“Erótica é an alma”. Além de poética, a frase é redentora, pois alivia o peso da sensualidade a qualquer custo, a busca desenfreada pela juventude perdida, a corrida pelos últimos lançamentos da indústria cosmética. Gosto deste olhar, me representa muitooooo!!!
Dá um certo alívio! E nos autoriza a cuidar mais da alma, a viajar pro interior, a descobrir o que nos completa. Pois se os olhos são as janelas da alma, de que adianta levantar pálpebras que se descortinam um olhar de súplica?
“Erótica é a alma” que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história. Que usa a espontaneidade pra ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos.
“Erótica é a alma” que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios; “erótica é a alma” que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo.
“Erótica é a alma” que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores.
Porque não adianta sex shop sem sex appeal; bisturi por fora sem plástica por dentro; lifting, botox, laser e preenchimento facial sem cuidado com aquilo que pensa, processa e fala; retoque de raiz sem reforma de pensamento; striptease sem ousadia ou espontaneidade.
Querendo ou não, iremos todos envelhecer faz parte da vida. Penso que é bem melhor do que a outra opção. As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar. A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos. A boa notícia é que an alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos, se você permitir.
O segredo não é reformar por fora. É, acima de tudo, renovar a mobília interior tirar o pó, dar brilho, trocar o estofado, abrir as janelas, arejar o ambiente. Porque o tempo, invariavelmente, irá corroer o exterior. E quando ocorrer, o alicerce precisa estar forte pra suportar.
Não tem problema cuidar do corpo. É primordial ter saúde e faz bem dar um agrado à auto estima. O perigo é ficar refém do espelho, obcecado pelo bisturi, viciado em reduzir, esticar, acrescentar, modelar até plástica íntima andam fazendo! Aprenda: Bisturi algum vai dar conta do buraco de uma alma negligenciada anos a fio.
Vivemos an era das emergências. De repente tudo tem conserto, tudo se resolve num piscar de olhos, há varinha de condão e tarja preta pra sanar dores do corpo, alma e coração. Como canta Nando Reis, “O mundo está ao contrário e ninguém reparou…”
Desaprendemos a valorizar aquilo que é importante, o que é eterno, o que tem vocação de eternidade.
E de tanto lustrar a carapaça, vivemos a “Síndrome da Maça do Amor”: Brilhantes por fora e podres por dentro.
O tempo tornou-se escasso, acreditamos que “perdemos tempo” quando lemos um livro inteiro, quando passamos horas com nossos filhos, quando oramos ou viajamos com a família. E nos iludimos achando que poderemos “segurar o tempo” cuidando da flacidez, esticando a pele, preenchendo espaços.
Cuide do interior. Erotize a alma. Enriqueça seu tempo com uma nova receita culinária, boas conversas, um curso de canto ou dança. Leia, medite, cultive um jardim. Sinta o sol no rosto e por um instante não se preocupe com o envelhecimento cutâneo. Alongue-se, experimente o prazer que seu corpo ainda pode lhe proporcionar. Não se ressinta das novas dores, da pouca agilidade, dos novos vincos. Descubra enfim que a alegria rejuvenesce mais que o botox. E não se esqueça: em vez de se concentrar no lustre da maçã, trate de aproveitar o sabor que ela ainda é capaz de proporcionar…
Obs:Este texto tem sido atribuído erroneamente à Adélia Prado. Porém, está registrado na Biblioteca Nacional como obra de Fabíola Simões e é parte integrante do livro “A Soma de todos os Afetos”, de Fabíola Simões
Com vocês:
Todos vamos envelhecer….
Querendo ou não, iremos todos envelhecer.
As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar.
A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos.
A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos.
O segredo não é reformar por fora.
É, acima de tudo, renovar a mobília interior: tirar o pó, dar brilho, trocar o estofado, abrir as janelas, arejar o ambiente. Porque o tempo, invariavelmente, irá corroer o exterior.
E, quando ocorrer, o alicerce precisa estar forte para suportar.
Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história.
Que usa a espontaneidade para ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos.
Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios.
Erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo.
Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores.
Aprenda: bisturi algum vai dar conta do buraco de uma alma negligenciada anos a fio.
Lendo essa reportagem da minha amiga Karen Farias, reforcei minhas reflexões sobre as mudanças no mundo com grandes construções, que são capazes de mudar e transformar tudo ao nosso redor. Confesso que tem muitas coisas boas, outras nem tanto. Quando tais mudanças acabam com as nossas referências de vida, e lembranças pode trazer uma certa saudade gostosa do que era bom no nosso tempo e muitas vezes, hoje nem tanto dais quais nos sentimos desrespeitados. Tem determinadas coisas que deveriam ser conservadas pela sua história, beleza e impacto paisagistas que podem trazer tantos problemas. Já estamos vendo isto! Tem progressos que precisa ser bem estudado referente aos impactos estruturais na cidade, como de nossa vida. Leiam:
Nossas referências foram apagadas da cidade, até que se esvaziaram das nossas memórias. Entristeci
Andar pela cidade é um prazer e um exercício diário. Perambular pelos lugares conhecidos e descobrir novos. Apreciar o céu, a casa e o prédio bonitos, os detalhes contidos neles, a árvore, o jardim, os gatos e os cachorros que ali vivem, o canto dos pássaros. Cumprimentar as vizinhas e os vizinhos, espiar a rotina das famílias que se entrevê, a saída pro trabalho, a ida e volta da escola, a varrição da calçada, o retorno do supermercado, o banho de sol da bicharada da casa. E ao longo do caminho, cobrir de bom dia ou boa tarde as/os passantes, na expectativa de quem irá responder. E foi assim, nessas andanças, que fui fazendo alguns paralelos sobre a cidade, sua paisagem e temas ligados à longevidade e ao envelhecimento.
Desculpaí, arquitetos e urbanistas.
Logo de início, peço licença aos arquitetos e urbanistas para me meter onde não fui chamada. Afinal, não conheço nada sobre esse campo de conhecimento. Simplesmente sou uma caminhante curiosa e cidadã interessada nas transformações que enxergo.
O envelhecimento e o idadismo
Todos nós temos um ciclo de vida: infância, adolescência, juventude, adultez e velhice. E não apenas nós, animais humanos, os seres da Natureza também possuem seus ciclos de vida. Em cada fase de nosso ciclo de vida, é possível encontrar coisas boas e coisas ruins. Quem já não ouviu falar dos traumas ou das belezas da infância? Das angústias da adolescência, seus desarranjos hormonais e suas descobertas maravilhosas? Assim, a gente segue vivendo cada fase da nossa vida. No entanto, conforme envelhecemos, vamos tendo mais dificuldade de enxergar suas partes boas e valorizando as partes ruins. E, pior, porque vivemos numa cultura onde o belo é tudo o que remete à juventude, buscamos, por diversos meios, formas de nos tornarmos jovens novamente, como se isso fosse praticável.
E é aí que começa o idadismo, termo que se refere ao preconceito, estereótipos e discriminação em relação à idade das pessoas. A expressão ageism foi criada em 1969 pelo gerontólogo e psiquiatra norte-americano Robert Neil Butler, o termo idadismo foi adotado oficialmente pela Organização Mundial da Saúde – OMS em 2022, que também é conhecido como etarismo ou ageísmo.
A cultura jovencentrista refletida nos prédios da cidade
O não cessar de nascimento de prédios novos, brilhantes, cheios de concreto, colocando abaixo aqueles pequenos prédios e casas que até ontem tinham histórias, antigos, velhos, cheios de infiltrações, me faz lembrar uma mulher ou jovem, modernos, capazes, ágeis, cheios de juventude e hormônios, substituindo os idosos, agora considerados inúteis, atrasados tecnologicamente, cheios de rugas, varizes, usando fraldas e andador, sendo julgados sem nenhuma condição de seguir adiante. Mas também sem nenhuma tentativa de convivência.
Esses que, nos dias de hoje, são os prédios “modernos” serão o quê daqui a quarenta anos? Qual será a solução que encontraremos para eles? Repetiremos a mesma atitude? Iremos substituí-los por “novos” porque entenderemos eles como “antigos”? Fico a me perguntar: como seria numa família? Se um pai não dá exemplo de cuidado e respeito para com os mais velhos, o que dirá para sua filha e seu filho quando ele enfrentar a velhice? Estamos pensando sobre o legado daquilo que estamos fazendo hoje?
Temos medo de “demenciar”, mas quem provoca somos nós.
Com o passar do tempo, nossas referências vão sumindo. A ponto de tudo ficar num tom pastel: Lembra de onde ficava o… como é mesmo? Lá perto daquele outro lugar… aquele que fechou anos atrás e que agora é um prédio novo, sabe, né? Dia desses, me peguei tendo uma conversa assim, meio maluca, com uma amiga. A solução foi ir pro Google Maps… “demenciamos”, nossas referências foram apagadas da cidade, até que se esvaziaram das nossas memórias. Entristeci.
