ESTOU ENVELHECENDO, E AGORA?

Texto do meu amigo Mauro Wainstock, leiam:

Ainda bem que estou envelhecendo. Em 2024 fiquei um ano mais velho e isto também aconteceu desde o meu nascimento, meses antes do Homem pisar na lua.

Cresci utilizando o telefone fixo com disco e a máquina de escrever manual. Era uma época analógica e com mapas da vida previamente formatados: educação, emprego, aposentadoria. O tempo para viver muitas vezes ficava para depois…

Agora pertenço ao universo das siglas: GPS, GPT, IA… Uma realidade programável, algoritmizada e, mesmo assim, imprevisível. O tempo para viver é cada vez mais acelerado.

Estou me adaptando.

Ao me abrir para a curiosidade e o desconhecido, interajo em mundos inovadores, de mudanças repentinas, labirintos instigantes e descobertas inimagináveis.

O desafio daqui para frente é: o que farei?

Ao longo do tempo aprendi que a vida é formada por momentos únicos e ao vivo. Ocasiões maravilhosas e outras nem tanto.

Entendi que o significado de viver é justamente a soma destes acontecimentos. E que a felicidade diária é resultado da postura que temos diante destes fatos.

Busco propósitos estimulantes. Não quero apenas fazer; preciso transformar. Não quero apenas participar, preciso impactar. Não quero apenas planejar; preciso que as coisas aconteçam. Não quero apenas produzir, preciso deixar um legado.

Estou envelhecendo.

Quero mais conexões genuínas, reais e agregadoras.

Sinto falta dos amigos da infância, com quem eu me divertia durante as peladas nas ruas esburacadas.

Quero menos avatares, mais espontaneidade e muito mais emoção.

Não vejo graça em competir com games quase reais que vibram artificialmente através de emojis repetitivos.

Preciso de menos fakes e mais verdades.
• De menos teclado e mais conversas inspiradoras.
• De menos abreviações e mais interrogações.

Estou envelhecendo

Tenho mergulhado em autoconhecimento, participado de experiências memoráveis e me aventurado em roteiros improvisados, tentando me desafiar o tempo todo.
• Sou proativo: assumo a responsabilidade pelas minhas ações.
• Sou ambidestro: vivo intensamente o hoje e, ao mesmo tempo, crio meus futuros.
• Sou ambicioso: o meu “eu” de amanhã precisa ser melhor do que o de ontem.
• Sou utópico: almejo a inteligência de uma sociedade mais humanizada e positiva.
• Busco um cotidiano mais gratificante e sustentável.
• Mais inclusivo e menos superficial.
• Menos midiático e mais sincero.

Estou envelhecendo

Ganhei maturidade e experiência, equilíbrio e resiliência.
• Entendi que não tenho o controle de tudo.
• E que não devo julgar e nem comentar sobre os outros.
• Prefiro agir para que meus sonhos sejam concretizados.
• Quero vivenciar e curtir as minhas próprias histórias.

Estou envelhecendo

Aprendi que vivo aprendendo a viver.

E que a minha principal certeza é que quero continuar envelhecendo.

Com tempo, saúde, sorrisos, amizades e sabedoria.

Bora ser feliz em 2025, que será um ano inesquecível.

MORAR EM PORTUGAL APOSENTADO: O GUIA COMPLETO PARA SE PLANEJAR.

Assim como eu, muitos estão pensando em mudar… após aposentar-se. Contando os dias para a aposentadoria ou está em busca de mais qualidade de vida para aproveitar essa fase incrível? 

Morar em Portugal aposentado é um sonho possível e que precisa de planejamento para se tornar real.

Seja para quem já é aposentado ou quem está fazendo planos para o futuro próximo, esse artigo da Eurodicas vai ajudar a entender melhor como se mudar para o país após se aposentar. Vamos lá?

Sou aposentado no Brasil, posso morar em Portugal?

Pode sim.

Se você for aposentado e tiver rendimentos de aposentadoria compatíveis com a renda exigida, você pode morar em Portugal aposentado.

Entre as exigências, é preciso comprovar pelo menos um salário mínimo português (820€ em 2024) por mês, por pessoa. Além disso, é preciso apresentar os documentos que comprovem a aposentadoria para se enquadrar na categoria D7 de visto.

A seguir apresentaremos todos os detalhes para morar em Portugal aposentado, do visto ao custo de vida no país, acompanhe a leitura.

Morar em Portugal aposentado: passo a passo

A aposentadoria já é um momento de grandes mudanças na vida de qualquer pessoa. Aliar essa transição a uma mudança de país é uma mistura de euforia, medo, alegria e ansiedade. Mas estamos aqui pra te ajudar a organizar o passo a passo de forma segura e tranquila, desde a tomada de decisão até sua chegada em Portugal.

1º passo: pesquise antes de decidir

O primeiro passo para morar em Portugal aposentado é pesquisar muito! O ideal é amadurecer a ideia, pesquisar sobre a vida no país e, de preferência, visitar pelo menos uma vez antes de se mudar de mala e tudo. Fazer um bom “planejamento” é necessário.

2º passo: é hora de tirar o visto

O segundo passo para a mudança é solicitar o visto de aposentado, chamado de visto D7. Esse visto é dedicado especialmente para quem vive de aposentadoria ou rendimentos. O principal requisito é comprovar os rendimentos e o valor da pensão recebida para solicitar o visto.

Ou verificar se você pode tem direito a algum tipo cidadania portuguesa. Eu descobri me informando com a Dra Adriana, da “cidadania de Portugal”, num evento de Portugal que aconteceu em São Paulo que me esclareceu que a minha cidadania podia ser obtida através da base x , (mesmo divorciada e o ex marido já falecido) o que eu nunca tinha ouvido falar. Com seu atendimento de muita competência, ético e eficaz, minha cidadania portuguesa saiu em 6 meses.

Você poderá também se informar sobre os diferentes vistos que te possibilitam nesta mudança de país Portugal 🇵🇹.

3º passo: em qual cidade morar?

O terceiro passo é escolher a cidade e planejar a mudança. Com o visto em mãos, você pode embarcar para o país e se ainda não escolheu onde viver, passe uma temporada em diferentes cidades para conhecer melhor.

4º passo: chegou em Portugal, e agora?

Instalado no país, o quarto passo é solicitar a Autorização de Residência. Esse é o documento que permitirá viver regularmente em Portugal. Ele deve ser renovado de acordo com a data de validade e permite viver e trabalhar no país. Muita atenção aos prazos de validade e na hora de fazer seus agendamentos.

Como conseguir visto de aposentado para Portugal?

visto D7 é a melhor alternativa para viver em Portugal depois de se aposentar, para a maioria das pessoas que atendem aos requisitos. Isso porque, essa autorização permite que os aposentados ou titulares de rendimentos morem em terras lusitanas legalmente.

É possível solicitar o visto para aposentados por meio da VFS Global, empresa responsável por encaminhar o pedido do visto. De modo geral, o procedimento inicial é realizado pelo site oficial, nos seguintes passos:

  1. Acesse o site da VFS Global e identifique o tipo de visto indicado para sua situação, no caso de aposentados, a opção é o visto de residência;
  2. Envie os documentos para a Central de Solicitação da VFS;
  3. Acompanhe sua solicitação de visto.

Caso seja aprovado, basta esperar para receber o seu passaporte já com o visto.

Documentos necessários

Os documentos necessários para solicitar o visto para aposentados em Portugal são:

  • Formulário de solicitação de visto preenchido e assinado;
  • 2 fotos 3×4 coloridas;
  • Original e xerox do passaporte com validade de três meses após a data de regresso;
  • Seguro de viagem válido por um ano ou PB4. Atualmente tem outro nome e pode ser solicitado através do app gov.com
  • Comprovante de alojamento em Portugal. Se ainda não tiver casa alugada ou comprada, poderá ser reserva de hotel ou carta convite de pessoa conhecida, legalmente residente em Portugal, que garanta o seu alojamento.
  • Certificado de antecedentes criminais com Apostila de Haia;
  • Requerimento para consulta do registo criminal português pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, apenas para maiores de 16 anos;
  • Comprovante de rendimentos que possibilitem a residência em Portugal. No caso de aposentados, é preciso apresentar documento comprovando o recebimento de aposentadoria e a declaração de Imposto de Renda.

É possível consultar a lista de documentos no site da VFS Global e fazer seu checklist para solicitar o visto.

Quanto tempo demora para sair o visto D7?

O visto para aposentados costuma ser autorizado em 60 dias úteis. Mas esse prazo varia de acordo com os documentos apresentados e o local onde ele foi solicitado.

