DESLIGAR PARA CONTINUAR LIGADA…

Há pouco recebi um e-mail de uma amiga, blogueira de viagens, avisando que estava seguindo para o Amazonas e que estaria desligada das redes sociais por alguns dias, por falta de sinal, mas também para se “reconectar, limpar, repensar, revisar, enxergar, escutar, observar, entender… simplesmente pensar ou simplesmente deixar de pensar!”

Ela está indo longe para isso. Faz parte da vida dela e do propósito que busca. Viajou para ganhar uma experiência de vida e na volta  dividir conosco o que viu e o que passou. Não que Amazonas seja tão distante assim, para quem, como ela, já viajou o mundo todo. Estar distante nesse caso é a separação física e mental que todos precisamos para, como ela mencionou, nos reconectarmos, repensarmos, observarmos e entendermos. E, este foi o mote para o texto de hoje.

Algumas pessoas se aproveitam do autoconhecimento. Reconhecem quando necessitam reformular suas rotas; redefinir seu rumo, seja por alterações bruscas ou tomada de decisões bem pensada, pesada e analisada.

Outras partem para este reencontro após uma crise grave. Crises de relacionamento, doença ou morte de alguém próximo mexem com o íntimo tão profundamente que é necessário chafurdar na lama por um período para então ressurgir como uma for de lótus. O luto da situação mesclado ao renascimento próprio.

Outras ainda são levadas pelo acaso, como se ao se olharem no espelho vissem refletido um nada – a não imagem, e a partir de então, percebem a necessidade de se reconstruírem.

Pontos em comum desta busca? Desligamento do corpo e da mente da superficialidade. Afastamento de energia negativa – seja de pessoas, objetos e pensamentos. Introspecção.

É uma tomada de decisão para uma longa e profunda viagem interna. Conhecer mais detalhadamente seu próprio pensamento; repensar suas ações/reações; revisar comportamentos; destruir crenças ou tomar decisões. Ter seu momento de epifania.

Qual é este tempo? Cada um determina o seu. Pode ser uma tarde sozinha em casa – sem televisão, internet, filhos, marido, cachorro e papagaio – apenas com foco: repensar a própria história, a própria vida. Rever os caminhos trilhados e traçar novas rotas. Mergulhar no mais fundo do próprio ser para se ‘re-conhecer’.

O importante, nesse momento, é não ter obrigação de atender quem quer que seja,  a não ser os próprios desejos. Não dar satisfação, atenção ou ouvir o que não seja seu próprio coração e sua intuição. Dar-se  o tempo necessário para observar o entorno com atenção, reconhecendo sinais, absorvendo seu sentido.

E se uma tarde não for o suficiente e não dispuser mais tempo deste afastamento, permitir-se um tempo diariamente para, em tranquilidade, fechar os olhos e respirar, lenta e pausadamente, em estado meditativo, com intenção e atenção voltadas apenas a si própria. E, a partir dai prestar atenção aos sinais do Universo.

Perceba-se. Reconstrua-se. Reaprenda. Permita-se desligar para continuar ligada.

*Publicado em 19.06.18 no site osegredo.com.br – Desligar para continuar ligada

MULHER…

Eu sou aquela mulher
a quem o tempo muito ensinou.
Ensinou a amar a vida
e não desistir da luta,
recomeçar na derrota,
renunciar a palavras
e pensamentos negativos.
Acreditar nos valores humanos
e ser otimista.

Tenho este mesmo sentimento que Cora Coralina descreve neste texto.

ASSIM EU VEJO A VIDA…

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

By Cora Coralina

METAMORFOSE.

É que por enquanto a metarmofose de mim em mim mesma não faz sentido. É uma metamorfose em que eu perco tudo o que tinha, e o que sou. E agora o que sou? Sou: estar de pé diante de um susto. Sou: o que vi. Não entendo e tenho medo de entender, o material do mundo me assusta, com seus planetas e baratas.

By Clarice Lispector

SILENCIE…

Tire ao menos dez minutos de seu dia e silencie.

Sente-se comodamente e silencie suas mãos que vivem a tamborilar nos móveis, os braços das poltronas, a mesa durante a refeição. Coloque-as lentamente no colo, palmas tocando as pernas, esquecidas.