A intergeracionalidade
Assim como no envelhecimento dos seres da Natureza há coisas boas e ruins, e em todas as fases do nosso ciclo de vida, vejo o mesmo no que se refere à arquitetura, respeitando o gosto de cada um. Olha um prédio novo, pode ser lindo de morrer, moderno, cheio de inovação, mas também pode vir com sobra de construção nos canos, problemas estruturais, paredes finas e piso sem isolamento entre os vizinhos que descobriremos ao entrar. Num prédio velho, que não tem fiação para internet, nem interruptor de três pontas, o piso seja velho e não tenha suíte para todos os quartos, você talvez encontrará uma cozinha e tamanhos de quartos e sala imensos, a certeza de que não ouvirá nem será escutado pelos vizinhos, uma qualidade de materiais “de antigamente” que hoje jamais encontrará nos “novinhos”.
Mas, então, existe solução? Eu, como palpiteira de plantão e caminhante por prazer, adoraria ver uma cidade cheia de tudo, construções antigas, onde iria me reconectar com minha história e lembranças, e novas, por onde iria descobrir novidades e construir novas memórias. Quem sabe, “híbridas”? Onde as construções fossem reformadas e se atualizassem? Entretanto, na minha observação diária, parece que a cidade dos prédios novos está excluindo a dos prédios e casas antigas, precisa?
Por isso, lanço aqui o apelo, não sei pra quem – pois não é a minha área e nem sei para quem direcioná-lo – pra gente construir uma cidade com menos idadismo em sua arquitetura, respeitando e valorizando o ciclo do envelhecimento de nossas construções, sem provocar o esvaziamento da nossa memória, criando um ambiente de intergeracionalidade, uma convivência multigeracional. Para que, daqui a 100 anos, nossos netos possam conhecer, por meio da nossa arquitetura, uma Porto Alegre desde seu nascimento e de todas as suas décadas, e possam continuar sonhando e construindo a sua Porto Alegre.
Ainda bem que estou envelhecendo. Em 2024 fiquei um ano mais velho e isto também aconteceu desde o meu nascimento, meses antes do Homem pisar na lua.
Cresci utilizando o telefone fixo com disco e a máquina de escrever manual. Era uma época analógica e com mapas da vida previamente formatados: educação, emprego, aposentadoria. O tempo para viver muitas vezes ficava para depois…
Agora pertenço ao universo das siglas: GPS, GPT, IA… Uma realidade programável, algoritmizada e, mesmo assim, imprevisível. O tempo para viver é cada vez mais acelerado.
Estou me adaptando.
Ao me abrir para a curiosidade e o desconhecido, interajo em mundos inovadores, de mudanças repentinas, labirintos instigantes e descobertas inimagináveis.
O desafio daqui para frente é: o que farei?
Ao longo do tempo aprendi que a vida é formada por momentos únicos e ao vivo. Ocasiões maravilhosas e outras nem tanto.
Entendi que o significado de viver é justamente a soma destes acontecimentos. E que a felicidade diária é resultado da postura que temos diante destes fatos.
Busco propósitos estimulantes. Não quero apenas fazer; preciso transformar. Não quero apenas participar, preciso impactar. Não quero apenas planejar; preciso que as coisas aconteçam. Não quero apenas produzir, preciso deixar um legado.
Estou envelhecendo.
Quero mais conexões genuínas, reais e agregadoras.
Sinto falta dos amigos da infância, com quem eu me divertia durante as peladas nas ruas esburacadas.
Quero menos avatares, mais espontaneidade e muito mais emoção.
Não vejo graça em competir com games quase reais que vibram artificialmente através de emojis repetitivos.
Preciso de menos fakes e mais verdades. • De menos teclado e mais conversas inspiradoras. • De menos abreviações e mais interrogações.
Estou envelhecendo
Tenho mergulhado em autoconhecimento, participado de experiências memoráveis e me aventurado em roteiros improvisados, tentando me desafiar o tempo todo. • Sou proativo: assumo a responsabilidade pelas minhas ações. • Sou ambidestro: vivo intensamente o hoje e, ao mesmo tempo, crio meus futuros. • Sou ambicioso: o meu “eu” de amanhã precisa ser melhor do que o de ontem. • Sou utópico: almejo a inteligência de uma sociedade mais humanizada e positiva. • Busco um cotidiano mais gratificante e sustentável. • Mais inclusivo e menos superficial. • Menos midiático e mais sincero.
Estou envelhecendo
Ganhei maturidade e experiência, equilíbrio e resiliência. • Entendi que não tenho o controle de tudo. • E que não devo julgar e nem comentar sobre os outros. • Prefiro agir para que meus sonhos sejam concretizados. • Quero vivenciar e curtir as minhas próprias histórias.
Estou envelhecendo
Aprendi que vivo aprendendo a viver.
E que a minha principal certeza é que quero continuar envelhecendo.
Com tempo, saúde, sorrisos, amizades e sabedoria.
Bora ser feliz em 2025, que será um ano inesquecível.
Deixe de lado essa timidez boba. Tenha orgulho das suas marcas de vida e de idade. Tenha orgulho da sua imagem, das fotos e do que vê no espelho.
Tenha orgulho de se mostrar ao natural. Seja feliz com seu corpo. Seja feliz com as suas celulites, com as suas estrias, com suas pintinhas, com os seus peitos pequeninos ou grandões. Seja feliz com a sua bundona ou com a sua bundinha.
Não filtre-se.
Fotografe-se.
Seja você e ponto. Sem stress, sem exigências demais e sem carências imaginárias. Esse rosto perfeito que todos buscam, na verdade ninguém tem.
Seja feliz com o seu!
Seja feliz com seus dramas, com a sua semana de TPM, com seus choros sem porquê, com a sua sensibilidade à flor da pele, com suas gargalhadas malucas e com as marcas de vida e de idade.
Não tenha pretensão nenhuma de ser perfeita. Não se importe com o quanto pesa, nem com o quanto mede, nem com o quanto ganha. Não importa seu rosto, seu corpo ou suas proporções.
Nada faz uma mulher mais bela, do que ela mesma acreditar que é linda.
Você sabe que não é nenhuma miss, mas isso importa? Curta seus 20, seus 30, assuma seus 40, seus 50, orgulhe-se dos seus 60 ou mais anos.
A beleza com o tempo aumenta para quem acredita que ser belo é ser feliz. O charme não está em números ou aparências: Ele fica é na essência da alma.
A sua beleza está nos detalhes, que talvez você nem saiba que possui.
Ignore os que te apontam e pare de tentar parecer com quem você não é. Seja real e viva sua realidade. Procurando lá fora você estará em busca de algo que talvez nunca encontre. O essencial só se descobre quando se olha pra dentro.
O superpoder da aceitação e a força da autoestima te transformarão na mulher mais formosa e bela do mundo. Você só precisa se aceitar bem.
O segredo da beleza é amar o que já tem. Não filtre-se, seja você e pronto. Se reprimir por conta de pensamentos bobos da cabeça dos outros? Não faça isso e nem seja mais tímida.
Outro dia ouvi e li este poema, senti que me tocou profundamente. Trouxe uma luz, sobre a vida. A minha vida… e todos que. Queria compartilhar com vocês com algumas reflexões minhas.
Neste poema podemos viver momentos tão diferentes quanto na vida. Refleti sobre tantas coisas…
Sobre a Vida… Sobre a Fé… Sobre os Caminhos… Sobre os Desafios… Sobre as (Re) Construções e/ ou; Sobre o Amor… Sobre a Resiliência… Sobre os Sonhos… Sobre a Coragem… Sobre os Medos… Sobre o se Reinventar… Sobre o Seguir em Frente… Sobre o Envelhecer! Sobre Morrer!
Lembrou-me no poema…. a propósito dos dias que passamos, em que a indefinição do amanhã nos empurra para uma sensação de uma vida em suspenso. E como isto aconteceu muitas vezes! Em que nos pedem sacrifícios, atrás de sacrifícios para que consigamos, em sociedade, cruzar este mar revolto que descobrimos ser numa pandemia, ou nas guerras, ou nas injustiças ou nas escolhas difíceis. Onde cada dia, por ora, traz promessas de um final que se vai adiando, e adiando, fazendo aumentar os níveis de saturação e cansaço. Ninguém sabe!
É sobre essas promessas que versa o Ítaca, poema que narra a viagem de cada um de nós rumo à ilha prometida… nossos sonhos, propósitos e o que nos procura ensinar, em como desfrutar das deslocação.
Dia a dia, nas horas boas, ou outras nem tanto…
Este poema grego, com mais de 100 anos, de Constantino Kavafis (1863-1933), Ítaca (1910) ou Ítacas, dependendo da tradução.
Ítaca, assumindo a tradução de Jorge de Sena, é um poema que se passa no imaginário grego das epopeias… mas que com uma subliminaridade ímpar fala sobre a VIDA de cada um de nós — como essa queda constante que aqui é a viagem até Ítaca, traduzindo o nosso sentimento, num mar reviravolta durante, toda uma vida. Passo a passo!