O prazo é contado a partir do momento que a documentação é verificada. Se estiver tudo correto, os documentos são inseridos no sistema de processamento de vistos do governo português. Tem que ser acompanhado constantemente para verificar se tem que acrescentar algum outro documento comprobatório, quando for solicitado. Após a inserção dos documentos, será contado o prazo de 60 dias. O ideal é programar o pedido de visto para, pelo menos, 90 dias antes da data pretendida para mudança.

Chegando em Portugal, deverá pedir a Autorização de Residência junto à AIMA. Após apresentação de documentos e justificativas, é bem provável que seu pedido seja aceito.

Dúvidas: Vou com meu companheiro/ marido, os dois precisam solicitar o visto?

Não necessariamente. Nesses casos, é possível solicitar o reagrupamento familiar. O processo pode ser realizado tanto no consulado brasileiro na região em que você mora, quanto em Portugal.

É preciso, porém, conseguir notificar a AIMA e apresentar o deferimento do pedido de “reagrupamento familiar”. Dessa forma, a solicitação depende da conclusão do pedido do titular do visto, o que pode acabar atrasando a mudança se o pedido for realizado no Brasil.

Existe, ainda, a possibilidade de solicitar o reagrupamento familiar já estando em Portugal. Nesse caso, o processo é realizado após a entrada no país, mas o familiar deve entrar como turista, devendo cumprir todas as exigências para entrada no país. O prazo para apresentação à AIMA e início do processo é de 3 dias após a entrada no país. Eu prefiro fazer isto em Portugal.

Consegui o visto, posso trazer minha família comigo?

Sim. A partir do mesmo princípio de levar o companheiro: o “reagrupamento familiar”.

Esse processo é válido tanto para pessoas casadas quanto em união estável. Mas também se estende para outros membros da família, como “filhos menores de idade” ou “maiores que sejam solteiros e estejam estudando em Portugal”, além de “filhos maiores incapazes e ascendentes (pais)” de um dos membros do casal.

História da vida real: de um brasileiro em Portugal

Marcelo Ferreira, que se aposentou no Brasil em fevereiro de 2017 e mudou com sua esposa e filho para Portugal em 2018, escolheu a cidade de Coimbra para viverem inicialmente. Ele deu entrada na solicitação do visto D7 em abril de 2018 e, em agosto do mesmo ano, seu visto estava em seu passaporte.

Após chegar em Portugal, Marcelo fez o seu “título de residência” e também o “reagrupamento familiar” do seu filho Guilherme. A sua esposa Shirlei não precisou ser reagrupada porque veio com um visto diferente, o D4 para estudantes, pois ela já estava matriculada desde o Brasil para cursar o seu mestrado.

Depois de um tempo no país, Marcelo resolveu voltar a trabalhar.

Sou condutor de pesados e mercadorias internacionais. Mas antes, trabalhei como Uber e condutor de autocarros. A opção do trabalho foi um misto de não ficar na ociosidade, pois ainda estou na faixa abaixo dos 60 anos, mas também ter um histórico financeiro em Portugal que não fosse somente os recursos da aposentadoria do Brasil.

Quanto à forma de trazer o valor da aposentadoria a Portugal, para ele a opção mais interessante foi receber o valor no Brasil e transferi-lo por meio das plataformas digitais, como Wise e Remessa Online. Hoje, ele e sua família vivem em Braga por conta do seu trabalho, e estão bastante satisfeitos tanto com a cidade quanto com o país.

Advogado para conseguir visto D7

O processo de solicitação do visto D7 pode ser um pouco burocrático para quem dá entrada no pedido e não está familiarizado com a documentação. Pode fazer sozinho ou buscar o auxílio de um advogado especializado, que pode ser a forma mais eficiente de evitar que o processo seja demorado.

O advogado auxilia com a documentação, o preenchimento de formulário, assim como a orientação sobre o melhor tipo de visto. Marcelo indica que entre em contato com a Assessoria da Madeira da Costa, é da sua confiança.

Eu fiz todo o meu processo de “cidadania portuguesa” com a minha advogada, Dra Adriana que eu super indico da “cidadania de Portugal”https://www.cidadaniadeportugal.com.br/ onde estou vindo pela cidadania portuguesa – base x, um tipo de cidadania para quem foi casada com português antes de outubro de 1981. Foi um atendimento personalizado, ágil e muito eficiente. Recebo sempre que preciso muitas orientações, em tudo que eu preciso neste me processo de mudança de País.

Quanto preciso ter de renda para viver aposentado em Portugal?

Para que o visto de residência como aposentado em Portugal seja aprovado, é preciso satisfazer alguns requisitos mínimos, e um deles é o valor da aposentadoria por mês.

O valor mínimo varia de acordo com a quantidade de pessoas no agregado familiarque vai se candidatar para morar em Portugal. Mas, no geral, é preciso:

Por exemplo, um casal aposentado precisaria ter um rendimento mínimo de 1.230€ (150% do salário mínimo vigente) para aplicar o agregado familiar para o visto de residência, considerando o salário mínimo de 820€ em 2024.

Em abril de 2024, com a cotação do euro a R$ 5.47, o valor de 1.230€ corresponde a R$ 6.892.20. Tem subido dia a dia, atualmente se encontra no patamar mais alto R$ 5.81 (R$ 7.149,09) . Para fazer a conversão em tempo real, verifique a cotação do euro no nosso artigo e multiplique pelos valores de aposentadoria dispostos acima.  A obtenção do visto não é automática, e quanto mais recursos financeiros você tiver, maior a probabilidade de sucesso.

Como comprovar renda para morar em Portugal aposentado?

Para comprovar renda para morar em Portugal, o aposentado precisa apresentar dois documentos. O primeiro deles é o comprovante de aposentadoria e/ou de recebimentos de outros rendimentos em Portugal.

O segundo é a declaração do Imposto de Renda, comprovando os bens móveis ou imóveis que possui. Ambos os documentos precisam ter um período maior que 12 meses e devem ser enviados na solicitação do visto.

Como receber aposentadoria do Brasil em Portugal

Para receber a aposentadoria em Portugal, é preciso pesquisar muito para encontrar o melhor custo-benefício na transferência. Isso porque, com o Euro acima de R$ 5,00 (quase nos R$ 5,90) e os impostos que ainda podem incidir sobre o valor, qualquer perda no processo de transação pode impactar muito os rendimentos em Portugal.

Existem várias maneiras de enviar dinheiro do Brasil para Portugal, desde os bancos até as casas de câmbio. Mas são as plataformas online que oferecem as melhores condições, com taxas mais baixas e o câmbio comercial, ou seja, aquele mesmo valor que você encontra na cotação.

Entre as plataformas para receber a aposentadoria em Portugal, as duas que mais recomendamos e que apresentam os melhores custos são a Wise e a Remessa Online.

Receber pela Wise

Wise é uma plataforma de envio de dinheiro segura que funciona totalmente online, pela plataforma é possível transferir dinheiro da conta no Brasil direto para a conta em banco português ou para a conta da própria operadora.

O limite mensal de envio pela Wise com cadastro simples é de R$9 mil para pagamento com boleto e R$30 mil para transferência bancária, por CPF. Porém, com a comprovação de rendimentos é possível ampliar o limite de envio.

O processo de envio de dinheiro pela Wise é bem simples e intuitivo, com todas as etapas realizadas online, do cadastro ao envio do dinheiro. E, se quiser aprofundar a leitura, você pode conferir tudo sobre como funciona a Wise aqui no Euro Dicas.

Receber a aposentadoria pela Remessa Online

Remessa Online é uma das principais plataformas de envio de dinheiro brasileiras. Por meio dela, é possível enviar até R$ 50 mil por dia, com limite de R$ 100 mil por ano, mas para os usuários que realizam o cadastro completo, com o comprovativo de rendimentos, caso dos aposentados, o valor é ajustado conforme o comprovado pelo usuário.

A transferência pelo site é simples e rápida. O primeiro passo é realizar o cadastro na plataforma e, para isso, basta indicar o nome completo, o CPF e o e-mail. A seguir é preciso indicar os dados pessoais como o telefone e endereço, assim como a data de nascimento e nome dos pais.

Por fim, indique a finalidade da transferência, assim como os dados de quem irá receber o dinheiro. O receptor pode ser o próprio usuário ou outra pessoa, mas no caso dos aposentados, deve ser você mesmo.

No comparador de envio de dinheiro do Euro Dicas é possível consultar os valores das principais operadoras e avaliar qual delas melhor atende suas necessidades e oferece as melhores taxas.

Vai ter desconto de 25% sobre a minha aposentadoria (INSS)?