Silencie seus pés. Sossegue aquele balançar incessante de pés e pernas  que incomodam os que te rodeiam, como se a casa pulasse junto a cada movimento. Pouse os pés lentamente  no chão, sentindo a friagem do solo atravessar seu corpo. E assim permaneça.

Silencie seu pulmão. Pare de ofegar como quando  assiste à televisão; pare de suspirar como se carregasse o mundo nas costas. Acalme-se. Simplesmente respire. Respire pelo nariz silenciosamente, prestando atenção ao ar que entra e que sai em movimentos ritmados, leves e constantes.

Silencie seu coração. Desafogue as mágoas, as expectativas, o pulsar descompassado. Preste atenção ao tum tum contínuo e tranquilo. Sinta os batimentos, não apenas saber que o coração bate. Tenha consciência da velocidade de seu movimento. Apreenda este compasso.

Silencie sua garganta. Esqueça os pigarros, os ramrans barulhentos e incômodos. Permita que ela se acalme durante este tempo, para que o fluxo interno da respiração aconteça como em uma criança dormindo  suavemente.

Silencie sua língua, ferina ou não. Deixe-a dormente na boca. Deixe-a sem palavras.

Silencie seus ouvidos. Reconheça inicialmente  a hora do dia na cidade pelo ruído incessante dos motores, campainhas, conversas das pessoas ao seu redor.  Agora vá deixando essas sensações  distantes. Permita-se ouvir o som do silêncio e reconhecer  a natureza ao seu redor através do canto longínquo dos pássaros. Reconhecer as estações do ano pelo canto dos grilos, das cigarras ou dos sapos. Ou ainda, somente ouça o vento.

Silencie suas narinas. Descanse da respiração pesada do dia a adia. Deixe que elas sejam apenas o canal que leva e traz vida através da sua respiração. Silencie sua afobação.

Silencie seus olhos. Dê um descanso consciente a eles. Feche-os pelo espaço de tempo deste seu silêncio. E, permita que as percepções auditivas, sensoriais e emocionais aflorem neste instante. Silencie sua busca de foco de luz. Simplesmente olhe para o seu interior.

Por último silencie a mente. Deixe seus pensamentos livres para chegarem e passarem. Para não mais importunarem você. Não é parar de pensar, é simplesmente não se apegar a nenhum pensamento. Como folhas ao vento deixa-los chegar, passar e seguir sem destino certo.

E, com os olhos fechados, boca calada, respiração compassada, coração aquietado, membros acalmados e mente silente, perceba a explosão interna.

Perceba as respostas para todas suas buscas.  Perceba a paz do entendimento. Perceba a pequenez de suas vontades. Perceba a grandeza de sua existência.

Perceba a presença da energia cósmica dentro de você, e mais que isso, que a abundância desta sensação se dará sempre neste momento de introspecção e total silêncio.

*Publicado no site 0segredo.com.br em 31/01/2017 – silencie – by Gicapinica

VIVER SEM MEDO DE SER FELIZ…

Viver e não ter a vergonha de ser feliz/ Cantar e cantar e cantar / A beleza de ser
um eterno aprendiz…” Será que existe quem não cante junto quando escuta este “hino” do Gonzaguinha?

Eu não consigo e penso que se tal pessoa existe, no mínimo, os pés dela se movimentam no ritmo da música, escondidos embaixo da mesa.

O que é ser feliz? Talvez não consigamos definir o que é ‘ser feliz’. Felicidade e ser feliz são conceitos que mudam de pessoa para pessoa; variam no tempo, espaço, cultura e com a idade. Entretanto, em qualquer destas situações, sabemos diferenciar felicidade da infelicidade.

Penso que felicidade e ser/estar feliz são coisas distintas, mas resultantes da energia positiva interna de cada um. O externo contribui, mas não as determinam.

Aprendi com o tempo que cultivar alguns comportamentos auxilia a criar um entorno de energia positiva, e o resultado disso, felicidade interna. Não estou falando de dinheiro, riquezas e bens. A felicidade a que me refiro é de espírito, de alma, do coração.

Primeiro: deixar de ser urubu e ser águia. Não me alimentar de tristezas, carcaças e lixo alheio, ao contrário, voar alto e determinada. Buscar bons alimentos para o corpo e espírito. E sim, comer um x-tudo de vez em quando, pode ser a felicidade do dia – só para demonstrar o contexto.