“O poema ensina a cair
sobre os vários solos,
desde perder o chão
repentino sob os pés,
como se perde os sentidos
numa queda de amor,
ao encontro do cabo
onde a terra abate
e a fecunda
ausência excede.”
Uma multiplicidade de quedas que nos lembra que a vida não é mais do que isso mesmo, uma queda constante, a um ritmo que se quer equilibrado e com uma postura que se quer elegante, até ao momento final.
Num poema onde podemos viver momentos tão diferentes quanto na da nossa vida. Deu pra “relembrar” tantas coisas, a medida que ouvia.
Aprender a “cair” não significa que não sintamos a dor de cada queda, mas que lhe consigamos dar valor, como uma experiência de aprendizagem irrepetível. Afinal de contas, esta relação custo-benefício é comum em toda a experiência humana.
E quantas vezes uma certa dose de dor, ou de desconforto, não serve como marcador de uma situação de prazer? Aprender!!! Reaprender!!!
E… que nos ensinar a navegar por entre essa confusão de sentimentos. Ítaca, ao pontuar uma viagem que é de cada um com figuras épicas do imaginário grego, lembra-nos da nossa situação na História e, mais do que isso, de como a forma como encaramos a realidade acaba por definir a realidade em que vivemos. Aprender a cair não significa que não sintamos a dor de cada queda, mas que lhe consigamos dar valor como uma experiência de aprendizagem irrepetível.
Das dores de parto, às dores de estômago antes de um encontro romântico… das dores de esforço por algo que queremos de facto… às mazelas que ficam de um dia bem passado. A “dor” lembra-nos, invariavelmente, a sua ausência.
Poema, onde facilmente enxergamos a nossa vida como uma viagem no tempo entre dois pontos distintos. Ítaca, poema que narra a viagem de cada um rumo à ilha prometida, e que nos procura ensinar como desfrutar da deslocação.
Fazê-la atravessando momentos difíceis, cheio de dúvidas e incertezas, é como percorrer um caminho sinuoso ao largo de uma paisagem de cortar a respiração — a iminência do perigo faz disparar a adrenalina, aumentar a ansiedade, pode gerar medo ou pânico, mas é nessa imensidão de sentimentos que, por exemplo, um vale se agiganta à nossa contemplação. Quem não?
Pensei em estava onde tudo se encaixava, na hora e local exato de onde deveria estar. Que cada escolha que fiz, (ou desafio que surgia) teve uma consequência… e que aprendia com cada uma delas. Fortalecia-me e seguia em frente!
Seria tão belo um penhasco ou uma estrada sinuosa se a sua contemplação não fosse simultaneamente bela e vertiginosa.
Este poema Ítaca, recitado pelo ator Sean Connery – nesta versão legendada em portugês, aproveitem:
ITHACA (1910)
ÍTACA (1910)
Quando partires em viagem para Ítaca
faz votos para que seja longo o caminho,
pleno de aventuras, pleno de conhecimentos.
Os Lestrigões e os Ciclopes,
o feroz Poseidon, não os temas,
tais seres em teu caminho jamais encontrarás,
se teu pensamento é elevado, se rara
emoção aflora teu espírito e teu corpo.
Os Lestrigões e os Ciclopes,
o irascível Poseidon, não os encontrarás,
se não os levas em tua alma,
se tua alma não os ergue diante de ti.
Faz votos de que seja longo o caminho.
Que numerosas sejam as manhãs estivais,
nas quais, com que prazer, com que alegria,
entrarás em portos vistos pela primeira vez;
para em mercados fenícios
e adquire as belas mercadorias,
nácares e corais, âmbares e ébanos
e perfumes voluptuosos de toda espécie,
e a maior quantidade possível de voluptuosos perfumes;
vai a numerosas cidades egípcias,
aprende, aprende sem cessar dos instruídos.
Guarda sempre Ítaca em teu pensamento.
É teu destino aí chegar.
Mas não apresses absolutamente tua viagem.
É melhor que dure muitos anos
e que, já velho, ancores na ilha,
rico com tudo que ganhaste no caminho,
sem esperar que Ítaca te dê riqueza.
Ítaca deu-te a bela viagem.
Sem ela não te porias a caminho.
Nada mais tem a dar-te.
Embora a encontres pobre, Ítaca não te enganou.
Sábio assim como te tornaste, com tanta experiência,
já deves ter compreendido o que significam as Ítaca.
By: Konstantinos Kaváfis (1863-1933)
(Tradução: Isis Borges B. da Fonseca: Poemas de Konstantinos Kaváfis, São Paulo, Odysseus, 2006, p. 100-3)
Ilha de Ítaca, na Grécia, destino na Odisseia de Homero.
Conhecer melhor sobre como funciona a Saúde em Portugal, está sendo muito importante pra mim. Quer saber mais? Leia: Quando os brasileiros estão planejando a mudança para Portugal, uma dúvida que muitas vezes surge é se precisa contratar plano de saúde em Portugal. Afinal, no Brasil, contratar planos privados é bem comum, uma vez que o SUS, apesar de ser uma referência mundial em saúde pública, pode não funcionar tão bem em todas as situações.
Nesse artigo, explicaremos como os planos de saúde funcionam no país, se vale a pena contratar e quanto custa aderir ao serviço.
Precisa de plano de saúde em Portugal?
Não necessariamente.
O sistema público de saúde em Portugal é de bastante qualidade, mas utilizá-lo pode significar passar por longas filas.
O atendimento nos Centros de Saúde costuma ser mais acessível, mas, para casos de urgência em hospitais públicos, a situação pode ser diferente. As consultas com especialistas, por exemplo, também podem demorar para acontecer.
Mas é preciso esclarecer que isso depende muito da região. Em alguns locais o sistema funciona mais rápido, em outros (onde está mais sobrecarregado ou com falta de médicos) pode haver mais demora.
Avalie suas necessidades
A contratação de um plano de saúde em Portugal depende da avaliação e das necessidades de saúde e condições financeiras de cada um, mas certamente traz mais conforto e praticidade para quando precisar de um atendimento médico, principalmente, o especializado.
Como funciona o plano de saúde em Portugal?
Existe uma diferença entre plano de saúde em Portugal e seguro de saúde. Por isso, para quem planeja morar em Portugal, é essencial entender como funciona cada um deles. Vamos lá!
O plano de saúde em Portugal dá acesso a cuidados com a saúde do cliente, porém não é tão abrangente, já que apenas oferece descontos nas consultas e exames. Além disso, o cliente só poderá escolher médicos e clínicas associadas ao plano contratado e ainda pode haver limite de número de consultas anuais, a depender do plano.
Entenda o seguro saúde em Portugal
Já o seguro de saúde é um contrato assinado entre a pessoa física ou jurídica com uma seguradora específica. O cliente paga uma mensalidade e parte do valor da consulta, exame ou tratamento, quando o fizer. Pode ser que, dependendo do plano contratado, o cliente terá que arcar com todos os custos, e posteriormente, solicitar o reembolso do valor.
Além disso, o seguro oferece cobertura para os riscos de saúde e indeniza o cliente caso tenha algum problema sério relacionado com a saúde. O segurado também pode optar pelo médico, hospital e clínica de sua escolha.
Em resumo, o seguro de saúde em Portugal é bem similar ao plano de saúde coparticipativo que temos no Brasil.
Seguro ou plano de saúde em Portugal: qual o mais indicado?
Apesar de o plano de saúde em Portugal ser mais atrativo financeiramente, ele não é mais vantajoso. Porém, escolher entre um e outro é uma questão que depende da necessidade de cada um.
Para quem vai muito ao médico, ou vai morar a Europa com doença crônica, por exemplo, contratar o seguro de saúde é, sem dúvida, a melhor escolha. Isso porque, terá melhores opções de atendimento.
Já para aqueles que vão ao médico uma ou duas vezes ao ano, pode ser que o plano de saúde seja mais vantajoso.
Quanto custa um plano de saúde em Portugal?
Como expliquei, o plano de saúde em Portugal apenas oferece descontos na rede associada. Dessa maneira, os preços acabam sendo bem atrativos mensalmente.
Confira algumas empresas que oferecem plano de saúde em Portugal e veja ps preços praticados mensalmente.
*Preços consultados no dia 03 de janeiro de 2024, considerando os valores para uma consulta com médico especialista.
Quanto custa um seguro saúde em Portugal?
Os valores de contratação do seguro de saúde em Portugal variam conforme a idade e número de pessoas na família e histórico de saúde. Os valores relacionados na tabela foram simulados para duas pessoas com idade entre 35 a 45 anos e sem histórico de doenças graves.
*Preços consultados no dia 3 de janeiro de 2024 e considerando consultas com médico especialista.
Qual o melhor plano de saúde em Portugal?
Segundo a HelloSafe, uma plataforma comparativa sobre produtos de seguros, os 5 melhores seguros de saúde em Portugal são:
Medicare;
Médis;
Allianz;
Ageas;
Tranquilidade.