Sim.

Até 2013, os aposentados brasileiros no exterior eram tributados de acordo com a tabela progressiva do Imposto de Renda. No entanto, após uma mudança na interpretação da Lei nº 9.779/99, a Receita Federal começou a descontar 25% sobre o valor dos rendimentos das aposentadorias. Uma injustiça ao meu ver.

O aumento da tributação tem gerado diversas ações judiciais com o objetivo de impedir essa cobrança e retornar a faixa progressiva do IR. Especialistas acreditam que o desconto do Imposto de Renda de quem mora no exterior de 25% é inconstitucional, pois fere o princípio da isonomia dos contribuintes. Mas muitos aposentados que vivem no exterior têm sofrido a cobrança. Eu transfiro via wise diretamente, não tenho esse desconto pois não sou INSS, assim como Marcelo.

Precisa fazer a saída definitiva do país?

É obrigatório por lei.

Uma vez tomada a decisão de viver em Portugal depois de se aposentar, a Receita Federal exige a comunicação da saída definitiva do país. Isso porque essa medida impactará suas operações financeiras e evitar o pagamento de impostos no país. Ou seja, você não paga imposto no Brasil e contribui em Portugal. A comunicação da saída definitiva deve ser realizada entre a data efetiva da saída e o último dia útil de fevereiro do ano seguinte.

Contar com a ajuda de uma assessoria para esse procedimento é o mais recomendado, assim todas as particularidades de cada situação são analisadas e você evita problemas futuros com a Receita Federal.

Para esclarecer dúvidas sobre tributação e impostos relacionados à imigração, nós recomendamos a Personal Tax, empresa especializada em assessoria de contabilidade e planejamento tributário para expatriados, com foco especial em brasileiros que se mudam para o exterior. Ou com seu advogado ou contador de confiança.

Ainda existe a isenção de imposto na aposentadoria de estrangeiros?

Não, esse benefício do estatuto de residente não habitual foi extinto. A decisão foi tomada durante a aprovação do Orçamento do Estado de 2020, assim a isenção de impostos para estrangeiros aposentados chegou ao fim.

Agora, quem solicitar o regime fiscal do Residente Não Habitual no país será tributado à taxa de 10% do rendimento líquido da aposentadoria.  Criado em 2013, o estatuto de “Residente Não Habitual” permitia aos aposentados estrangeiros obter a isenção de Imposto de Renda (IRS) durante dez anos.

Mas atenção, quem já possui a isenção não será afetado, a mudança só atinge quem fizer novos pedidos de residência para viver no país como aposentado.

Qual a melhor cidade para aposentado morar em Portugal?

Escolher a cidade ideal para viver aposentado em Portugal é essencial para o sucesso da experiência.

Conheço aposentados que voltaram para o Brasil por não se adaptarem ao clima do Porto, por exemplo. Por isso, é preciso pesquisar muito e avaliar se aquela é mesmo a melhor cidade para aposentado em Portugal.

Morar no Porto ou em morar em Lisboa pode ser uma experiência única, ambas são grandes cidades que atraem muitos estrangeiros e têm ótimas opções de lazer. Porém, elas também são caras e podem reduzir o poder de compra de aposentados que vêm do Brasil ganhando em real.

Para ajudar você a escolher a cidade ideal, selecionamos outros três locais que podem ser ótimos destinos para viver aposentado no país, confira:

Braga

Localizada no norte de Portugal, Braga tem se tornado um dos principais destinos de brasileiros no país. O baixo custo de vida é um dos principais atrativos da cidade, além disso, a proximidade com o Porto também facilita a vida na região.

Mas antes de decidir é bom ter em consideração que a cidade é mais fria e chove muito, uma vez que está localizada mais a norte. Além disso, está distante do litoral – pelo menos uma hora de trem.

Mas a qualidade de vida é um fator para que Braga seja a escolhida por muitos aposentados. Apesar de ser uma cidade pequena para os padrões brasileiros (é a sétima maior de Portugal), tem todas as facilidades que uma cidade média oferece no Brasil.

Faro

A capital do Algarve é outro destino bastante interessante para quem pretende se aposentar em Portugal. Isso porque a cidade, assim como a região, atrai muitos aposentados do mundo todo, se tornando assim um ambiente multicultural.

Outro ponto positivo de Faro é o clima, muito parecido com algumas regiões do Brasil, com verões mais quentes, pouca chuva e sol quase o ano todo. A cidade é relativamente pequena, são cerca de 67 mil habitantes, o que favorece a tranquilidade e qualidade de vida.

aspecto negativo de Faro é o custo de vida. Por ser uma região muito turística, especialmente no verão, os preços de aluguel e lazer podem ser mais elevados. Mas ainda assim é um destino a ser considerado e muitos motivos para se aposentar no Algarve.

Eu escolhi morar nesta cidade, e estou amando.

Cascais

Se o objetivo é viver próximo a Lisboa, mas com muita qualidade de vida e um padrão mais elevado, então morar em Cascais pode ser a melhor escolha. Com uma localização privilegiada a poucos minutos da capital, a cidade tem ótimos restaurantes e casas de luxo.

Ideal para quem quer e pode manter um alto padrão, morar perto da praia, com ótimas opções de lazer e temperaturas amenas o ano todo.

Mas atenção, a cidade tem um custo de vida mais elevado, por isso, é preciso avaliar os seus rendimentos e se certificar de que é possível manter um bom padrão de vida na cidade.

Quanto custa morar em Portugal como aposentado?

custo de vida em Portugal varia de acordo com alguns fatores, desde o padrão de vida estabelecido pela família até a cidade escolhida para viver. Para ilustrar melhor os valores, consultamos o Numbeo em abril de 2024 e apresentamos o custo médio de alguns dos principais destinos para aposentados em Portugal.

Todos os valores consideram os custos para aposentados com os devidos descontos aplicáveis. Além disso, os valores foram calculados pensando em um casal de aposentados.

Como é possível observar, o custo de vida realmente varia muito de uma cidade para outra, sendo Braga o destino mais barato entre as opções apresentadas. Faro, no Algarve, que é um destino muito buscado, não tem valores tão atrativos quanto a cidade no norte.

*Em 2022, foi permitida em Lisboa a gratuidade nos transportes públicos para pessoas com 65 ou mais, que tenham residência fiscal na cidade. 

Vantagens de morar em Portugal aposentado

qualidade de vida em Portugal é um fato inegável. O país se destaca pelos excelentes índices de educação, serviços de saúde pública de qualidade e a expectativa de vida que tem subido consideravelmente na última década.

A Nilda Lourenço está em Portugal desde 2019 e tem um canal onde conta sua experiência de imigrar através do visto D7. No vídeo, ela também dá dicas para aposentados brasileiros que sonham imigrar para Portugal.

São muitos os fatores que contribuem para que o país seja referência e se torne o local de desejo de tantos aposentados. Listamos algumas das vantagens de morar em Portugal – especialmente na melhor idade. Eu vou contando um pouco aqui no blog, como está sendo a minha experiência desta mudança (depois dos 65 anos)… e das descobertas que estou fazendo aqui na região.

Saúde

A saúde certamente merece destaque, afinal, Portugal tem um sistema público de saúde (o SNS) de excelência, que tem como base atenção e cuidados básicos com o médico de família. A atenção à saúde em todas as etapas da vida é um aspecto muito importante no país.

Apesar do sistema ser público, em Portugal o atendimento médico pode ter cobranças associadas, mas os valores são bem baixos, custando cerca de 18€ nos atendimentos de urgência.

É importante lembrar que, em maio de 2022, o Conselho de Ministros do país aprovou um Decreto-Lei que elimina todas as taxas moderadores do serviço de saúde pública, exceto em situações de urgência.

Esse é um dos fatores que mais atrai brasileiros, especialmente aqueles que estão acostumados a pagar uma grande quantia mensal para os planos de saúde. Em Portugal também existe saúde privada, mas os valores também são mais baixos se comparados aos praticados no Brasil. A partir de 30€ mensais é possível ter um plano básico. A idade máxima nestes planos são de 69 anos. Preciso ter atenção.

Segurança

Outro aspecto essencial em quem busca Portugal como destino para viver é definitivamente a sensação de segurança que é possível experimentar vivendo no país.

Há alguns anos Portugal ocupa as primeiras posições no Índice Global da Paz (Global Peace Index), e ficou em 7º lugar no ranking de 2023 (mais recente), sendo considerado um dos países mais pacíficos do mundo. E essa característica é sentida nas ruas das pequenas às grandes cidades.