Ser luz. Tentar perceber e me manter afastada de quem me suga energia, consome meu tempo e desrespeita meu dinheiro. Ao mesmo tempo, me exercitar para não ser eu quem suga energia, tempo e dinheiro alheios. Me permito sentir as dores e contragostos do dia-a-dia, mas não tolero permanecer a remoê-las e fazer disso objetivo de vida. Me proibi de escarafunchar notícias de desgraças que não me dizem respeito. Já dá muito trabalho cuidar da minha própria vida.

Procurar manter acesa a chama do amor-próprio como quando me preparei para meu primeiro encontro amoroso. Ver o meu melhor refletido no espelho. Ter o olhar confiante ainda que no rosto amarrotado, sem, no entanto, esquecer jamais do meu perfume.

Buscar respeitar a natureza e através dela perceber as estações e a normalidade do ciclo da vida – nascimento, florescimento, ressecamento, reflorescimento, assim sucessivamente até murchar e morrer. Ciclos contínuos ou descontinuados, porém naturais.

Tentar oferecer meu ombro, ouvidos, meu coração e principalmente – meu tempo – a quem precisa. Poucas palavras, muito abraço e aconchego. Menos juiz, mais abrigo.

Pus nesta minha cartilha o hábito de tentar criar boas lembranças para quem convive comigo. Distribuir sorrisos e elogios sinceros como se fossem flores de um jardim. Tomara que o vaso de cristal onde tais flores serão expostas seja a memória de quem as recebe.

Sei que tenho dias em que estou azeda, virada para o mundo. Assim como não gosto de rabugice, reclamações, baixa autoestima e baixo astral alheios, ninguém tem obrigação de aguentar a minha. Nestes momentos o recolhimento é impositivo, e,  no meu cantinho trabalhar para buscar o lado positivo das experiências, por mais dolorosas que sejam.

Com um pouco disso acredito poder continuar cantando ou balanço os pés, terminando os lindos versos:
“Eu sei, eu sei/ Que a vida devia ser bem melhor e será/ Mas isso não impede
Que eu repita: É bonita, é bonita e é bonita”.

*Publicado no site osgredo.com.br em 27.07.18 – Energia positiva de cada um

PENSAR É TRANSGREDIR


Texto de Lya Luft que me encanta, leiam:

Não lembro em que momento percebi que viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos — para não morrermos soterrados na poeira da banalidade embora pareça que ainda estamos vivos.
Mas compreendi, num lampejo: então é isso, então é assim. Apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodada. Algumas vezes é preciso pegar o touro pelos chifres, mergulhar para depois ver o que acontece: porque a vida não tem de ser sorvida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar: isso aprendi muito cedo.
Apalpar, no nevoeiro de quem somos, algo que pareça uma essência: isso, mais ou menos, sou eu. Isso é o que eu queria ser, acredito ser, quero me tornar ou já fui. Muita inquietação por baixo das águas do cotidiano. Mais cômodo seria ficar com o travesseiro sobre a cabeça e adotar o lema reconfortante: “Parar pra pensar, nem pensar!”
O problema é que quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente da tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação.
Sem ter programado, a gente pára pra pensar.
Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para algum absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se.
Pensar pede audácia, pois refletir é transgredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto.
Somos demasiado frívolos: buscamos o atordoamento das mil distrações, corremos de um lado a outro achando que somos grandes cumpridores de tarefas. Quando o primeiro dever seria de vez em quando parar e analisar: quem a gente é, o que fazemos com a nossa vida, o tempo, os amores. E com as obrigações também, é claro, pois não temos sempre cinco anos de idade, quando a prioridade absoluta é dormir abraçado no urso de pelúcia e prosseguir, no sono, o sonho que afinal nessa idade ainda é a vida.
Mas pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar.
Compreender: somos inquilinos de algo bem maior do que o nosso pequeno segredo individual. É o poderoso ciclo da existência. Nele todos os desastres e toda a beleza têm significado como fases de um processo.
Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Nem compreenderemos que o prato das inevitáveis perdas pode pesar menos do que o dos possíveis ganhos.
Os ganhos ou os danos dependem da perspectiva e possibilidades de quem vai tecendo a sua história. O mundo em si não tem sentido sem o nosso olhar que lhe atribui identidade, sem o nosso pensamento que lhe confere alguma ordem.
Viver, como talvez morrer, é recriar-se: a vida não está aí apenas para ser suportada nem vivida, mas elaborada. Eventualmente reprogramada. Conscientemente executada. Muitas vezes, ousada.
Parece fácil: “escrever a respeito das coisas é fácil”, já me disseram. Eu sei. Mas não é preciso realizar nada de espetacular, nem desejar nada excepcional. Não é preciso nem mesmo ser brilhante, importante, admirado.
Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.