Vale reforçar que o melhor plano de saúde em Portugal é aquele que melhor atende às suas necessidades. Aconselho levar alguns pontos em consideração na hora de escolher:
Tamanho da rede médica e clínicas associadas à rede;
Valor do desconto nas consultas médicas;
Se oferece desconto em medicina alternativa e ginásio (academia);
Se possui médico a domicílio;
Limitação da quantidade de consultas;
Se inclui descontos em exames e tratamentos;
Valores das demais coberturas;
Se abrange a medicina dentária (dentista);
Preço do plano de saúde em Portugal.
Entre os planos de saúde em Portugal simulados na tabela, eu optaria pela Medicare ou Saúde Prime. Ambas contemplam todos os pontos citados acima.
E o melhor seguro de saúde?
Segundo a informação no site Compara Já, os planos da Médis e da AdvanceCare estão entre os melhores seguros de saúde em Portugal, mas também aconselho a pesquisar todos os pontos citados acima para saber qual melhor irá te atender.
Entre no site de cada uma das seguradoras, faça uma simulação inserindo a quantidade de pessoas, a idade de cada uma delas e analise com atenção todas as coberturas oferecidas. Só assim, encontrará o melhor seguro de saúde para você e sua família.
Sistema público x Sistema privado de saúde em Portugal
Do atendimento aos preços, existem muitas diferenças entre o sistema público e o sistema privado de saúde em Portugal. Conheça algumas delas.
Sistema público de saúde em Portugal
Funciona mais ou menos como o SUS no Brasil. O sistema de saúde pública em Portugal oferece atendimento para toda a população. Porém, diferente do que acontece com o SUS, o qual é totalmente gratuito, em Portugal pagava-se uma taxa nas consultas, exames e internações.
A taxa moderadora, como é chamada, tem sido reduzida nos últimos anos, e hoje é válida apenas para serviços de urgência hospitalar, quando o paciente não foi referenciado previamente pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou admitido a internamento através da urgência.
Mesmo assim, o atendimento ainda é gratuito para alguns grupos, como grávidas, crianças até 12 anos e doadores de sangue, células, tecidos e órgãos.
Imigrantes têm direito à saúde pública
Os estrangeiros que vivem legalmente em Portugal podem se inscrever no centro de saúde e solicitar o Número de Utente para usufruir do sistema público de saúde. Basta ir até o centro mais próximo da sua casa, levar o comprovante de endereço e a Autorização de Residência.
Para quem está planejando morar em Portugal, não esqueça de solicitar o PB4 online ou CDAM, um acordo bilateral entre Brasil e Portugal, que permite o acesso aos serviços de saúde do sistema público no país luso.
Diferenças em relação ao SUS
Assim como acontece no SUS, primeiramente, precisamos passar pelo Clínico Geral, e caso seja necessário, ele nos encaminha para a especialidade. O mesmo acontece em Portugal, você passa pelo Médico de Família e se necessário vai para a especialidade.
Porém, existe uma diferença entre os dois sistemas:
No SUS, dificilmente acontece do Clínico Geral ser o seu médico para o “resto da vida” e muito menos dele te ligar para te chamar para uma consulta de rotina;
No Sistema Nacional de Saúde em Portugal (SNS), quem tem um Médico de Família atribuído permanece sempre com ele ou até mudar de endereço (e consequentemente, de centro de saúde), uma vez que precisa estar inscrito na unidade mais próxima da sua casa.
E acredite, eles ligam mesmo para te dizer que já é hora de fazer a consulta e os exames de rotina, acompanhando a saúde do paciente.
Então não preciso de um plano de saúde em Portugal?
Depende.
Não é uma obrigatoriedade ter um plano de saúde em Portugal. A saúde pública funciona bem, principalmente nos centros de saúde, responsáveis pelos atendimentos de rotina e não tão urgentes.
Porém, para quem gosta da comodidade e de agilidade para marcação de consultas ou escolher seus médicos, um plano ou seguro de saúde é essencial. Como explicado, as consultas com especialistas pelo sistema público em Portugal podem demorar.
Sistema privado de saúde em Portugal
O sistema de saúde privada em Portugal é bastante parecido ao do Brasil: você pode marcar uma consulta ou outro tipo de atendimento por telefone, às vezes para o mesmo dia ou o dia seguinte.
Os preços são bastante elevados e podem chegar a quase 100€ para uma consulta especializada sem plano de saúde ou seguro saúde em Portugal.
Caso você possua esse serviço, deve procurar pelos centros de saúde e hospitais conveniados, e pagará valores bem menores, entre 15€ a 30€ para uma consulta especializada, dependendo do seu contrato e da coparticipação da seguradora.
Custos médicos e cirúrgicos em Portugal
Os custos podem ser muito variados, dependendo do tipo de atendimento realizado. Confira alguns exemplos a seguir:
No público
Desde o fim das taxas moderadoras no Sistema Nacional de Saúde de Portugal, os atendimentos e as cirurgias passaram a ser gratuitos nos hospitais públicos — se referenciado pelo atendimento do SNS, apenas com as exceções já explicadas.
Nesses casos, os atendimentos de urgência não referenciados pelo SNS terão os seguintes custos:
*Valores incluem fármacos e consumos indiferenciados e diária de assistência médica. Importante destacar que cada hospital em Portugal tem a sua própria tabela de preços.
Vantagens de ter um seguro ou plano de saúde em Portugal
Ter um plano de saúde em Portugal ou um seguro saúde pode ser uma boa ideia. Ele oferece diversas vantagens em relação à utilização do sistema público de saúde, como:
Não ter que enfrentar longas filas para atendimentos de urgência;
Não ter que esperar meses por uma consulta médica;
Poder escolher o local de atendimento de preferência;
Poder escolher o médico de preferência.
Vale a pena ter plano de saúde ou seguro de saúde em Portugal?
Na nossa opinião, vale a pena ter um plano ou seguro de saúde em Portugal. Eu, Lívia, particularmente tenho boas e péssimas experiências com o sistema de saúde pública no país.
No Centro de Saúde da minha freguesia, sempre consegui ser atendida muito bem, apesar de ter esperado um pouco mais de dois anos até ter uma atribuição de um médico de família. Sempre que precisei de um atendimento, fui atendida em cerca de 30 minutos/1 hora ou em poucos dias, a depender da urgência.
Porém, tive duas experiências péssimas na urgência do Hospital São João, no Porto. A primeira, foi quando achei que tinha quebrado meu dedo mindinho e fiquei mais de 5 horas aguardando para ser atendida por um Ortopedista. No final, fizemos um raio-x e concluímos que não era uma fratura. No entanto, após alguns dias, meu dedo não desinchava, até que o próprio corpo expeliu um caco de vidro — algo simples que o médico poderia ter olhado melhor.
A segunda foi uma infecção séria que tive na garganta. Aguardei inicialmente mais de 3 horas por um atendimento, até que perguntei para o segurança qual era a média do tempo de espera. Ele me respondeu: “geralmente de 4 horas, mas hoje o hospital está bem agitado e o tempo está de 8 horas para mais”.
Depois dessa resposta, eu peguei a mochila e fui para casa. Marquei um médico particular para o dia seguinte e que me custou 85€ e mais alguns euros na farmácia.
Desde então, resolvi contratar um seguro de saúde em Portugal e garantir um atendimento mais rápido para algumas situações específicas. Porém, quando não tenho nenhuma urgência, continuo recorrendo ao sistema público de saúde.
Portugal possui hospitais de excelência
Só para deixar claro, apesar da minha experiência ruim, o Hospital São João é um dos melhores hospitais de Portugal, e o terceiro maior do país. A minha experiência não anula em nenhum momento o trabalho dos profissionais de saúde que ali atuam.
Pelo contrário, só de passar algumas horas aguardando pelo atendimento, dá para perceber o quanto é um hospital de qualidade e a quantidade de pessoas que passam diariamente por ali.
Se está planejando a mudança para o país luso, recomendo o Programa Morar em Portugal. Uma série com várias videoaulas com todo o passo a passo da mudança. Inclui ainda o ebook Como Morar em Portugal para tirar todas as dúvidas e que será o seu “livro digital de cabeceira” para planejar a mudança legalmente e com muito planejamento.
E se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco um para o outro, senta ao meu lado assim mesmo. Deixa os nossos olhos se encontrarem vez ou outra até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao meu lado e deixa o meu silêncio conversar com o seu. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras.
Mais um assunto que ando pesquisando. Mudar de país, te faz aprender e se manter atualizado sobre tudo que anda acontecendo por lá. Gostei muito desta reportagem, leiam…
Diante das preocupações com a imigração irregular e o aumento das ameaças à segurança, os governos europeus buscam garantir a eficácia dos mecanismos de administração fronteiriça. No entanto, atrasos na implementação das novas medidas de segurança da União Europeia (UE) colocam Portugal em risco de ser suspenso do Espaço Schengen.
Entenda mais detalhes sobre a situação.
Questões de segurança podem suspender Portugal
Portugal enfrenta o risco de suspensão do Espaço Schengen devido ao atraso na implementação dos sistemas essenciais para os novos procedimentos de controle de fronteira da União Europeia.