Os índices de criminalidade são baixos mesmo considerando as maiores cidades. Se comparado ao Brasil, são índices pouco vistos mesmo nas cidades pequenas. Vale destacar que a segurança em Portugal é fruto de políticas públicas bem estruturadas que fornecem moradia a baixo custo, assim como outros subsídios.

Lazer

A vida cultural em Portugal pode ser bem intensa, seja nas pequenas ou nas grandes cidades. O país tem muitas opções de lazer e, mesmo para quem vive no interior, é possível ter acesso fácil às cidades maiores para ir em espetáculos de teatro, dança, museus, entre tantas outras opções culturais.

Também não faltam parques e áreas verdes que proporcionam lazer para toda a família em Portugal. E não é preciso gastar muito para ter acesso básico a várias atrações.

Para quem ama a gastronomia portuguesa, as opções de lazer são infindáveis. Em qualquer destino, seja nas zonas mais residenciais ou no interior do país, existem bons restaurantes com a típica culinária local. Além, é claro, das vinícolas espalhadas pelo país e, para os apaixonados por vinho, existem várias regiões demarcadas com passeios incríveis.

Políticas para os idosos

Quando falamos da expectativa de vida em Portugal, citamos as políticas governamentais para os idosos. São muitas e em estruturas que apoiam a população mais longeva. Até mesmo porque, mais de 23,7% da população portuguesa tem mais de 60 anos (dados divulgados no Censo de 2022 pelo PORDATA), o que representa uma taxa elevada.

As políticas públicas voltadas para os idosos começaram em 2006, quando foi lançado o Programa Nacional para a Saúde das Pessoas Idosas. O plano previa ações em várias áreas, desde a promoção de prática de atividade física até a criação de um ambiente com melhor acessibilidade para idosos.

No site oficial do Governo de Portugal é possível ver outros tipos de programas para idosos, realizados pela administração pública do país.

Live Aposentadoria em Portugal: Perguntas e Respostas

O Euro Dicas realizou uma Live com a presença da advogada Roberta Fraser, especializada em processos de residência e cidadania em Portugal, para tirar dúvidas da nossa comunidade a respeito de como morar em Portugal aposentado. Confira e saiba tudo!

Portanto, vale a pena entrar em contato com uma empresa especializada para garantir que seu processo seja feito de forma correta e tranquila!

Quero morar em Portugal aposentado!

Assim como você, são muitos os brasileiros aposentados que escolhem Portugal como destino para viver. Como falamos, o país tem ótimas políticas para idosos, além de facilitar a imigração com vistos próprios para aposentados.

próximo passo é planejar, esse é um dos aspectos mais importantes para quem deseja se mudar. Pesquisar muito e ter um bom planejamento pode tornar o processo bem mais simples. Para ajudar você nessa empreitada, preparamos o ebook Morar em Portugal Aposentado.

O ebook é um guia completo com todas as informações necessárias para planejar a mudança para o país, além disso, é totalmente dedicado aos idosos, com informações bem direcionadas para o processo.

Além de Portugal, quais países aceitam aposentados brasileiros?

Portugal foi eleito um dos melhores países para aposentados pós-pandemia, mas existem outros países que oferecem facilidades para quem deseja viver dos rendimentos após trabalhar a vida toda.

A lista de países que incentivam a ida de aposentados estrangeiros para morar é extensa, só na Europa são pelo menos 10 além de Portugal:

  • Espanha;
  • Itália;
  • Reino Unido;
  • Malta;
  • Bulgária;
  • Áustria;
  • Chipre;
  • Jersey;
  • Grécia;
  • Letônia.

Perguntas frequentes sobre como morar em Portugal aposentado

E se você ainda tem algumas dúvidas sobre morar em Portugal aposentado, veja abaixo as perguntas frequentes que respondemos para te ajudar:

Com transferir o INSS do Brasil para Portugal?

Se você tem contribuição no INSS do Brasil, pode transferir para a Segurança Social de Portugal através do formulário PB4. Após preencher, é necessário entregá-lo diretamente num balcão da Segurança Social em Portugal.

Lembrando que também deve ser comprovado o tempo de contribuição para o INSS. O CNIS, Cadastro Nacional das Informações Sociais, é o extrato previdenciário que comprova o tempo da sua contribuição para o órgão brasileiro e deve ser apresentado na Segurança Social.

Além do formulário e do CNIS, podem ser solicitados outros documentos, com a Carteira de Trabalho brasileira e o PIS. Após entregar os documentos exigidos, deve aguardar a análise do pedido e, se for aprovado, o seu tempo de contribuição no Brasil passa a valer em Portugal.

Aposentado brasileiro pode trabalhar em Portugal?

Sim, pode.

É possível um aposentado brasileiro trabalhar em Portugal se solicitar um visto que permita um trabalho remunerado, como o visto D7, além de obter a Autorização de Residência.

Como explicamos anteriormente, o visto D7 é a melhor opção para aposentados que querem morar Portugal, pois permite que você tenha rendimentos no Brasil e não impede que trabalhe ao chegar no país.

Existe incentivo para brasileiros aposentados morarem em Portugal?

Não existe necessariamente um incentivo exclusivo para brasileiros aposentados morarem em Portugal, mas o governo português tem aberto cada vez mais as portas para imigrantes brasileiros.

visto D7 é um dos maiores exemplos, já que é voltado também para o público aposentado que quer viver no país. Além disso, o governo tem muitos programas para pessoas com mais de 55 ou 60 anos, seja com auxílio social ou para inserção no mercado de trabalho. O programa 55+ é um exemplo disso.

Aposentado brasileiro paga imposto em Portugal?

Sim, paga.

Basicamente, o aposentado brasileiro precisa pagar 25% de Imposto de Renda da sua aposentadoria no Brasil e paga, também, uma alíquota de 10% sobre o valor líquido da aposentadoria no IRS (Imposto de Renda) em Portugal, caso entre no Regime Fiscal de Residente não Habitual (RNH).

É importante lembrar que não é obrigatório um aposentado ser um RNH. Porém, caso opte por não ser, a alíquota no IRS pode chegar até 48% sobre a aposentadoria.

E se você já está certo que Portugal é o seu destino, desejamos muita sorte no planejamento da mudança!

Fonte: By Ingrid Feferman ( advogada) – Stella Sousa (produtora de conteúdo digital) – Tié Lenzi (Marketing Digital) – Carolina Sanches (jornalista)

Site Eurodicas

MUDAR PARA PORTUGAL COM MAIS DE 50 ANOS. EXPERIÊNCIA DE MARCOS FREIRE.

Durante este meu período de planejamento para me mudar para Portugal, depois dos 60 anos… pesquisei sobre vários assuntos. Sobre o custo de vida, considerando desde onde iria morar, suas despesas gerais até sobre a minha formação, me informando como fazer para revalidar meu diploma. Confesso que aposentada, não tinha certeza se gostaria de trabalhar ainda por lá ou estudar. Mas queria deixar tudo organizado para poder fazer minhas escolhas com mais autonomia e segurança.

Acompanho muito o site da Eurodicas, e compartilho com vocês algumas reportagens, como está agora 👀 de Marcos Freire. Muito bom. Importante saber que eu quero estar aberta para novas experiências, fazer muitas descobertas com uma melhor qualidade de vida. Mas, com atenção a como são as coisas por lá. Estou atualmente organizando minha papelada escolar, muitas empoeiradas, até esquecidas… se tornando vivas novamente. Me reiventando dia a dia, ousando me mudar depois dos 65 anos, bem planejado… tudo isto para ficar mais perto de meus filhos que moram na Europa: Paris e Londres.

Leiam: Quem já leu meus outros artigos, (especialmente o primeiro deles, onde conto um pouco sobre o nosso processo de mudança para Portugal) sabe que quando cheguei aqui na terrinha já tinha mais de 50 anos de idade e era (e ainda sou) totalmente ativo profissionalmente. Ou seja, não viemos como aposentados (ou reformados, como dizem por aqui). Ao contrário, queria muito trabalhar, tanto por prazer pessoal quanto por necessidade mesmo. Aliás, não dizem que os 50 são os novos 30 ou 40 anos?

Então, os “cinquentões” ainda tem muito a produzir, a criar, a ensinar e a aprender no mercado de trabalho. Mas, é fácil se inserir no mercado de trabalho partindo praticamente do zero? Não, não é. Quem sabe minha trajetória profissional (e a de outros imigrantes com quem eu convivo e que estão na mesma faixa etária) possam ajudar ou dar alguns caminhos para aqueles que também querem emigrar com mais de 50 anos de idade.

