Adélia Prado. Porém, está registrado na Biblioteca Nacional como obra de Fabíola Simões e é parte integrante do livro “A Soma de todos os Afetos”, de Fabíola Simões

Com vocês:

Todos vamos envelhecer….

Querendo ou não, iremos todos envelhecer.

As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar.

A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos.

A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos.

O segredo não é reformar por fora.

É, acima de tudo, renovar a mobília interior: tirar o pó, dar brilho, trocar o estofado, abrir as janelas, arejar o ambiente. Porque o tempo, invariavelmente, irá corroer o exterior.

E, quando ocorrer, o alicerce precisa estar forte para suportar.

Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história.

Que usa a espontaneidade para ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos.

Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios.

Erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo.

Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores.

Aprenda: bisturi algum vai dar conta do buraco de uma alma negligenciada anos a fio.

Texto retirado do livro: Poesia Reunida, 1991.

TEMPO, ESSE CICATRIZANTE!

O que mais nos dói e atrapalha na morte de quem amamos, de imediato, é o desaparecimento súbito do corpo. Essa repentina falta de assunto para os olhos físicos, bem acostumados que são com o tom da pele, o jeito dos cabelos, os diferentes desenhos de sorriso para cada contexto, a linguagem do olhar, a expressão corporal que cada um tem para falar e silenciar. E também o som da risada, o registro da voz, a textura do abraço, músicas que os sentidos ouvem e correm pra contar para o coração.

Fica, de cara, uma ausência esquisita. Esse estranho fechamento das cortinas quando o show continua a acontecer para nós. Essa inexistência física de um lugar para onde ir que nos permita encontrar o que habitualmente encontrávamos. Até nos darmos conta de que existem outros olhos para ver, a tristeza nos perturba. E dói. Dói muito.

Depois que a minha avó morreu, muitas vezes eu me flagrei tirando o telefone do gancho no ímpeto amoroso de ligar para ela para dividir alguma alegria ou algum desconcerto, como eu sempre fazia. Era um embaraço constatar, segundos depois, ao ouvir o sinal da linha, que, pelos meios materiais, não havia um número para o qual eu poderia discar e ela pudesse atender com a voz que era dela. Aquela pergunta rotineira que somente ela fazia: “tudo azul com bolinhas brancas?”

Somente o tempo me trouxe o conforto de aprender a encontrá-la no meu coração. De ouvir as coisas que ela certamente me diria se pudesse me dizer. De ver e sentir o seu sorriso tão nítido, tão próximo, na minha memória, que faz tudo ficar ensolarado, mesmo quando é cinza o céu do meu momento. Ninguém morre quando continua no outro. Mas só o tempo nos ensina o caminho dessa mágica do amor. Só o tempo, esse cicatrizante.

By Ana Jacómo

VEM FILHA… SENTA AQUI!

Gostei deste texto e quis compartilhar com vcs…

Vem Filha
Senta aqui…
Pare de se doar um pouquinho.
Hoje, você não está pra ninguém…
Hoje, é você quem vai receber!
Vem, filha,
Senta aqui…
Hoje, formamos um círculo ao seu redor…
Hoje, você está sob nossos cuidados, nossos rezos, nossa energia.
Hoje, neste círculo,
Quem recebe a 🙏🏻cura é você!
Vem, filha,
Senta aqui…
Somos suas avós,
Bisavós,
Tataravós…
E as que vieram antes delas… rsrsrs
Somos tantas,
Somos muitas,
Somos o feminino, raízes da árvore.
Que hoje você representa em flor…
E celebramos sua voz, que fala por nós…
Sua atitude, que nos liberta…
Seu sentimento, que é nossa Alma…
Suas palavras, que são nossa Sabedoria…
Sua coragem, que é nossa continuidade…
Hoje, deixe-se abraçar…
Vem, filha,
Senta aqui…
Somos as anciãs.
Feche os olhos…
Receba.

By Nina Zobarzo

CHAPÉU DE FLOR

Só mesmo o talento e a sensibilidade à flor da pele desse escritora Erma Bombeck, para produzir essa “jóia da literatura”. Me representou muito:

Aos 3 anos: Ela olha pra si mesma e vê uma rainha.

Aos 8 anos: Ela olha pra si e vê Cinderela.

Aos 15 anos: Ela olha pra si mesma, vê uma bruxa e diz: ‘Mãe, eu não posso ir pra escola deste jeito!’

Aos 20 anos: Ela olha pra si mesma e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, decide sair, mas vai sofrendo.

Aos 30 anos: Ela olha pra si mesma e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas decide que agora não tem tempo pra consertar; então vai sair assim mesmo.

Aos 40 anos: Ela olha pra si mesma e se vê muito gorda, muito magra, muito alta, muito baixa, muito liso, muito encaracolado, mas diz: pelo menos eu sou uma boa pessoa, e sai mesmo assim.

Aos 50 anos: Ela olha pra si mesma e se vê como é. Sai e vai pra onde ela bem entender.

Aos 60 anos: Ela se olha e lembra de todas as pessoas que não podem mais se olhar no espelho. Sai de casa e conquista o mundo.

Aos 70 anos: Ela olha pra si mesma e vê sabedoria, risos, habilidades. Sai para o mundo e aproveita a vida.

Aos 80 anos: Ela não se incomoda mais em se olhar.

Põe simplesmente um chapéu de flor e vai se divertir com o mundo.

Talvez devêssemos pôr aquele chapéu de flor mais cedo!

Um olhar poético e encantador sobre nós mulheres.

Fonte: De 1965 a 1996, Erma Bombeck escreveu mais de 4 000 colunas de jornal narrando a vida comum de uma dona de casa suburbana do meio-oeste, com ampla e, por vezes, eloquente humor. Na década de 1970, suas colunas foram lidas, duas vezes por semana, por 30 milhões de leitores de 900 jornais dos Estados Unidos e Canadá.

CARTÃO DE NATAL

Pois que reinaugurando essa criança

pensam os homens… reinaugurar a sua vida

e começar novo caderno,

fresco como o pão do dia;

pois que nestes dias a aventura

parece em ponto de vôo, e parece

que vão enfim poder explodir suas sementes:

que desta vez não perca esse caderno

sua atração núbil para o dente;

que o entusiasmo conserve vivas

suas molas,

e possa enfim o ferro comer a ferrugem

o sim comer o não.

Feliz Natal

Texto extraído do livro “João Cabral de Melo Neto – Obra Completa”, Editora Nova Aguilar, 1994.

CANÇÃO DA PLENITUDE.

Não tenho mais os olhos de menina nem corpo adolescente, e a pele translúcida há muito se manchou.

Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura agrandada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins.

(Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.)

O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos.

A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria, busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada.

Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora: esses dourados anos me ensinaram a amar melhor, com mais paciência e não menos ardor, a entender-te se precisas, a aguardar-te quando vais, a dar-te regaço de amante e colo de amiga, e sobretudo força — que vem do aprendizado.

Isso posso te dar: um mar antigo e confiável cujas marés — mesmo se fogem — retornam, cujas correntes ocultas não levam destroços mas o sonho interminável das sereias. busca te agradar quando antigamente quereria

A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria, apenas ser amada.

Do livro “Secreta Mirada”, Editora Mandarim – São Paulo, 1997, pág. 151. Lya Luft