Dispositivos biométricos precisam ser instalados nos aeroportos, viabilizando a operacionalização do Sistema de Entrada e Saída (SES) e do Sistema Europeu de Informação e Autorização de Viagens (ETIAS). Até abril, esses equipamentos ainda não haviam sido solicitados.
Implementação dos sistemas se aproxima
O ETIAS, inicialmente programado para lançamento em 2020 e adiado em várias ocasiões, agora está previsto para 2025.
Ele se tornará obrigatório para cidadãos de países terceiros (pessoas que não são cidadãos de países da União Europeia ou de países associados ao Espaço Schengen) hoje isentos de visto para Europa, exigindo o preenchimento antecipado de um formulário online. As informações fornecidas serão verificadas em bancos de dados da UE e da Interpol para decidir sobre a aceitação de uma determinada pessoa ou não.
Ao pré-avaliar os viajantes, o ETIAS planeja ajudar a identificar potenciais riscos à segurança, incluindo aqueles relacionados à imigração ilegal. Ao verificar antecipadamente a elegibilidade de quem entra em determinado país, o sistema busca prevenir a entrada de pessoas indesejadas, como imigrantes ilegais ou indivíduos associados a atividades criminosas.
Quanto ao SES, trata-se de um sistema eletrônico desenvolvido para registrar e armazenar informações sobre a entrada, saída e recusa de entrada de indivíduos. Esse sistema automatizado substituirá os tradicionais carimbos manuais nos passaportes.
Testes dos novos sistemas iniciam em julho
Os dispositivos necessários para os recentes procedimentos de controle de fronteiras devem passar por testes e validações até julho, o que significa que o prazo está a menos de dois meses de distância.
Julho marca o período em que os Estados-membros da União Europeia devem emitir uma declaração de prontidão, um processo pelo qual comunicam formalmente à Comissão Europeia que estão preparados para implementar medidas ou regulamentações específicas.
Governo português está correndo contra o tempo
O governo de Portugal está agindo com urgência para solucionar o atraso na instalação dos sistemas. A intenção é adquirir os equipamentos por meio de um processo que não requer licitação. Esse procedimento envolve uma série de trâmites burocráticos, incluindo uma avaliação conduzida pelo Tribunal de Contas.
No presente caso, o Tribunal está examinando dois contratos de software celebrados com empresas encarregadas do desenvolvimento de aplicativos de computador para o sistema em questão. A revisão é uma prática comum em contratos públicos, visando garantir a conformidade legal, a transparência e o uso eficiente dos recursos públicos.
Essa medida está sendo tomada devido à urgência em resolver o atraso e garantir que os sistemas de controle de fronteiras estejam operacionais até o prazo estabelecido.
Para a administração atual, culpa é do governo que antecedeu
O governo atual atribui a responsabilidade pelo atraso na aquisição dos equipamentos necessários ao seu antecessor, o primeiro-ministro Antônio Costa. Embora a gestão anterior tenha aprovado a autorização de despesa de 25 milhões de euros em março, não prosseguiu com o processo de licitação para adquirir os equipamentos no prazo necessário.
E, até o momento, ainda existe a possibilidade do processo não ser finalizado no prazo estipulado.
No entanto, acredita-se que seja pouco provável que Portugal não cumpra a declaração de prontidão até julho. O sistema precisa estar operacional em outubro, três meses após a declaração de prontidão.
Para a etapa que precisa ser validada até julho, o custo estimado é de 3 milhões de euros.
Extinto SEF não cumpriu implementação
As políticas de migração em Portugal, em conjunto com os repetidos atrasos na implementação de medidas de controle de fronteiras, vêm gerando preocupações entre os países da União Europeia.
Um ponto central de preocupação é justamente a implantação do sistema ETIAS, que todos os países-membros devem ter em funcionamento até outubro, para iniciar suas operações em 2025.
Caso os recursos tivessem sido utilizados, é provável que hoje o país já estaria preparado para as novas regras de segurança nas fronteiras.
Suspensão pode afetar a economia portuguesa
O ministro da Presidência, Antônio Leitão Amaro, advertiu sobre o impacto profundo no setor turístico português em pleno verão europeu.
Primeiramente, a suspensão do Schengen implicaria na reintrodução de controles de fronteira entre Portugal e outros países, o que poderia dificultar e atrasar as viagens dos turistas, aumentando os custos e diminuindo a conveniência.
Além disso, a suspensão poderia gerar uma percepção negativa sobre a segurança e estabilidade do país, afetando a confiança dos turistas e reduzindo o número de visitantes.
Isso, por sua vez, pode resultar em uma queda nas receitas do turismo e no fechamento de empresas e postos de trabalho no setor, impactando negativamente a economia de Portugal.
Somente entre janeiro e junho de 2023, mais de oito milhões de visitantes estrangeiros desembarcaram em Portugal. O Instituto Nacional de Estatística (INE) observou ainda que o número de passageiros que transitaram pelos aeroportos portugueses no primeiro semestre de 2023 aumentou quase 30% em relação ao ano anterior.
Apesar da inflação global e dos desdobramentos contínuos das guerras, as perspectivas apontavam, até então, para um desempenho semelhante em 2024, com potencial para manter ou superar os recordes estabelecidos no setor.
No entanto, com a incerteza se Portugal conseguirá cumprir os prazos para controle das fronteiras, ainda não é possível saber se o turismo será afetado ou não pela possível suspensão do Espaço Schengen.
Espaço Schengen facilita circulação
O Espaço Schengen representa uma área de livre circulação entre os países signatários do Acordo de Schengen, permitindo que as pessoas transitem sem restrições nas fronteiras internas. Este acordo iniciou em 1985, com cinco países, expandindo-se posteriormente para outros, como Portugal em 1991.
Com o tempo, foi incorporado à legislação da União Europeia, abrangendo a maioria dos países da UE e alguns Estados associados, como a Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça — atualmente são 29 países no total.
Uma das principais responsabilidades dos Estados-membros é o controle das fronteiras externas, seguindo um conjunto de regras comuns. Isso implica que cada país deve garantir o controle eficaz de suas fronteiras externas, que passam a ser consideradas não apenas suas, mas também do Espaço Schengen todo.
Além da facilitação das viagens, a adesão ao Espaço Schengen fortalece a cooperação na luta contra o crime transfronteiriço, com uma colaboração policial e judicial mais eficaz. O Sistema de Informação Schengen (SIS) desempenha um papel crucial nesse aspecto, permitindo o compartilhamento de informações sobre pessoas desaparecidas, procuradas ou objetos roubados, contribuindo assim para a segurança interna.
Portugal, juntamente com diversos outros países europeus, faz parte do Espaço Schengen, usufruindo dos benefícios dessa integração, como a eliminação dos controles nas fronteiras internas e a facilitação das viagens entre os Estados-membros.
Acompanho o site da Eurodicas a muito tempo, desde que comecei a querer morar em Portugal, depois da nossa aposentadoria. A minha já aconteceu em 2012, já a do meu marido será em março de 2025. Planejo com muito cuidado esta mudança, passo a passo, para com conhecimento geral sobre o novo país, levar todos os documentos e saber os cuidados necessários podermos ter um sucesso maior nesta mudança, sem muitos imprevistos nesta hora. Um cuidado e uma atenção maior acontece por estarmos na terceira idade. Gostei muito deste artigo que faz uma reflexão e dá dicas sobre fazermos da nossa casa… nosso lar. Leiam:
Você já pensou que sua casa é onde você está? Ao chegar a um novo país, as ruas podem ser intimidadoras. Lidar com pessoas, idiomas e regras diferentes pode ser desafiador, e é comum que a casa do imigrante seja o refúgio onde buscam conforto e paz. Transformar uma casa em lar pode demandar tempo, especialmente no exterior, onde tudo é novidade.
Algo que muitos estrangeiros desconhecem é que a nossa casa pode ser um reflexo da nossa mente. Em outras palavras, se ela está desorganizada ou incompleta, pode ser um momento oportuno para refletir se sua mente está na mesma condição.
Por que é importante construir um lar?
Numa coluna, já falaram sobre o clima e o fuso horário, falaram sobre como lidar e se adaptar com as diferenças e abordou como o ambiente externo pode afetar na saúde mental dos imigrantes. Mas é importante ressaltar que os ambientes internos também têm esse efeito.
É essencial para o imigrante explorar novos lugares e culturas para se integrar a um novo país. No entanto, para vivenciar completamente a experiência da imigração, é fundamental que o seu lar acompanhe esse processo, proporcionando uma harmonia entre o sentimento de pertencimento tanto nas ruas de um novo país quanto nos momentos individuais da sua rotina em casa.
Para aqueles imigrantes que não se sentem adaptados á nova cultura, seu lar pode refletir esse sentimento de não pertencimento. É comum que, sem perceber, o estrangeiro evite se estabelecer em sua casa, pois isso significa a concretização da mudança e ele pode se sabotar, sentindo-se culpado por abandonar suas raizes.