Saiba como foi mudar para Portugal com mais de 50 anos

Claro que vale repetir: minhas escolhas talvez não façam sentido para todos. Meus receios podem não ser os mesmos de outras pessoas. Os sapos que decidi engolir podem não passar por outras gargantas. Minhas alegrias igualmente podem não fazer nem cócegas em outros corações.

Mas a mensagem é a seguinte: sempre é tempo para reescrever uma nova história de vida e não há receita única. E Portugal pode realmente ser um lindo cenário para as novas experiências.

Portugal tem uma grande população acima de 50 anos de idade

Ninguém precisa se sentir deslocado por ter 50 anos ou mais quando chega em Portugal. O país já é um dos que tem a idade média mais alta de toda a comunidade europeia. Dados oficiais mostram que 22,1% da população portuguesa tem mais de 65 anos de idade, praticamente empatado com Grécia e Finlândia (ambos com 22,3%), todos os três perdendo apenas para a Itália (23,2%).

Há 20 anos, esta faixa etária da população portuguesa ficava em torno de 16% do total, o que mostra como o envelhecimento tem sido muito maior do que o número de nascimentos.

Se considerar a faixa etária a partir dos 50 anos, este grupo populacional representa mais de 40% de todas as pessoas que vivem no país.

Neste ritmo, a projeção é que Portugal passe a ser o país mais “envelhecido” da Europa por volta de 2050, praticamente empatado com Grécia e Itália, todos com quase 34% da população passando dos 65 anos de idade.

Muita gente acima de 50 anos no mercado de trabalho

Logo que chegamos, fiquei encantado com a quantidade de pessoas mais velhas trabalhando. Via isso sob a ótica de que era positivo existir um mercado de trabalho aberto a essa faixa etária.

Professores e professoras do meu filho eram mais velhos, funcionárias da escola eram mais velhas, motoristas de táxi eram mais velhos.

Senhoras vendendo peixe nas suas barracas na calçada, outras tantas no mercado municipal, alguns varrendo a rua, caixas de supermercado, balconistas nos cafés, garçons nos restaurantes e por aí vai.

Não deixa de ser positivo, mas hoje já vejo que tinha uma certa miopia e muito romantismo nesse meu deslumbramento.

Trabalhar é importante, sem dúvida, mas muitos daqueles que estavam ainda pegando pesado em trabalhos bem operacionais preferiam estar com a vida mais tranquila.

Talvez cuidando dos netos, da horta, passeando ou até mesmo viajando. Ou seja, não trabalhavam porque queriam, mas porque ainda precisavam, mesmo já tendo dedicado algumas décadas da vida ao trabalho.

Idade para aposentadoria em Portugal

Hoje, a idade normal para pedir a reforma é aos 66 anos e 6 meses de vida.

A idade é ajustada a cada ano  (dependendo de variações, por exemplo, na expectativa de vida da população) e ao menos 15 anos de contribuição para a  Seguranca Social. Mas quem não conseguiu guardar regularmente algum dinheiro ao longo da vida de trabalho terá certa dificuldade com os valores baixos, na média, pagos aos reformados.

Para os brasileiros, os acordos entre os dois países permitem que o tempo de trabalho e de contribuição no Brasil possam ser considerados no cálculo em Portugal , seguindo alguns critérios. As vantagens (ou não) para quem quiser seguir por este caminho precisam ser bem avaliadas, mas é sempre bom contar com esta alternativa.

Oportunidades para quem passa dos 50 anos

Acompanho com frequência as postagens no LinkedIn, a rede de contatos profissionais, e vejo muitas discussões sobre a dificuldade de os profissionais com mais de 50 anos se recolocarem nas grandes empresas do Brasil, mesmo tendo ótimos currículos.

E o olha que nosso país é sede de muitos e imensos grupos empresariais, além de ter também inúmeras médias e pequenas empresas.

Quando olhamos para Portugal, vemos que o mercado de trabalho é o realmente muito menor, até mesmo pelo tamanho do país e da população. Além disso, algumas das multinacionais que atuam na Península Ibérica tem seus maiores escritórios cruzando a fronteira, na Espanha, de onde gerem os negócios. Muitas mantém escritórios ou representações menores em Portugal.

Mas, claro, há também grandes grupos empresariais portugueses, grandes profissionais e um mercado dinâmico. E uma grande vantagem: enquanto o desemprego no Brasil gira em torno de 14%, em Portugal fica mais ou menos na metade disso.

Também existem dificuldades no mercado de trabalho português

Mas a dificuldade não é apenas por já termos 50 anos ou mais. Há algo que funciona por aqui exatamente como no Brasil: rede de relacionamento!

E isso, para quem está chegando em um país novo, é uma grande desvantagem. Mesmo que alguns contatos já tenham sido feitos quando ainda estavam no Brasil, os brasileiros que chegam aqui em busca de alguma oportunidade vão sentir bem o peso de ter que começar uma nova rede de contatos no campo profissional.

Por aqui, ter uma boa “cunha” (o que para nós é aquele amigo ou conhecido que pode abrir algumas portas ou dar aquele “empurrãozinho”) ajuda bastante.

Por mais que as empresas estejam abertas a receber os currículos por email ou pelo website, quando a indicação vem de alguém conhecido o peso é realmente muito maior. E quando se tratam de empresas menores, muitas delas familiares, ter alguém que indique faz toda a diferença.

Ter uma rede de contatos facilita a busca

Na prática, nada de ficar em casa mandando o CV pela internet a espera de algum retorno. Até pode ser que funcione, mas o negócio é mostrar a cara, literalmente.

Tanto vale deixar o CV pessoalmente em locais onde se pretende buscar uma oportunidade. Pode ser no hotel em que acha que pode ter uma vaga, na fábrica, no restaurante, no café, no bar, na loja. Puxar conversa com as pessoas e mostrar que tem interesse em trabalhar ajuda bastante no primeiro momento.

Nas cidades menores o processo pode ser mais fácil

Em uma cidade pequena, a estratégia funciona ainda mais. Todos costumam ser bem receptivos, pois sabem a importância do trabalho.

O motorista de táxi pode dar dicas, a caixa do supermercado talvez saiba onde estão precisando de gente, e assim por diante. Uma boa caminhada pela cidade, mesmo nas grandes, pode oferecer um mundo de oportunidades. Mantenha os olhos abertos para ver nas montras (as nossas vitrines) os cartazes pedindo colaboradores.

Claro que as grandes empresas ou multinacionais não vão contratar gerentes ou diretores com cartazetes na porta, mas para elas também vale a rede de relacionamento.

Falo com experiência de quem, por via das dúvidas, já mandou currículos para praticamente todos os grandes grupos portugueses, simplesmente utilizando a tradicional aba “Trabalhe conosco” dos sites, sem receber, na maioria dos casos, qualquer retorno.

Ou, apenas aquele retorno do tipo “Obrigado, mas seu perfil não se encaixa nas oportunidades que temos”. E tudo bem, isso também faz parte do jogo.

Equivalência do diploma em Portugal

Quando decidimos mudar de país, veio conosco o desejo de também buscar coisas novas no campo profissional. Talvez por justamente já ter mais de 50 anos e ter me sentido realizado profissionalmente em vários momentos ao longo da carreira, não me preocupei muito em continuar apenas na mesma trajetória, na mesma área, fazendo as mesmas coisas.

Claro que isso é um sentimento muito particular e entendo perfeitamente aqueles que chegam como engenheiros ou advogados por exemplo, e buscam seguir avançando aqui exclusivamente na mesma carreira.

Talvez por esse meu “desapego” profissional, deixei de fazer algo que pode tornar a vida um pouco mais difícil: pedir a equivalência do diploma universitário. Ou seja, meus diplomas de Jornalismo pela PUC-SP, de Administração pela FGV-SP, e de MBA pela Fundação Dom Cabral pouco valem por aqui.

Mas nunca deixei de trabalhar por causa disso. Porém, claro, foram em áreas e circunstâncias em que os diplomas não foram necessários.

Validar seu diploma é fundamental

Uma vez, pouco depois de ter chegado por aqui, estive no Centro de Emprego e Formação Profissional, uma instituição que apoia os desempregados, dá orientação sobre o mercado de trabalho, oferece cursos de formação e aperfeiçoamento.

Queria entender melhor esse novo ambiente em que eu estava chegando e me cadastrar. Quando preenchi meu cadastro, pediram minha formação e eu, todo orgulhoso, soltei tudo o que tinha feito.

Aí veio a pergunta: “você validou ou pediu equivalência destes diplomas aqui em Portugal?”. Não, respondi. “Então vou ter que colocar aqui que você sabe ler e escrever, pois não tenho nem como dizer que você terminou o ensino médio”. E assim está.