QUEM SOU EU…

Acabaram de me perguntar: Quem é você?

A primeira resposta soou como uma qualificação jurídica: Nome, estado civil, profissão, idade, filiação.

A cara de espanto de quem me perguntou me demonstrava que não era bem essa a resposta que ele esperava e calmamente me deu alguns minutos para eu refazê-la.

Pergunta cabulosa, pensei eu. Quem eu sou?

Sou tanta coisa e não sou nada. Sou a soma de muitas histórias, boas ou não, felizes ou dramas mexicanos. Sou o resultado de muitas verdades subtraindo inúmeras mentiras. Sou força multiplicada exponencialmente quando atingem os meus; a divisão entre corpo e mente ao assumir vários papéis.

Sou alguém que conheço há muito – aptidões e defeitos e, ao mesmo tempo, tão aberta a novas descobertas, que me percebo como uma verdadeira desconhecida de mim mesma.

Sou vela que se adequa ao vento dando nova direção, assim como sou o leme que determina o caminho a seguir.

Sou água que contorna obstáculos e, ao mesmo tempo, sou onda forte quebrando ao encontro do rochedo, esfacelando a pedra continuamente.

Sou grama que balança com a brisa. Sou flor que dura poucos dias. Sou espinho que fere precisamente quem não se cuida ao mexer em meus galhos. Sou pétala fácil de ser arrancada, assim como sou raiz que sustenta a estrutura firmemente ao chão.

Sou o devaneio da poesia. Sou dicionário na certeza da palavra.

Sou almofadas largadas enfeitando a cama. Sou a cabeceira que segura o móvel.

Sou cortina que esconde a luz, bem como a luz que a cortina esconde.

Sou tempestade de raios e trovoadas; sou o sol abrasador do meio-dia.

Num momento sou riso fácil, abraço quente, olhos inundados de lágrimas. Em outros, mão firme, olhar direto, impenetrável.

Sou carta de tarô facilmente decifrável ou mapa meteorológico tomado de surpresa com a entrada de uma frente fria imprevista.

Ele continuava a me olhar, entre intrigado e descrente de mim.

Ainda assim, não era a resposta que ele esperava?

Quem eu sou?

Como dizer –lhe que sou o que ele quer que eu seja? Que eu sou o reflexo do que ele me espelha?

O que hoje sou hoje, não define quem eu fui ontem, apenas constrói quem serei amanhã e ainda assim, incerto.

Fonte: Texto de Gicapinica em O Segredo. https://gicapinica.wordpress.com/2018/08/24/quem-eu-sou/

Sei que ao final, ainda sem concordar, ele pensou que seria mais fácil preencher os campos da folha em branco que segurava, com a qualificação inicialmente dada.

VIVER APESAR DE…

Clarice Lispector sempre me encanta com o texto: Viver… Apesar de…

Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi o apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.

A IDADE DE SER FELIZ!

Esta crônica de Geraldo Eustáquio de Souza (e Letícia Lanz) eu adoro. Me identifica muito. Leiam:



Existe somente uma idade para a gente ser feliz
somente uma época na vida de cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-los
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos

Uma só idade para a gente se encantar com a vida
e viver apaixonadamente
e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo nem culpa de sentir prazer

Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida
à nossa própria imagem e semelhança
e sorrir e cantar e brincar e dançar
e vestir-se com todas as cores
e entregar-se a todos os amores
experimentando a vida em todos os seus sabores
sem preconceito ou pudor

Tempo de entusiasmo e de coragem
em que todo desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda a disposição de tentar algo novo,
de novo e de novo, e quantas vezes for preciso

Essa idade, tão fugaz na vida da gente,
chama-se presente,
e tem apenas a duração do instante que passa …
… doce pássaro do aqui e agora
que quando se dá por ele já partiu para nunca mais!