Nesses casos, é válido reconhecer a importância de se sentir pertencente e acolhido em sua própria residência. Gradualmente, isso pode estimular o sentimento de pertencimento em outras áreas da vida, como no trabalho, círculos de amizade ou atividades fora de casa.
Crie um ambiente acolhedor, invista em itens que transmitam conforto e tranquilidade, mesmo as pequenas decorações, como almofadas, plantas ou porta-retratos, podem fazer uma grande diferença.
As necessidades de cada perfil
Existem diversos perfis de imigrantes, e a maneira com escolhem conduzir sua jornada pode afetar sua adaptação. Cada um enfrenta dificuldades e facilidades específicas, por isso reconhecer suas necessidades individuais é essencial.
Vou falar sobre os principais perfis de estrangeiros e trazer algumas sugestões que podem ajudar a transformar suas casas em verdadeiros lares.
Estudantes ou intercambistas
Esses são casos bastante comuns em que os estudantes precisam compartilhar acomodações com pessoas desconhecidas, às vezes de diferentes nacionalidades. A falta de intimidade e os espaços partilhados, geram frequentemente a sensação de viver em um ambiente estranho, quando, na verdade, a casa é de todos.
Esse sentimento pode levar o estudante ao isolamento social ou a se sentir excluído dentro do seu próprio lar. A limitação de espaço pode tornar esse processo mais desafiador. Por isso, é crucial investir nos espaços, mesmo que sejam pequenos.
Sugestões para melhorar a sua casa enquanto estudante
Por exemplo, se você tem apenas uma cama, é importante garantir que ela seja confortável. Se houver uma parede vazia, pendure fotos suas ou de pessoas especiais para você. Tente trazer objetos pessoais e simbólicos que o ajudem a se reconectar com a sua própria identidade.
Outro aspecto importante é estar aberto a conhecer e conviver em harmonia com os seus companheiros de casa. Estabelecer regras claras e investir em uma comunicação efetiva pode ser essencial para evitar mal entendidos, já que a responsabilidade pela casa deve ser de todos.
Além disso, os colegas de casa podem proporcionar uma oportunidade para socializar, e obter apoio de pessoas que estão passando por situações semelhantes.
Imigrantes solo
Nesses casos, é comum que o objetivo do imigrante seja viver de forma independente, sem compartilhar sua casa com outras pessoas, podendo ou não ter tido essa experiência no Brasil. No entanto, as dinâmicas podem ser diferentes no exterior.
O sentimento de solidão pode ser mais intenso, e a falta de conexão com a cultura pode se estender para a sua própria residência, já que não há ninguém para compartilhar suas emoções e fortalecer os vínculos com seu país de origem.
Ter companhia durante o processo de imigração pode alterar a perspectiva que se tem da sua casa. Isso ocorre porque as pessoas contribuem para transformar sua residência em um lar. Você pode compartilhar suas preocupações no seu próprio idioma, receber apoio nos momentos difíceis e celebrar as alegrias com alguém.
Sugestões para melhorar a sua casa morando sozinho
Quando se emigra sozinho, é fundamental que a sua casa proporcione acolhimento, mesmo que você seja o único ocupante. Nesses casos, você tem mais liberdade para decorar o espaço, trazendo objetos que lhe tragam conforto e reflitam sua personalidade.
Também é importante valorizar sua própria companhia e se sentir confortável em estar sozinho, especialmente em um ambiente que tenha esse propósito. A solitude é benéfica e podemos usar para autoconhecimento.
Naturalmente, é importante buscar momentos de socialização também. Fazer novos amigos, estar aberto a socialização. Outra sugestão é convidar pessoas para visitar sua casa, sejam visitantes do Brasil ou amigos que vivem no exterior. Isso pode criar uma sensação de movimento em sua residência, mostrando que além de acolher a si mesmo, você também pode acolher os outros.
Casal de imigrantes
Nesses casos, o casal que decide emigrar junto conta com a companhia um do outro, porém é essencial aprenderem sobre o seu papel na relação. Os dois podem enfrentar muitas situações estressantes juntos, e por isso, é crucial saber como ser o suporte um do outro para evitar transformar o lar em um ambiente mais estressante ainda.
Construir ou decorar uma casa juntos pode proporcionar a sensação de companhia, porém, é possível se sentir solitário mesmo na presença de seu parceiro. Além disso, é importante ter cuidado para não sobrecarregar um ao outro, pois na maioria das vezes eles são suas únicas companhias.
Sugestões para melhorar a casa do casal imigrante
Casais que estão pensando em viver a experiência da imigração devem cuidar para evitar que tragam os problemas que já existem no Brasil para o exterior. Ao chegar no novo país, também é essencial evitar misturar o que é da relação entre os dois e o que é pessoal de cada um. Quando a convivência se torna intensa demais, sua casa pode se tornar apenas um local para despejar problemas, em vez de um verdadeiro lar.
Para um casal, a sua casa representa o espaço onde escolheram compartilhar e construir suas vidas em conjunto; por isso, é tão importante cuidar dela. Quando o casal está em harmonia, isso se reflete no ambiente doméstico, tornando-o um lugar agradável para continuarem juntos na jornada migratória e do casamento.
Famílias com filhos
Pais de crianças pequenas ou adolescentes, passam por grandes adversidades na imigração. Lidar com a própria adaptação já é um grande desafio, e somar isso à preocupacao com a adaptação dos filhos torna tudo ainda mais complexo.
No início da mudança é comum que os filhos tenham dificuldade em compreender o sentido dessa transição e os altos e baixos do processo. Isso pode resultar em grande frustração e afetar a dinâmica familiar, influenciando na percepção da criança sobre onde é o seu verdadeiro lar, no Brasil ou na casa nova.
Sugestões para melhorar a casa da família
É crucial que a família seja paciente durante esse processo, e sempre que possível, envolva os filhos em atividades que promovam a conexão entre eles. Por exemplo, permitir que a criança tenha autonomia para decorar seu novo quarto, escolhendo alguns móveis ou decorações, isso ajudará a criar uma maior afinidade com esse novo ambiente.
Além disso, pode ser útil trazer para a residência objetos ou brinquedos que tenham significado para a criança, para que ela associe a nova casa. Reproduzir atividades familiares que costumavam fazer em sua casa antiga, como noite de jogos ou sessões de filmes em família, pode proporcionar mais segurança para a criança, e consequentemente para toda a família.
Tenha paciência com o tempo da mudança
Há diversas maneiras de viver a imigração, e diversas formas de como transformar a sua casa em um lar. É importante reconhecer que cada indivíduo possui as suas próprias necessidades… e tem seu tempo próprio.
Essas dicas podem te oferecer um direcionamento e estimular a refletir sobre esse processo, mas é essencial incluir o autoconhecimento para determinar se essas sugestões são suficientes para que você se sinta em casa na nova cultura.
Esse é um processo lento e desafiador, que pode exigir paciência, mas alcançar o senso de pertencimento em sua casa deve ser um dos maiores objetivos do processo de adaptação do imigrante. Se você estiver enfrentando dificuldades significativas, não hesite em buscar ajuda, seja de uma terapia psicológica ou da comunidade de brasileiros que vivem no seu país.
Compartilhar experiências em um ambiente seguro com pessoas que enfrentam situações semelhantes pode ajudá-lo a se sentir mais integrado, tornando sua adaptação mais leve e reduzindo a sensação de solidão.
Durante este meu período de planejamento para me mudar para Portugal, depois dos 60 anos… pesquisei sobre vários assuntos. Sobre o custo de vida, considerando desde onde iria morar, suas despesas gerais até sobre a minha formação, me informando como fazer para revalidar meu diploma. Confesso que aposentada, não tinha certeza se gostaria de trabalhar ainda por lá ou estudar. Mas queria deixar tudo organizado para poder fazer minhas escolhas com mais autonomia e segurança.
Acompanho muito o site da Eurodicas, e compartilho com vocês algumas reportagens, como está agora 👀 de Marcos Freire. Muito bom. Importante saber que eu quero estar aberta para novas experiências, fazer muitas descobertas com uma melhor qualidade de vida. Mas, com atenção a como são as coisas por lá. Estou atualmente organizando minha papelada escolar, muitas empoeiradas, até esquecidas… se tornando vivas novamente. Me reiventando dia a dia, ousando me mudar depois dos 65 anos, bem planejado… tudo isto para ficar mais perto de meus filhos que moram na Europa: Paris e Londres.
Leiam: Quem já leu meus outros artigos, (especialmente o primeiro deles, onde conto um pouco sobre o nosso processo de mudança para Portugal) sabe que quando cheguei aqui na terrinha já tinha mais de 50 anos de idade e era (e ainda sou) totalmente ativo profissionalmente. Ou seja, não viemos como aposentados (ou reformados, como dizem por aqui). Ao contrário, queria muito trabalhar, tanto por prazer pessoal quanto por necessidade mesmo. Aliás, não dizem que os 50 são os novos 30 ou 40 anos?