Para eles, sei ler e escrever (pensei em dizer que também era bom de tabuada, mas achei que não ia ajudar). Não posso criticar, pois eu não fiz – ainda – a minha “lição de casa”.

Muita atenção ao reunir a documentação necessária

Por isso, dependendo do que pretende fazer profissionalmente em Portugal, lembre de colocar na bagagem toda a documentação necessária para acertar os seus diplomas, o que inclui até mesmo o seu histórico escolar do ensino médio, aquele que você, se já tiver passado dos cinquenta anos de idade, terminou há mais de 30 anos. E “apostilar”, para ter validade lá.

Vale lembrar também que há uma série de profissões em que há acordos com as entidades que representam as categorias profissionais (como OAB e CREA), o que pode tornar tudo mais fácil. Embora esteja ocorrendo algumas mudanças, importante se informar sobre a situação atualizada lá no país. Tudo deve ser apostilado.

Podemos mais do que imaginamos

Darwin já dizia que sobrevivem aqueles com maior capacidade de adaptação, não obrigatoriamente os mais fortes.

Chegar em um novo país e seguir firme nesta nova vida é realmente um grande experimento “darwinista”. Já cruzei com gente muito confiante, forte, mas cheia de restrições do tipo “isso eu não faço” ou “só trabalho na minha área”.

E esses tendem a ser os primeiros a desistir da ideia de uma vida realmente nova. Tirando, naturalmente, coisas que vão de encontro aos nossos princípios morais e éticos, estar aberto ao novo (principalmente para quem tem mais de 50 anos) pode ser a linha que separa o sucesso do fracasso nesta empreitada.

O lado bom de encarar os novos desafios e apostar na resiliência: descobrimos que somos bons em muita mais coisas do que imaginávamos e que também gostamos e nos divertimos com atividades que até então pareciam nem passar por perto do nosso repertório. É quase como aquele prato que não gostamos de comer, sem nunca ter experimentado. Um dia, na casa de alguém, com certa cerimônia, acabamos comendo e até gostando.

Ou quando a fome aperta e a gente descobre que está num pequeno restaurante de estrada, no meio da noite, e que provavelmente não terá nada aberto até o dia seguinte. Comemos e ainda fica aquela sensação de que “até não é tão ruim assim”.

Encarando novas experiências

Desde que cheguei, vim disposto a abrir meu leque de opções profissionais. Descobri a hotelaria, trabalhei em café e em fábrica.

Confesso que me diverti muito em todas essas experiências. Serão novas carreiras? Vou crescer do ponto de vista de cargos? Provalvelmente não. Mas, como disse, não é isso que me move hoje.

Simplesmente fui me adaptando e encaixando o que eu já tinha de habilidades às novas demandas que foram surgindo. E tudo isso sem “trair” meu amor pela comunicação, pois continuo a escrever (você está lendo esse artigo, não?), criando conteúdos para redes sociais, colaborando pontualmente com agências de comunicação no Brasil.

E assim como eu, há outros brazucas “cinquentões” (ou até mesmo na casa dos 60, 70 anos) que se reinventam, decidem empreender. Há lojas de roupas e pratas, cafés, um variado comércio (virtual ou físico) de coxinhas, pão de queijo, pizza, feijoada, produtos brasileiros em geral. Todos com nossos conterrâneos, tanto no atendimento quanto na gestão.

Os que vão para as fábricas, dirigem caminhões (os “pesados”, como se diz por aqui), e que vão ter contato direto com o público nos cafés e nos restaurantes (diga-se de passagem que o jeito mais expansivo do brasileiro casa muito bem com os cafés e restaurantes), vão vender imóveis. São diversas as possibilidades!

“Ah, mas eu sou engenheiro formado pelo ITA e quero uma oportunidade na minha área”. Ok, vale tentar sim. Mas não deixe de olhar para tantas portas que se abrem e que podem parecer tão “nada a ver” e que, no final, nos realizam tão ou mais do que o modelo ao qual estávamos acostumados.

Nem tudo é trabalho

Claro que trabalhar é importante, principalmente se você não tem uma fonte de renda no Brasil que, dividida por mais de seis, possa te dar o conforto que você quer aqui na Europa. Nunca é demais lembrar que aqui gastamos em euros. Mas nem tudo gira em torno do trabalho, felizmente.

E para nós, os 50+, Portugal tem muito a oferecer. Nem vou falar sobre segurança, tranquilidade, porque teria pouco a acrescentar a tudo que é falado em todos os sites e portais, por exemplo. Mas a tranquilidade e a segurança fazem realmente a diferença para que tenhamos vontade de fazer uma série de coisas que, por receio ou medo, fomos deixando de lado no Brasil.

Posso falar com conhecimento de causa sobre andar de bicicleta, por exemplo. Eu já estou mais para os sessenta do que para os cinquenta e adoto a bicicleta para praticamente tudo o que faço. Do trabalho ao supermercado, dos passeios pela cidade até às pedaladas mais longa para conhecer o país. Já pedalava no Brasil, é verdade, mas aqui a sensação de segurança é muito superior. Vivo numa cidade pequena, o que ajuda.

Talvez, para a turma de Lisboa e do Porto, os cuidados tenham que ser maiores, mas os riscos estão bem longe daqueles de São Paulo. Aos finais de semana, principalmente, cruzo com pelotões de ciclistas na beira da estrada, grande parte deles já com cabelos brancos.

Os cafés na praia do Furadouro, perto de casa, ficam cheios de bikers. Vez ou outra ponho a magrela no comboio e vou até o Porto, para depois voltar pedalando para casa, sempre cruzando com “velhinhos” sobre duas rodas.

Qualidade de vida no dia a dia

No dia a dia é a mesma coisa: senhoras de bicicleta indo trabalhar no hotel, outras indo ao mercado, muitos avós e avôs indo buscar os netos na escola na companhia da bicicleta. Sem contar os mais aventureiros que viajam de bike.

Há pequenos grupos de holandeses, alemães, espanhóis e mesmo de portugueses (todos com mais de 50 ou 60 anos) que costumam pernoitar no centro da cidade como parte do roteiro que se inicia no Porto e, para os mais corajosos, pode terminar em Lisboa.

Ah, para quem não se sente seguro para se equilibrar nas magrelas, há um projeto muito interessante em algumas cidades de Portugal, o “Pedalar sem idade“.

E não é só pedalando que a gente se diverte por aqui. Caminhar é outra daquelas atividades que fazemos em Portugal com muito mais leveza e tranquilidade.

Ninguém vai pular no seu pescoço para roubar seu celular, por exemplo. Conhecer Portugal andando é um grande prazer. E nós, os velhinhos, estamos por todos os lados. E não falo apenas dos turistas. Os compromissos da rotina diária, principalmente nas cidades menores, podem ser encarados sem necessidade do carro. As distâncias são menores, é tudo perto.

Sem contar que eu não me canso de olhar encantado para a cidade onde moro, mantendo aquela sensação de quem está vendo pela primeira vez aquelas casas com fachadas azulejadas.

E no Porto, então? Quem desce lá da Universidade do Porto, passando pela livraria Lello, se deslumbrando com a estação São Bento, caminhando pela rua das Flores (com direito a um café com pastéis de nata), se perdendo nas vielas até chegar à ribeira do Douro vai cruzar pelo caminho com muita gente mais velha, andando sem preocupação com segurança, desfrutando as belezas da cidade (e pra descer, todo santo ajuda…).

É possível aproveitar Portugal de diversas formas

Portugal tem isso de bom. É tudo muito perto, o que também favorece as viagens curtas, muitas vezes de bate-e-volta no mesmo dia. Esses pequenos passeios fazem parte da nossa rotina e sempre vejo pessoas mais velhas nos parques que conheço, nos novos restaurantes que vou experimentar, nos centros históricos, nos museus.

Vale ressaltar que o preço dos combustíveis e dos pedágios (portagem, como fala-se aqui) não é dos mais baixos, o que também torna as viagens curtas mais vantajosas.

Cultura acessível por toda parte

Do ponto de vista cultural, as atrações são inversamente proporcionais ao tamanho do país. É incrível a quantidade de coisas que se pode fazer por aqui. E a maior parte das atividades tem preços reduzidos ou são gratuitas para os que tem pelo menos mais de 60 anos. Cidades como Lisboa e Porto reúnem os principais equipamentos culturais, é verdade, mas mesmo os concelhos menores possuem seus teatros, museus e centros de cultura.

