
Tire ao menos dez minutos de seu dia e silencie.
Sente-se comodamente e silencie suas mãos que vivem a tamborilar nos móveis, os braços das poltronas, a mesa durante a refeição. Coloque-as lentamente no colo, palmas tocando as pernas, esquecidas.
Silencie seus pés. Sossegue aquele balançar incessante de pés e pernas que incomodam os que te rodeiam, como se a casa pulasse junto a cada movimento. Pouse os pés lentamente no chão, sentindo a friagem do solo atravessar seu corpo. E assim permaneça.
Silencie seu pulmão. Pare de ofegar como quando assiste à televisão; pare de suspirar como se carregasse o mundo nas costas. Acalme-se. Simplesmente respire. Respire pelo nariz silenciosamente, prestando atenção ao ar que entra e que sai em movimentos ritmados, leves e constantes.
Silencie seu coração. Desafogue as mágoas, as expectativas, o pulsar descompassado. Preste atenção ao tum tum contínuo e tranquilo. Sinta os batimentos, não apenas saber que o coração bate. Tenha consciência da velocidade de seu movimento. Apreenda este compasso.
Silencie sua garganta. Esqueça os pigarros, os ramrans barulhentos e incômodos. Permita que ela se acalme durante este tempo, para que o fluxo interno da respiração aconteça como em uma criança dormindo suavemente.
Silencie sua língua, ferina ou não. Deixe-a dormente na boca. Deixe-a sem palavras.
Silencie seus ouvidos. Reconheça inicialmente a hora do dia na cidade pelo ruído incessante dos motores, campainhas, conversas das pessoas ao seu redor. Agora vá deixando essas sensações distantes. Permita-se ouvir o som do silêncio e reconhecer a natureza ao seu redor através do canto longínquo dos pássaros. Reconhecer as estações do ano pelo canto dos grilos, das cigarras ou dos sapos. Ou ainda, somente ouça o vento.
Silencie suas narinas. Descanse da respiração pesada do dia a adia. Deixe que elas sejam apenas o canal que leva e traz vida através da sua respiração. Silencie sua afobação.
Silencie seus olhos. Dê um descanso consciente a eles. Feche-os pelo espaço de tempo deste seu silêncio. E, permita que as percepções auditivas, sensoriais e emocionais aflorem neste instante. Silencie sua busca de foco de luz. Simplesmente olhe para o seu interior.
Por último silencie a mente. Deixe seus pensamentos livres para chegarem e passarem. Para não mais importunarem você. Não é parar de pensar, é simplesmente não se apegar a nenhum pensamento. Como folhas ao vento deixa-los chegar, passar e seguir sem destino certo.

E, com os olhos fechados, boca calada, respiração compassada, coração aquietado, membros acalmados e mente silente, perceba a explosão interna.
Perceba as respostas para todas suas buscas. Perceba a paz do entendimento. Perceba a pequenez de suas vontades. Perceba a grandeza de sua existência.
Perceba a presença da energia cósmica dentro de você, e mais que isso, que a abundância desta sensação se dará sempre neste momento de introspecção e total silêncio.
*Publicado no site 0segredo.com.br em 31/01/2017 – silencie – by Gicapinica
Obrigada mais uma vez! Um abraço, Giana.
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Abraços Giana
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Essencial!
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Sim, os pés e os cotovelos falam, e assim é necessário um descanso. “Pensar dói” – está num dos meus livros.
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Valeu, Bia. Um abraço.
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Qual livro seu? Gostaria de ler. Obrigada pela visita Uaima. Abraços
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Bia, no romance UMMA está a frase, e já a usei várias vezes em posts no WORDPRESS. Meus livros seguiram esta trajetória: mandei imprimir em torno de 200 exemplares de quase todos eles. Assim é que os que tenho, são da Família. Resta-me publicar novos (já prontos), ou fazer uma segunda edição do livro de considerações sobre algumas letras do Clube da Esquina: “O Ar em Seu Estado Natural”.
LINK para uma postagem no WORDPRESS: https://uaima.wordpress.com/2022/07/07/serie-o-coracao-aberto-em-leque-1/
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Um abraço.
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[…] SILENCIE… […]
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