Então, os “cinquentões” ainda tem muito a produzir, a criar, a ensinar e a aprender no mercado de trabalho. Mas, é fácil se inserir no mercado de trabalho partindo praticamente do zero? Não, não é. Quem sabe minha trajetória profissional (e a de outros imigrantes com quem eu convivo e que estão na mesma faixa etária) possam ajudar ou dar alguns caminhos para aqueles que também querem emigrar com mais de 50 anos de idade.
Saiba como foi mudar para Portugal com mais de 50 anos
Claro que vale repetir: minhas escolhas talvez não façam sentido para todos. Meus receios podem não ser os mesmos de outras pessoas. Os sapos que decidi engolir podem não passar por outras gargantas. Minhas alegrias igualmente podem não fazer nem cócegas em outros corações.
Mas a mensagem é a seguinte: sempre é tempo para reescrever uma nova história de vida e não há receita única. E Portugal pode realmente ser um lindo cenário para as novas experiências.
Portugal tem uma grande população acima de 50 anos de idade
Ninguém precisa se sentir deslocado por ter 50 anos ou mais quando chega em Portugal. O país já é um dos que tem a idade média mais alta de toda a comunidade europeia. Dados oficiais mostram que 22,1% da população portuguesa tem mais de 65 anos de idade, praticamente empatado com Grécia e Finlândia (ambos com 22,3%), todos os três perdendo apenas para a Itália (23,2%).
Há 20 anos, esta faixa etária da população portuguesa ficava em torno de 16% do total, o que mostra como o envelhecimento tem sido muito maior do que o número de nascimentos.
Se considerar a faixa etária a partir dos 50 anos, este grupo populacional representa mais de 40% de todas as pessoas que vivem no país.
Neste ritmo, a projeção é que Portugal passe a ser o país mais “envelhecido” da Europa por volta de 2050, praticamente empatado com Grécia e Itália, todos com quase 34% da população passando dos 65 anos de idade.
Muita gente acima de 50 anos no mercado de trabalho
Logo que chegamos, fiquei encantado com a quantidade de pessoas mais velhas trabalhando. Via isso sob a ótica de que era positivo existir um mercado de trabalho aberto a essa faixa etária.
Professores e professoras do meu filho eram mais velhos, funcionárias da escola eram mais velhas, motoristas de táxi eram mais velhos.
Senhoras vendendo peixe nas suas barracas na calçada, outras tantas no mercado municipal, alguns varrendo a rua, caixas de supermercado, balconistas nos cafés, garçons nos restaurantes e por aí vai.
Não deixa de ser positivo, mas hoje já vejo que tinha uma certa miopia e muito romantismo nesse meu deslumbramento.
Trabalhar é importante, sem dúvida, mas muitos daqueles que estavam ainda pegando pesado em trabalhos bem operacionais preferiam estar com a vida mais tranquila.
Talvez cuidando dos netos, da horta, passeando ou até mesmo viajando. Ou seja, não trabalhavam porque queriam, mas porque ainda precisavam, mesmo já tendo dedicado algumas décadas da vida ao trabalho.
Idade para aposentadoria em Portugal
Hoje, a idade normal para pedir a reforma é aos 66 anos e 6 meses de vida.
A idade é ajustada a cada ano (dependendo de variações, por exemplo, na expectativa de vida da população) e ao menos 15 anos de contribuição para a Seguranca Social. Mas quem não conseguiu guardar regularmente algum dinheiro ao longo da vida de trabalho terá certa dificuldade com os valores baixos, na média, pagos aos reformados.
Acompanho com frequência as postagens no LinkedIn, a rede de contatos profissionais, e vejo muitas discussões sobre a dificuldade de os profissionais com mais de 50 anos se recolocarem nas grandes empresas do Brasil, mesmo tendo ótimos currículos.
E o olha que nosso país é sede de muitos e imensos grupos empresariais, além de ter também inúmeras médias e pequenas empresas.
Quando olhamos para Portugal, vemos que o mercado de trabalho é o realmente muito menor, até mesmo pelo tamanho do país e da população. Além disso, algumas das multinacionais que atuam na Península Ibérica tem seus maiores escritórios cruzando a fronteira, na Espanha, de onde gerem os negócios. Muitas mantém escritórios ou representações menores em Portugal.
Mas, claro, há também grandes grupos empresariais portugueses, grandes profissionais e um mercado dinâmico. E uma grande vantagem: enquanto o desemprego no Brasil gira em torno de 14%, em Portugal fica mais ou menos na metade disso.
Também existem dificuldades no mercado de trabalho português
Mas a dificuldade não é apenas por já termos 50 anos ou mais. Há algo que funciona por aqui exatamente como no Brasil: rede de relacionamento!
E isso, para quem está chegando em um país novo, é uma grande desvantagem. Mesmo que alguns contatos já tenham sido feitos quando ainda estavam no Brasil, os brasileiros que chegam aqui em busca de alguma oportunidade vão sentir bem o peso de ter que começar uma nova rede de contatos no campo profissional.
Por aqui, ter uma boa “cunha” (o que para nós é aquele amigo ou conhecido que pode abrir algumas portas ou dar aquele “empurrãozinho”) ajuda bastante.
Por mais que as empresas estejam abertas a receber os currículos por email ou pelo website, quando a indicação vem de alguém conhecido o peso é realmente muito maior. E quando se tratam de empresas menores, muitas delas familiares, ter alguém que indique faz toda a diferença.
Ter uma rede de contatos facilita a busca
Na prática, nada de ficar em casa mandando o CV pela internet a espera de algum retorno. Até pode ser que funcione, mas o negócio é mostrar a cara, literalmente.
Tanto vale deixar o CV pessoalmente em locais onde se pretende buscar uma oportunidade. Pode ser no hotel em que acha que pode ter uma vaga, na fábrica, no restaurante, no café, no bar, na loja. Puxar conversa com as pessoas e mostrar que tem interesse em trabalhar ajuda bastante no primeiro momento.
Nas cidades menores o processo pode ser mais fácil
Em uma cidade pequena, a estratégia funciona ainda mais. Todos costumam ser bem receptivos, pois sabem a importância do trabalho.
O motorista de táxi pode dar dicas, a caixa do supermercado talvez saiba onde estão precisando de gente, e assim por diante. Uma boa caminhada pela cidade, mesmo nas grandes, pode oferecer um mundo de oportunidades. Mantenha os olhos abertos para ver nas montras (as nossas vitrines) os cartazes pedindo colaboradores.
Claro que as grandes empresas ou multinacionais não vão contratar gerentes ou diretores com cartazetes na porta, mas para elas também vale a rede de relacionamento.
Falo com experiência de quem, por via das dúvidas, já mandou currículos para praticamente todos os grandes grupos portugueses, simplesmente utilizando a tradicional aba “Trabalhe conosco” dos sites, sem receber, na maioria dos casos, qualquer retorno.
Ou, apenas aquele retorno do tipo “Obrigado, mas seu perfil não se encaixa nas oportunidades que temos”. E tudo bem, isso também faz parte do jogo.
Equivalência do diploma em Portugal
Quando decidimos mudar de país, veio conosco o desejo de também buscar coisas novas no campo profissional. Talvez por justamente já ter mais de 50 anos e ter me sentido realizado profissionalmente em vários momentos ao longo da carreira, não me preocupei muito em continuar apenas na mesma trajetória, na mesma área, fazendo as mesmas coisas.
Claro que isso é um sentimento muito particular e entendo perfeitamente aqueles que chegam como engenheiros ou advogados por exemplo, e buscam seguir avançando aqui exclusivamente na mesma carreira.
Talvez por esse meu “desapego” profissional, deixei de fazer algo que pode tornar a vida um pouco mais difícil: pedir a equivalência do diploma universitário. Ou seja, meus diplomas de Jornalismo pela PUC-SP, de Administração pela FGV-SP, e de MBA pela Fundação Dom Cabral pouco valem por aqui.
Mas nunca deixei de trabalhar por causa disso. Porém, claro, foram em áreas e circunstâncias em que os diplomas não foram necessários.
Validar seu diploma é fundamental
Uma vez, pouco depois de ter chegado por aqui, estive no Centro de Emprego e Formação Profissional, uma instituição que apoia os desempregados, dá orientação sobre o mercado de trabalho, oferece cursos de formação e aperfeiçoamento.
Queria entender melhor esse novo ambiente em que eu estava chegando e me cadastrar. Quando preenchi meu cadastro, pediram minha formação e eu, todo orgulhoso, soltei tudo o que tinha feito.
Para eles, sei ler e escrever (pensei em dizer que também era bom de tabuada, mas achei que não ia ajudar). Não posso criticar, pois eu não fiz – ainda – a minha “lição de casa”.
Muita atenção ao reunir a documentação necessária
Por isso, dependendo do que pretende fazer profissionalmente em Portugal, lembre de colocar na bagagem toda a documentação necessária para acertar os seus diplomas, o que inclui até mesmo o seu histórico escolar do ensino médio, aquele que você, se já tiver passado dos cinquenta anos de idade, terminou há mais de 30 anos. E “apostilar”, para ter validade lá.