Quem vem de uma cidade como São Paulo, como eu, sente um certo baque inicial. Mas aos poucos vai descobrindo todas as possibilidades que a cidade oferece. Os grandes shows e espetáculos não estarão, de modo geral, nos menores municípios. Mas nada que um passeio de comboio não resolva. Falo da minha própria experiência: já pegamos o trem para assistir a um concerto que queríamos muito em Lisboa e foi divertidíssimo.

Mas para não dizer que tudo é perfeito para nós, os mais velhos, outro dia resolvi que queria ser bombeiro voluntário. Fazia parte daquela ideia de abrir horizontes, de ter novas experiências. E sempre achei a profissão de bombeiro muito linda. Mas não deu. A idade máxima é de 45 anos.

Então, se pretende emigrar com mais de 50 anos, venha. Vai conseguir trabalhar, se divertir e ter uma vida mais segura e mais calma. Pode se divertir muito. Só não vai conseguir é ser bombeiro.

By Marcos Freireé jornalista e vive com a família em Ovar há 5 anos.

Fonte: Site Eurodicas

PARIS AQUI VOU EU: PASSEANDO POR LE MARAIS – IGREJA DE SAINT PAUL – LOJA UNIQLO – MUSEU CARNAVALET – PLACÊ DES VOSGES – BHV MARAIS

Hoje passeamos um uma região que eu ADORO! Le Marais (se pronuncia “marré”) para mim é o bairro mais descolado de Paris e uma das regiões mais ativas, tanto com vida diurna e noturna. Situado entre o 3° e 4°  arrondissement. É uma área onde você vai encontrar de tudo e uma população super cool

Le Marais

O bairro é histórico e já foi muito habitado pela nobreza, até o século XIX. Após esse período, passou a ser ocupado pela comunidade judaica, presente até os dias de hoje.

Transformado em uma região turística, também se tornou o lugar favorito da galera jovem e da comunidade gay (tem até bandeiras espalhadas pela rua).

No bairro Le Marais, você poderá ver desde construções antigas dos séculos XVII e XVIII, nos arredores da Place des Vosges, até lojas conceito, com o que há de mais contemporâneo.

Chegamos de manhã pelo metrô 1, e visitamos a Igreja de Saint Paul – para quem é religioso ou como eu, fã de arquitetura, não pode perder… aprecio muito essa igreja, que é muito bonita, tanto por fora quanto por dentro. (7 Passage Saint-Paul)

Aproveite depois para caminhar pelas arcadas das mansões, onde existem várias galerias de arte e bons restaurantes. Está é hora de ver o lado mais clássico do bairro Le Marais.

Área onde estão as antigas mansões, chamadas de hotéis particulares, que foram habitadas por membros da nobreza e artistas famosos dos séculos passados.

Destaque para a casa onde o escritor Victor Hugo viveu por 16 anos. O lugar foi conservado e transformado em um museu sobre a vida do escritor. Alguns itens da casa foram reconstituídos e os objetos pessoais foram doados pela família do autor da obra “Os Miseráveis”. Hoje, é possível visitar a Maison de Victor Hugo gratuitamente e ver onde a escrivaninha com a pena que ele usava para escrever seus clássicos.

Caminhando você pode contar com os muitos cafés, bares e restaurantes onde o mais difícil é você escolher qual ir.

Demos uma paradinha numa loja que eu adoro a Uniqlo, fizemos umas comprinhas. Loja bem organizada, (de roupas japonesa com tecnologia de aquecimento). Os produtos são excelentes, modernos, de qualidade alta e com ótimos preços.

A loja é muito bonita, instalada no prédio de uma antiga fundição. Mesmo se não for para comprar, vale a visita.

Na região vimos também o Museu Carnavalet, dedicado à história da França. Dentro tem uma arquitetura incrível com um lindo jardim, com cafés; galerias com algumas exposições e um “Ateliê Pedagógico” onde acontecem alguns workshops.

Fomos lanchar (com uma baguette, queijo e presunto cru, a moda francesa) e descansar as pernas na praça mais antiga de Paris.

Primeira praça a ser planejada, a Place des Vosges está situada bem no meio dos hotéis particulares e tem wifi grátis.

É um lugar um pouco fora da rota da maioria dos turistas, mas muito frequentado por quem mora na região. Eu adoro descansar neste local.

No entorno passeamos pelos arcos apreciando as galerias diversificadas com vários tipo de arte nesta região.

E na sequência, pegamos um sorvete em formato de flor da loja Amorino – perto de uma banca de chapéus maravilhosos – delicioso!

Seguimos depois a tarde pela rua principal em direção às lojas Fleux e BHV Marais, até o Hôtel-de-Ville.

A concept store Fleux é o paraíso de quem é fã de design e decoração – Quando entro lá, quero comprar tudo. Juro!

Já a BHV Marais é uma loja de departamentos, onde é possível comprar desde materiais para reformar a casa até marcas de luxo (ou não, mas as melhores marcas do mercado mundial); como roupas femininas; infantil; livros; enfeites e utensílios de cozinha. Uma loja distribuída em 6 andares. Na cobertura apreciamos a vista maravilhosa da cozinha Cidade da Luz.

Nas redondezas das duas lojas, há várias outras com vitrines fofas e produtos interessantes.

Ao final da tarde já paramos para tomar um café com doce típico francês os “macarons”. São deliciosos.

Foi um dia muito gostoso.

Uniqlo – 39 rue des Francs Bourgeois (Paris IVe)

CADA UM SABE…

Cada um sabe o que mais lhe dói. O que lhe acalma o peito.

O que não dá para esquecer. O que é gostoso de lembrar. 

O quanto às vezes lhe custa mais um passo.

Cada um sabe quem mais lhe marcou. O que lhe causa mais medo. 

Como faz pra resgatar o ânimo. Quais foram os instantes mais felizes do caminho. 

O tamanho do próprio cansaço.

Cada um sabe a história que carrega. O que pensa. 

Os sonhos que tem. As lágrimas que não derrama. 

O que é capaz de lhe tirar o sono. O que faz a alegria nascer. 

Quem faz toda diferença.

Cada um sabe o que mais adoraria ganhar de presente. 

A medida do empenho para chegar até aqui. Onde a vida foi mais doída. 

O que aprendeu direitinho. O que mais lhe falta aprender.

Cada um sabe…

By Ana Jácomo

AMIGOS

Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.

Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril

By Sérgio Antunes de Freitas

TEMPO… AMIGOS…

O Tempo passa.
A vida acontece.
A distância separa..
As crianças crescem.
Os empregos vão e vêm.
O amor fica mais frouxo.
As pessoas não fazem o que deveriam fazer.
O coração se rompe.
Os pais morrem.
Os colegas esquecem os favores.
As carreiras terminam.
Os filhos seguem a sua vida como você tão bem ensinou.
MAS… os verdadeiros amigos estão lá, não importa quanto tempo e quantos quilômetros estão entre vocês.
Um amigo nunca está mais distante do que o alcance de uma necessidade, torcendo por você, intervindo em seu favor e esperando você de braços abertos, e abençoando sua vida!
E quando a velhice chega, não existe papo mais gostoso do que o dos velhos amigos… As histórias e recordações dos tempos vividos juntos, das viagens, das férias, das noitadas, das paqueras… Ah!!! tempo bom que não volta mais… Não volta, mas pode ser lembrado numa boa conversa debaixo da sombra de uma árvore, deitado na rede de uma varanda confortável ou à mesa de um restaurante, regada a bom vinho, não com um desconhecido, mas com os velhos amigos.
Quando iniciamos esta aventura chamada VIDA, não sabíamos das incríveis alegrias ou tristezas que estavam adiante, nem sabíamos o quanto precisaríamos uns dos outros.

By Rolando Boldrin

CONSTANTES…

Aqui me vi exatamente como me sinto. Lindo e profundo o texto da minha amiga Irina Marques! Leiam:

Sou do tipo resiliente otimista e mesmo nos momentos mais difíceis que já enfrentei pela vida, que com certeza me abateram… também sempre acreditei que tudo ia passar, eu aprenderia algo novo… e iria sair dali mais forte e melhor. Tudo tem seu tempo. E cada um tem o seu. E assim aconteceu.

Lembranças trazem “mergulhos profundos”, retalhos de nós que se escancaram e trazem a tona algumas cicatrizes.

Com o tempo sei que sempre estive na hora e nos momentos certos da vida. Tudo no seu devido lugar. Gratidão por isto.

Tenho uma tendência para me esquecer facilmente das coisas, outras vezes não, as coisas marcam de forma a criar cicatriz. Quando olhamos, ela está sempre lá, e muitas vezes é costume esquecermos a história que ela tem para contar. A nossa cicatriz, é apenas nossa e só cabe a nós conseguir entender, desvendar e aprofundar as causas e consequências dela.