Vale lembrar também que há uma série de profissões em que há acordos com as entidades que representam as categorias profissionais (como OAB e CREA), o que pode tornar tudo mais fácil. Embora esteja ocorrendo algumas mudanças, importante se informar sobre a situação atualizada lá no país. Tudo deve ser apostilado.
Podemos mais do que imaginamos
Darwin já dizia que sobrevivem aqueles com maior capacidade de adaptação, não obrigatoriamente os mais fortes.
Chegar em um novo país e seguir firme nesta nova vida é realmente um grande experimento “darwinista”. Já cruzei com gente muito confiante, forte, mas cheia de restrições do tipo “isso eu não faço” ou “só trabalho na minha área”.
E esses tendem a ser os primeiros a desistir da ideia de uma vida realmente nova. Tirando, naturalmente, coisas que vão de encontro aos nossos princípios morais e éticos, estar aberto ao novo (principalmente para quem tem mais de 50 anos) pode ser a linha que separa o sucesso do fracasso nesta empreitada.
O lado bom de encarar os novos desafios e apostar na resiliência: descobrimos que somos bons em muita mais coisas do que imaginávamos e que também gostamos e nos divertimos com atividades que até então pareciam nem passar por perto do nosso repertório. É quase como aquele prato que não gostamos de comer, sem nunca ter experimentado. Um dia, na casa de alguém, com certa cerimônia, acabamos comendo e até gostando.
Ou quando a fome aperta e a gente descobre que está num pequeno restaurante de estrada, no meio da noite, e que provavelmente não terá nada aberto até o dia seguinte. Comemos e ainda fica aquela sensação de que “até não é tão ruim assim”.
Encarando novas experiências
Desde que cheguei, vim disposto a abrir meu leque de opções profissionais. Descobri a hotelaria, trabalhei em café e em fábrica.
Confesso que me diverti muito em todas essas experiências. Serão novas carreiras? Vou crescer do ponto de vista de cargos? Provalvelmente não. Mas, como disse, não é isso que me move hoje.
Simplesmente fui me adaptando e encaixando o que eu já tinha de habilidades às novas demandas que foram surgindo. E tudo isso sem “trair” meu amor pela comunicação, pois continuo a escrever (você está lendo esse artigo, não?), criando conteúdos para redes sociais, colaborando pontualmente com agências de comunicação no Brasil.
E assim como eu, há outros brazucas “cinquentões” (ou até mesmo na casa dos 60, 70 anos) que se reinventam, decidem empreender. Há lojas de roupas e pratas, cafés, um variado comércio (virtual ou físico) de coxinhas, pão de queijo, pizza, feijoada, produtos brasileiros em geral. Todos com nossos conterrâneos, tanto no atendimento quanto na gestão.
Os que vão para as fábricas, dirigem caminhões (os “pesados”, como se diz por aqui), e que vão ter contato direto com o público nos cafés e nos restaurantes (diga-se de passagem que o jeito mais expansivo do brasileiro casa muito bem com os cafés e restaurantes), vão vender imóveis. São diversas as possibilidades!
“Ah, mas eu sou engenheiro formado pelo ITA e quero uma oportunidade na minha área”. Ok, vale tentar sim. Mas não deixe de olhar para tantas portas que se abrem e que podem parecer tão “nada a ver” e que, no final, nos realizam tão ou mais do que o modelo ao qual estávamos acostumados.
Nem tudo é trabalho
Claro que trabalhar é importante, principalmente se você não tem uma fonte de renda no Brasil que, dividida por mais de seis, possa te dar o conforto que você quer aqui na Europa. Nunca é demais lembrar que aqui gastamos em euros. Mas nem tudo gira em torno do trabalho, felizmente.
E para nós, os 50+, Portugal tem muito a oferecer. Nem vou falar sobre segurança, tranquilidade, porque teria pouco a acrescentar a tudo que é falado em todos os sites e portais, por exemplo. Mas a tranquilidade e a segurança fazem realmente a diferença para que tenhamos vontade de fazer uma série de coisas que, por receio ou medo, fomos deixando de lado no Brasil.
Posso falar com conhecimento de causa sobre andar de bicicleta, por exemplo. Eu já estou mais para os sessenta do que para os cinquenta e adoto a bicicleta para praticamente tudo o que faço. Do trabalho ao supermercado, dos passeios pela cidade até às pedaladas mais longa para conhecer o país. Já pedalava no Brasil, é verdade, mas aqui a sensação de segurança é muito superior. Vivo numa cidade pequena, o que ajuda.
Talvez, para a turma de Lisboa e do Porto, os cuidados tenham que ser maiores, mas os riscos estão bem longe daqueles de São Paulo. Aos finais de semana, principalmente, cruzo com pelotões de ciclistas na beira da estrada, grande parte deles já com cabelos brancos.
Os cafés na praia do Furadouro, perto de casa, ficam cheios de bikers. Vez ou outra ponho a magrela no comboio e vou até o Porto, para depois voltar pedalando para casa, sempre cruzando com “velhinhos” sobre duas rodas.
Qualidade de vida no dia a dia
No dia a dia é a mesma coisa: senhoras de bicicleta indo trabalhar no hotel, outras indo ao mercado, muitos avós e avôs indo buscar os netos na escola na companhia da bicicleta. Sem contar os mais aventureiros que viajam de bike.
Há pequenos grupos de holandeses, alemães, espanhóis e mesmo de portugueses (todos com mais de 50 ou 60 anos) que costumam pernoitar no centro da cidade como parte do roteiro que se inicia no Porto e, para os mais corajosos, pode terminar em Lisboa.
Ah, para quem não se sente seguro para se equilibrar nas magrelas, há um projeto muito interessante em algumas cidades de Portugal, o “Pedalar sem idade“.
E não é só pedalando que a gente se diverte por aqui. Caminhar é outra daquelas atividades que fazemos em Portugal com muito mais leveza e tranquilidade.
Ninguém vai pular no seu pescoço para roubar seu celular, por exemplo. Conhecer Portugal andando é um grande prazer. E nós, os velhinhos, estamos por todos os lados. E não falo apenas dos turistas. Os compromissos da rotina diária, principalmente nas cidades menores, podem ser encarados sem necessidade do carro. As distâncias são menores, é tudo perto.
Sem contar que eu não me canso de olhar encantado para a cidade onde moro, mantendo aquela sensação de quem está vendo pela primeira vez aquelas casas com fachadas azulejadas.
E no Porto, então? Quem desce lá da Universidade do Porto, passando pela livraria Lello, se deslumbrando com a estação São Bento, caminhando pela rua das Flores (com direito a um café com pastéis de nata), se perdendo nas vielas até chegar à ribeira do Douro vai cruzar pelo caminho com muita gente mais velha, andando sem preocupação com segurança, desfrutando as belezas da cidade (e pra descer, todo santo ajuda…).
É possível aproveitar Portugal de diversas formas
Portugal tem isso de bom. É tudo muito perto, o que também favorece as viagens curtas, muitas vezes de bate-e-volta no mesmo dia. Esses pequenos passeios fazem parte da nossa rotina e sempre vejo pessoas mais velhas nos parques que conheço, nos novos restaurantes que vou experimentar, nos centros históricos, nos museus.
Vale ressaltar que o preço dos combustíveis e dos pedágios (portagem, como fala-se aqui) não é dos mais baixos, o que também torna as viagens curtas mais vantajosas.
Cultura acessível por toda parte
Do ponto de vista cultural, as atrações são inversamente proporcionais ao tamanho do país. É incrível a quantidade de coisas que se pode fazer por aqui. E a maior parte das atividades tem preços reduzidos ou são gratuitas para os que tem pelo menos mais de 60 anos. Cidades como Lisboa e Porto reúnem os principais equipamentos culturais, é verdade, mas mesmo os concelhos menores possuem seus teatros, museus e centros de cultura.
Quem vem de uma cidade como São Paulo, como eu, sente um certo baque inicial. Mas aos poucos vai descobrindo todas as possibilidades que a cidade oferece. Os grandes shows e espetáculos não estarão, de modo geral, nos menores municípios. Mas nada que um passeio de comboio não resolva. Falo da minha própria experiência: já pegamos o trem para assistir a um concerto que queríamos muito em Lisboa e foi divertidíssimo.
Mas para não dizer que tudo é perfeito para nós, os mais velhos, outro dia resolvi que queria ser bombeiro voluntário. Fazia parte daquela ideia de abrir horizontes, de ter novas experiências. E sempre achei a profissão de bombeiro muito linda. Mas não deu. A idade máxima é de 45 anos.
Então, se pretende emigrar com mais de 50 anos, venha. Vai conseguir trabalhar, se divertir e ter uma vida mais segura e mais calma. Pode se divertir muito. Só não vai conseguir é ser bombeiro.
By Marcos Freireé jornalista e vive com a família em Ovar há 5 anos.