Muitas vezes, o que acontece, é as pessoas tomarem as nossas dores, seja por simpatia, empatia ou compaixão. Está certo, num mundo perfeito as coisas deveriam ser assim, talvez num mundo mais sentimental e menos competitivo esta, seria uma utopia perfeita. Acordamos para a vida.

Ontem, dei por mim a escrever, a escrever muito, a escrever tanto que a dor começou a tomar lugar. Questionei, encontrei respostas, voltei a questionar, vi outras perspetivas, tentei pôr-me do outro lado, voltei a escrever – criar personagens, sair da zona de conforto e observar outras realidades.

Aprendizagens que temos no decorrer da vida, por vezes esquecemos ou outras vezes abordamos de forma diferente, com tempo, aprendizagens e, o olhar não é o mesmo de hoje, de ontem, dos meses passados, dos anos… O que escrevo hoje daqui a dois anos pensarei de outra forma, é assim que tem ocorrido, tem sido uma constante. São relatos, pedaços de mim, deixados para trás para que eu própria consiga rastear.

E por ter esta tendência para me esquecer, tenho a mesma tendência a relatar, a testemunhar a minha presença e pensamento através de textos, de reflexões até mesmo para recordar. A memória é a coisa mais falível que temos, se nos lembramos de algo, não é exatamente como foi mas preenchemos essas lacunas para que isso mesmo faça sentido – ora para o bem, ora para o mal.

Nos mergulhos profundos foi onde eu encontrei as melhores explicações, o cerne da questão, a raiz. E nesses mergulhos profundos, não entendia a sua própria profundidade, ainda não entendo, continuo a mergulhar enquando as minhas forças me permitem. E quanto mais mergulho, mais são as descobertas que faço, horizontes que se relevam, testemunhos que tenho que relatar mas já não os exponho. Todos os que expus resolvi apagar, conforme referia, as palavras são minhas mas expostas podem não conseguir manifestar o que cá vai dentro.

Através da expressão e relatos guardados, é o que me permite encontrar, montar as peças e dar forma a tudo o que se passou e se encontra a passar. E muitas vezes esqueço, é verdade que esqueço, lições que aprendi e esqueci, nesses mesmos relatos estão essas lições – constantes, que me lembram – este é o caminho a tomar, ali, vais errar. Não são roteiros rígidos, são apenas registos para não me perder, novamente mas saborear a corrente. As constantes, mantêm-se nos relatos e, permitem-me desviar.

Pedaços de vida que não se compõem aqui, mas sim noutro lugar. As artes, são apenas um testemunho, do que no interno se está a passar.

CONTAMINADOS

Heloísa poetisa me fez refletir sobre tudo que estamos passando.

No ano de 2020 o mundo foi acometido por uma grave pandemia viral. As famílias ficaram mais unidas e aprenderam a se amarem e perceberam enfim a importância de um abraço, principalmente entre não familiares. Aprenderam dividir o pouco, o muito, a regrar, brincar, ouvir, a serem solidários ate com desconhecidos tornando-se mais humildes uns para com os outros. As datas festivas e as reuniões nos finais de semana com amigos ou familiares provaram o quanto essas reuniões fazem falta. Aprenderam o que é saudade. Aprenderam a usar um outro tipo de vestimenta; mascara sobre nariz e boca e luvas nas mãos.

Sentiram a perda de seus entes queridos e de amigos. Não foi morte súbita ou por bala perdida ou por perder lentamente por uma doença terminal e nem porque já eram idosos. Foi doença seguida de morte vindo de uma contaminação, tragava em poucos dias mesmo com todos os esforços dos Profissionais de saúde, Hospitais de campanha, distribuição gratuita de mascaras e testes feitos em todos os Postos de saúde e Hospitais. Contaminava crianças, adultos, idosos, independente da classe social, credo religioso, poder aquisitivo, nação ou gênero sexual.

As mamães de 2020 abraçavam seus bebezinhos. Mais muitas perderam suas vidas ou maridos e tantos familiares sem ter a oportunidade de abraçá-los naquele momento e ate para uma ultima despedida. Muitas crianças tornaram-se órfãs e os menorzinhos não entendiam por que só podiam ver o vôvô e a vóvó por vídeo. Pela maior permanência em casa de adultos sem comparecerem ao trabalho semanal, de crianças sem irem a Escola secular e sem atividades físicas ou recreativas com amigos; a obesidade, depressão, divórcios tiveram aumento considerável. Bem como a agressão as mulheres e abuso sexual de crianças e adolescentes.

Os cachorros de rua perambulavam desnorteados. Os restaurantes não abriram nos finais de semana os bares não funcionaram e as ruas ficaram vazias. A pandemia fechou as lojas por vários períodos, ocasionando demissões em massa e ao reabrirem suas portas, muitos enceram suas atividades comerciais sem condição financeira de prosseguir. A rede de entrega a domicilio, contratação de motoboy e o comercio virtual cresceu demasiadamente criando novas fontes de emprego.

Enquanto que as aulas seculares passaram a ser via redes sociais criando muita polemica entre as diferenças do poder aquisitivo das famílias das crianças ate mesmo da rede de ensino Particular; por outro lado serviram de sociabilidade, entretenimento e acessibilidade aos que não podiam sair de casa. Abrindo um leque de sugestão e interesse de gêneros como concertos musicais, sarais culturais, shows, reuniões, lives entre outros.

Todas as competições esportivas ficaram paralisadas. Ocasionando grandes prejuízos quando retornaram a competir principalmente sem a presença dos torcedores.

Casamentos foram só nos cartórios respeitando todos os cuidados de prevenção. Viagens e festas não aconteceram bem como datas comemorativas culturais, cívicas, festa de 15 anos, formatura e nem corpo para o velório… Não sabemos quando tudo isto vai acabar. Mudanças ocorrem todos os dias. Com as vacinas chegando muitas coisas melhoraram e teve uma luz no fim do túnel. Cada país está numa fase. Um dia este novo mundo surgirá onde muita coisa pode voltar enquanto outras serão muito diferentes.

MEMÓRIA X RECORDAÇÕES – AS ARMAS DA JUVENTUDE e DA VELHICE.

Recordar-se não é o mesmo que lembrar-se; não são de maneira nenhuma idênticos. A gente pode muito bem lembrar-se de um evento, rememorá-lo com todos os pormenores, sem por isso dele ter a recordação. A memória não é mais do que uma condição transitória da recordação: ela permite ao vivido que se apresente para consagrar a recordação. Esta distinção torna-se manifesta ao exame das diversas idades da vida. O velho perde a memória, que geralmente é de todas as faculdades a primeira a desaparecer. No entanto, o velho tem algo de poeta; a imaginação popular vê no velho um profeta, animado pelo espírito divino. Mas a recordação é a sua melhor força, a consolação que os sustenta, porque lhe dá a visão distante, a visão de poeta. Ao invés, o moço possui a memória em alto grau, usa dela com facilidade, mas falta-lhe o mínimo dom de se recordar. Em vez de dizer: «aprendido na mocidade, conservado na velhice», poderíamos propor: «memória na mocidade, recordação na velhice». Os óculos dos velhos são graduados para ver ao perto; mas o moço que tem de usar óculos, usa-os para ver ao longe; porque lhe falta o poder da recordação, que tem por efeito afastar, distanciar.

A feliz recordação do velho é, como a feliz facilidade do moço, um gracioso dom da natureza, da natureza que protege com seus cuidados maternais as duas idades da vida que mais precisam de socorro, se bem que, em certo sentido, sejam também as mais favorecidas. Mas é por isso também que a recordação, tal como a memória, muitas vezes não passa de portadora dos dados mais acidentais.

Apesar de se distinguirem por grande diferença, a recordação e a memória são por vezes tomadas uma pela outra. A recordação é efectivamente idealidade, mas como tal, implica uma responsabilidade muito maior do que a memória, que é indiferente ao ideal.

A recordação tem por fim evitar as soluções de continuidade na vida humana e dar ao homem a certeza de que a sua passagem pela terra efectua uno tenore, num só traço, num soporo, e pode exprimir-se na unidade. Assim se liberta ela da necessidade em que a língua se encontra de repassar incessantemente pelas mesmas tagarelices, para reproduzir aquelas de que a vida se encontra repleta. A condição da imortalidade do homem é que a vida dele decorra uno tenore.

Soren Kierkegaard (in “O Banquete”, Dinamarca

5/ Mai/ 1813 – 11/ Nov/ 1855 –

Filósofo/Teólogo)